Shoppings criam nova dinâmica de desenvolvimento urbano
Centro de compras fomentam novas centralidades e atraem para seu entorno vários residenciais. Segundo urbanista, Goiânia adota o conceito de cidade policêntrica, com regiões que atendem às necessidades cotidianas de seus moradores
Cerca de 3,2 bilhões de pessoas no mundo moram em áreas urbanas, algo como 53% da população mundial, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Já no Brasil, conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 80% da população vive em zonas urbanas. Essa excessiva concentração de pessoas em espaços menores trouxe uma nova dinâmica de desenvolvimento das cidades.
De acordo com o arquiteto, urbanista e membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO), Paulo Renato de Moraes Alves, agora, a mobilidade urbana tornou-se o principal influenciador na escolha do endereço, portanto, se deslocar menos para realizar as atividades do seu dia dia é o objetivo da maioria das pessoas. Para ele, os grandes centros urbanos no Brasil, o que inclui Goiânia, já estão deixando o modelo monocêntrico de crescimento urbano, em que a expansão é a partir de uma região, e adotam o conceito de cidade policêntrica, ou seja, com várias centralidades que oferecem serviços necessários ao cotidiano de seus moradores, diminuindo a necessidade de deslocamento.
Paulo Renato revela ainda que a formação dessas novas centralidades pode acontecer de duas maneiras. “Espontânea é quando tudo vai girando em torno de um grande empreendimento, como por exemplo, um shopping. Já as centralidades planejadas são aquelas fomentadas pelo poder público ou por grande projetos privados de urbanismo que criam condições para oferta de empregos, moradia, serviços, comércio e lazer em um só lugar”, explica. Com 1,5 milhão de habitantes Goiânia possui vários exemplos de grandes centros de compras que deram origem a novas centralidades.
Pioneiro
O Shopping Flamboyant, o primeiro da capital, inaugurado no começo da década de 1980, iniciou tal tendência. Localizado na confluências dos setores Jardim Goiás e Alto da Glória, bairros com o metro quadrado mais valorizado de Goiânia, o shopping abriga ao seu redor inúmeros empreendimentos imobiliários de alto padrão e seu entorno foi ocupado por ampla rede de serviços, como hotéis, restaurantes, escritórios, consultórios e residenciais.
Na venda imobiliária, as ofertas acabam tendo uma saída mais rápida, afirmam os especialistas da área. Sócrates Diniz, gerente comercial do Grupo Elmo, por exemplo, conta que, ao lançar um residencial com dois e três quartos no último terreno de frente para shopping que havia na Rua Terezina, as vendas foram muito aceleradas: cerca de 70%. “Isso aconteceu pela localização, em frente ao Flamboyant, porque houve também um período grande sem lançamentos naquela região”, revela o gerente.
De olho
Segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Goiânia possui 14 centros de compras. De olho nessa nova dinâmica de desenvolvimento urbano, construtoras têm privilegiado a implantação de projetos próximos a shoppings. Segundo o especialista imobiliário e diretor da URBS Imobiliária, José Humberto Carvalho, os novos shoppings vêm recebendo uma rápida verticalização em seu entorno e isso gera uma valorização das casas e terrenos do entorno. “O valor aumenta de 10% a 20% a mais do que outras regiões convencionais”, informa.
O Passeio das Águas Shopping e do Cerrado Shopping, localizados, respectivamente, nas regiões Norte e Oeste, são exemplos de grande empreendimentos comerciais que estão criando novas centralidades em seu entorno. Com apenas cinco anos e meio, o Passeio das Águas já tem atraído lançamentos de residenciais como o Parque Gran Viena e o Gran Vitta, ambos da MRV Engenharia. O gestor executivo de vendas em Goiás da empresa, Fernando Salomão, revela que os clientes têm mais interesse nessas áreas. “As vendas são mais rápidas em comparação a outros condomínios que não estão perto de shoppings”.
Três lançamentos já ocorreram nas proximidades do Cerrado Shopping, após sua inauguração em abril de 2016. O mais recente é o Arvoredo Cerrado Parque, da FR Incorporadora. “A gente bateu o martelo ali por causa do shopping, o que também é um fator de decisão para o comprador”, José Humberto, diretor da URBS Imobiliária. Já o residencial Cerrado Family Home, da Tapajós Engenharia, está a 100 metros do local e foi sucesso em vendas. “Cerca de 70% dos apartamentos foram comercializados apenas no primeiro mês de vendas”, afirma a analista de marketing do empreendimento Lívia Luz.
Tudo junto
A Queiroz Silveira Incorporadora é uma das propulsoras dos empreendimentos mixed use na capital. O Lozandes Corporate Design, no Park Lozandes, entregue em 2016, e um dos primeiros do tipo lançados em Goiânia. O empreendimento é composto por três torres, duas comerciais e uma residencial, conectadas pelo térreo, ocupado pelo Lozandes Shopping. Tal estrutura ajudou a alavancar o interesse das pessoas pela região. “Tempo além de dinheiro é qualidade de vida. Então os mixed used tornam tudo mais ágil e simples, trazendo mais comodidade para a vida”, diz o diretor técnico da empresa, Rogério Queiroz.
Centralidade planejada
Há projetos urbanísticos que buscam criar sua própria centralidade. Na GO 020, saída para o município de Bela Vista, o Grupo Toctao está lançando o Plateau D’Or. O condomínio horizontal deve ocupar uma área superior a 180 mil m² e promete trazer uma estrutura urbanística que irá oferecer em um único lugar, comércio variado, serviços de educação, saúde e lazer. “Os condomínios horizontais que já existem naquela região normalmente contam com poucos serviços em suas imediações, obrigando seus moradores a percorrer trajetos mais longos diariamente. Para solucionar a questão, o projeto Plateau d’Or inclui uma centralidade de negócios, aberta ao público dos condomínios vizinhos”, explica o incorporador e diretor do grupo Toctao, Maurício Menezes. Segundo ele, a centralidade está sendo desenvolvida como um "hub humano" pautado em cinco pilares focados nas áreas educacional, saúde, serviços, comércio e cultura.
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