Mais tempo para produzir e até recomeçar
Com avanço da expectativa de vida no Brasil, muitos profissionais que estavam fora do mercado estão voltando e até começando uma nova carreira. Em Goiânia, a imobiliária URBS RT Lançamentos Imobiliários lança programa que oferece oportunidade de trabalho para terceira idade
De acordo com a estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e expectativa média de vida do brasileiro chega aos 75 anos, para ambos o sexo. Estudos mostram que a longevidade no Brasil tem crescido a passos largos nos últimos anos. Conforme relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas com mais de 60 anos no país deverá crescer muito mais rápido do que a média internacional. Enquanto a quantidade de idosos deve duplicar no mundo até o ano de 2050, no Brasil essa parcela da população irá triplicar.
Além do mais, o brasileiro está vivendo melhor e com isso as pessoas passam a ter mais anos de uma vida ativa e produtiva. Conforme dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada no final do ano passado, mais de 900 mil idosos entraram na população ocupada do País, entre 2013 e 2014.
O grupo de trabalhadores com mais de 60 anos cresceu 12,6% em um ano, maior alta entre todas as faixas etárias. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação da terceira idade entre todos os empregados cresceu de 7,5%, em 2013, para 8,2% no ano passado.
Programa Veteranos
Algumas empresas já perceberam essa mudança no mercado de trabalho e querem arregimentar profissionais experientes que buscam um novo começo. A URBS RT Lançamentos Imobiliários, uma das maiores empresas do ramo em Goiás, com 40 anos de história, lançou desde o ano passado o Programa Veteranos da URBS RT, para atingir esse público da terceira idade.
“As pessoas que se encontram nessa a fase de vida ainda são ativas, querem ser produtivas e possuem a seu favor uma larga experiência que pode fazer a diferença no dia a dia dos negócios”, explica Ricardo Teixeira diretor da imobiliária. A empresa irá oferecer treinamento gratuito de uma semana com aulas teóricas e de campo. Quem se interessar pode acessar o site da URBS RT e se inscrever junto à área de recursos humanos da empresa, que fica no Setor Marista.
Exemplos dentro da empresa
O projeto nasceu da observação dos profissionais da melhor idade que já estão no mercado imobiliário. Um exemplo é o gaúcho Edson Borghetti, ou simplesmente Borghetti, como é mais conhecido entre os colegas corretores na URBS RT). Ao sair sozinho, com apenas 14 anos, da pequena cidade de Carazinho, no Rio Grande do Sul, o gaúcho, já demonstrava que não tinha medo de desafios. Hoje, com 68 anos, já aposentado, deixa claro que essa vontade de buscar novas oportunidades não diminuiu com tempo.
Desde 2012, Borghetti integra a equipe da URBS RT e talvez seu grande trunfo para ser um bom corretor seja seus mais de 40 anos de uma carreira profissional diversificada e rica em experiências. Aos 18 anos foi para São Paulo, onde por dois anos trabalhou na sede de uma multinacional; depois ouviu falar que Goiás era um celeiro de oportunidades, veio para cá e atuou como representante comercial de grandes multinacionais. Em 1974, foi convidado para trabalhar em Brasília, no Ministério da Agricultura e depois no Ministério da Fazenda. Vinte e seis anos depois, com a mudança de governo, deixou a capital federal e como tinha cidadania brasileira e italiana, viveu dois anos fora do País. Em seguida, voltou para Goiás, onde trabalhou por dez anos como gerente de vendas de um laboratório farmacêutico em Anapólis. Depois disso atuou como consultor em várias empresas até se aposentar.
O currículo de Borghetti aqui teve que ser bem resumido, mas já dá para notar que a pesada bagagem profissional deu a ele know how para iniciar uma nova carreira, mesmo depois de estar aposentado. “Na minha terra costuma se dizer que água parada dá bicho”, brinca. Aos 64 anos e com energia de sobra para trabalhar, Borghetti diz que sempre teve como meta na vida “fazer o que gosta”. “Ter esse contato com o público me faz muito bem e por isso resolvi abraçar essa nova oportunidade profissional”, diz.
Borghetti atua como como corretor de imóveis há apenas quatro anos, mas já dá conselhos e dicas com a convicção de quem tem uma experiência de vida longa e rica, e sabidamente, usa isso ao seu favor na hora de vender. “Eu sempre tive boas moradias ao longo da minha vida e isso me deu uma oportunidade de saber muito bem o que estou vendendo”, diz o corretor.
Outro conselho importante dado por Edson Borghetti, aos jovens e aos nem tão jovens assim, é ser verdadeiro e honesto consigo mesmo sempre, e passar essa atitude no atendimento ao cliente. “Para mim o cliente é mais importante que a própria venda em si. Tanto, que eu não deixo cliente meu comprar por ímpeto. Acho que a pessoa tem que comprar algo que vai fazê-la se sentir realizada. Então eu procuro não somente vender um imóvel, mas sobre tudo fidelizar um cliente. Por isso o meu marketing no trabalho são meus próprios clientes”, argumenta.
Nunca é tarde
Sobre sua carreira no mercado imobiliário, o corretor de lançamentos de alto padrão da URBS RT, Plínio César de Souza, de 59 anos, diz que se arrepende só de não ter começado antes. “Sempre quis trabalhar nessa área. Desde quando sai do banco em que trabalhei por 13 anos e onde eu era gerente da carteira de clientes de financiamento imobiliário. Mas acabei indo para outras áreas e atuei por anos como representante comercial. Porém, as vendas sempre estiveram na minha vida. Mas foi após meus 50 anos é que encontrei a profissão que realmente gosto. Sou corretor de imóveis e trabalho feliz, pois é o que gosto e sei fazer”, afirma Plínio César.
Mas mesmo achando que entrou tarde na profissão, Plínio diz que o tempo e a experiência de vida ajudam muito nesse trabalho. Segundo ele, ter passado por muitas crises e enfrentar as dificuldades da própria vida o deixou mais seguro, mais forte psicologicamente. “Eu vivi muitas crises econômicas, como aquela da época do Governo Sarney, em que a hiperinflação faliu o BNH (Banco Nacional de Habitação) que era o principal agente financiador do mercado imobiliário naquela época. Hoje vivemos uma crise sim, mas que não chegou a ser tão grave como outras porque hoje temos um sistema financeiro forte”, diz o corretor.
Plínio alega que com o tempo aprendeu a ser mais disciplinado, comprometido e a ter foco. “Em qualquer seguimento de vendas se você não tiver disciplina e foco, não vai! E o tempo”, aconselho o veterano.
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