Cada morte no trânsito custa R$ 785 mil ao Brasil
Alysson Coimbra*
Cada morte decorrente de acidente de trânsito no Brasil custa, aos cofres públicos, R$ 785 mil. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA), os acidentes consomem R$ 50 bilhões por ano. Para um país em desenvolvimento, esse montante, que deixa de ser aplicado em áreas estratégicas, como saúde e educação, faz uma enorme diferença. O cálculo do IPEA avalia quanto é gasto com atendimentos pré-hospitalar; hospitalar; pós-hospitalar; perda de produção; danos materiais; processos e danos à propriedade pública e privada.
Esse gasto todo, que não leva em consideração o impacto social e previdenciário, pode ser reduzido se encararmos os acidentes como o grave problema de saúde pública que eles são. Todos os anos, mais de 42 mil pessoas morrem no Brasil e outras 235 mil ficam inválidas em decorrência da insegurança viária. Atender a toda essa demanda ocupa 60% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 50% das cirurgias de emergência no Sistema Único de Saúde (SUS).
Reduzir essas ocorrências permitiria que os brasileiros tivessem não só mais investimentos públicos, como também um melhor atendimento no SUS. E isso pode ser feito se o Brasil mantiver a análise criteriosa de médicos e psicólogos especialistas em Trânsito na realização dos exames para obtenção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Esses especialistas são os indicados e reconhecidos por seus respectivos conselhos profissionais médicos para avaliar a saúde dos motoristas. Um exame feito por quem realmente detém o conhecimento e a prática realiza o diagnóstico precoce de doenças, evitando mortes, já que estudos recentes feitos pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) comprovaram que os problemas de saúde causam a maior parte dos acidentes no Brasil.
Por isso as entidades médicas batalham pela reavaliação do veto presidencial ao artigo 147 do novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Este artigo define que as avaliações médicas e psicológicas tenham que ser elaboradas por especialistas em Trânsito, que são os profissionais certos para avaliar a aptidão e as condições de saúde dos motoristas e candidatos a motoristas.
Entendemos que as ações de governantes sempre buscam facilitar a vida dos cidadãos, mas precisamos garantir que essas ações não esbarrem em questões técnicas e de grande impacto aos cofres públicos, sem falar no bem mais precioso para todos, que é a vida.
*Alysson Coimbra é médico especialista em Medicina do Tráfego, diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA) e coordenador da Mobilização Nacional de Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito
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