No escritório ou no home office: as habilidades e competências para liderar times em diferentes contextos
*Tavane Gurdos, Diretora Geral da Alura + FIAP Para Empresas
O debate sobre as transformações no ambiente de trabalho tem se tornado cada vez mais presente nas organizações. Com a volta de muitas empresas ao escritório, a permanência de times totalmente remotos e a adoção de modelos híbridos, os líderes enfrentam o desafio de adaptar suas estratégias para garantir a coesão e a produtividade das equipes.
A modalidade híbrida, por exemplo, já faz parte da rotina de quase metade das empresas do país. De acordo com a pesquisa “O Cenário do RH no Brasil”, realizada pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil) em parceria com a Umanni, 46,2% das companhias já adotaram esse formato.
Isso não quer dizer que exista um modelo de trabalho ideal que se aplique universalmente para todas as empresas. A escolha entre os regimes híbrido, remoto ou presencial depende de diversos fatores, como a cultura organizacional. Cada equipe tem uma dinâmica própria, por isso, é essencial que as organizações avaliem suas particularidades e considerem os impactos de cada modelo antes de definir a melhor abordagem.
A decisão sobre o modelo de trabalho não é simples e, quando ela passa por mudanças, os desafios para as lideranças se tornam ainda maiores. Ter flexibilidade para ajustar esse formato é indispensável para equilibrar eficiência, engajamento e satisfação das equipes.
Criando conexões
Um dos maiores desafios para as lideranças é manter a conexão com e entre as equipes. Apesar das particularidades do mundo virtual, é possível se adaptar a essa realidade. Com as estratégias certas, os líderes podem fortalecer os laços e promover um ambiente colaborativo, independentemente do modelo de trabalho adotado.
A criação de rituais é um exemplo claro de como a liderança pode impactar positivamente a cultura, impulsionar o desempenho e acompanhar os resultados da equipe. No ambiente remoto ou híbrido, interações informais como conversas de corredor ou cafés podem não acontecer naturalmente, mas os líderes têm o poder de criar momentos intencionais e significativos. Com iniciativas criativas, é possível promover conexões genuínas e reforçar o senso de pertencimento no time.
A conexão é um elemento essencial para o alto desempenho de uma equipe. Quando as relações são autênticas, a distância geográfica deixa de ser uma barreira. Profissionais, mesmo em diferentes países, podem criar laços sólidos e significativos, colaborar de forma eficiente e desenvolver grandes projetos alcançando resultados excepcionais para as empresas. A verdadeira conexão transcende as fronteiras físicas, tornando-se um pilar crucial para fortalecer a cultura organizacional e potencializar o trabalho em equipe.
Comunicação clara e transparente
Um aspecto fundamental para construir conexões genuínas é a comunicação. Cabe às lideranças criar espaços para um diálogo aberto e transparente, garantindo que as expectativas sejam alinhadas e os acordos bem definidos. Quando a comunicação é clara e consistente, a confiança se fortalece, tornando as equipes mais engajadas e colaborativas.
Não se trata apenas do que a liderança diz, mas do que a outra pessoa realmente entende. No contexto de times híbridos, muitas vezes esse detalhe não recebe a devida atenção. No entanto, é importante que os líderes verifiquem se estão conseguindo se comunicar de maneira eficaz, especialmente quando a audiência está dividida entre remota e presencial. Garantir que todos recebam a mesma informação e possam participar ativamente das interações é essencial para manter a coesão e o engajamento do time.
Uma comunicação clara e objetiva é importante para assegurar que todos compreendam as metas impostas, as prioridades e os prazos, minimizando mal-entendidos e retrabalho. O alinhamento constante de ideias e as trocas diárias, que vão além das reuniões formais, fazem toda a diferença. Utilizar canais de comunicação adequados para cada tipo de mensagem, além de manter a equipe atualizada por meio de check-ins periódicos ou compartilhamento de status, contribui para criar um ambiente de confiança, previsibilidade e bem-estar. Isso não só otimiza os processos, mas também fortalece o relacionamento com os colaboradores.
Escuta ativa
Para que uma equipe compreenda claramente as mensagens transmitidas, o líder precisa conhecer bem seus profissionais, o que exige a prática da escuta ativa. Saber ouvir, entender a importância de ouvir e como ouvir são algumas das principais habilidades para as boas lideranças na atualidade, em qualquer modelo de trabalho que estejam inseridas.
Não se trata de esperar que as equipes tragam problemas a serem resolvidos, mas sim de estar atento aos detalhes e tomar a iniciativa de compreender as necessidades, preocupações e ideias dos membros do time. As equipes sempre dão sinais, sejam de satisfação, insatisfação, engajamento ou produtividade. O líder precisa ter atenção plena e um interesse genuíno. Isso só acontece quando estamos verdadeiramente presentes no momento de conversas e alinhamentos, percebendo as sutilezas e respondendo de forma empática e proativa.
Se a liderança perceber que a equipe remota sente falta de interações mais próximas, pode adotar estratégias para fortalecer esses laços. Uma opção é promover encontros presenciais periódicos, proporcionando momentos de convivência e alinhamento. Outra alternativa é estruturar interações virtuais mais significativas, como reuniões informais, sessões de troca de ideias ou dinâmicas de integração. O importante é criar espaços intencionais para conexão, garantindo que todos se sintam parte do time, independentemente da distância. Estar atento aos detalhes é uma competência valiosa e um diferencial para uma liderança eficaz.
Visão do todo
Recentemente, ouvi uma frase que me marcou: “O que é esperado de nós é formado por um conjunto de ações e iniciativas que temos que exercer”. Liderar é sobre ter uma visão ampla e estratégica de como gerar impacto nas organizações por meio das equipes, entendendo o que é importante para cada um, compreendendo necessidades, desafios e motivações. Uma liderança eficaz vai além de tarefas e resultados; ela é construída sobre a capacidade de se conectar com as pessoas, inspirando e alinhando esforços para um propósito comum.
Algumas iniciativas exigem foco e atenção individual, enquanto outras dependem de colaboração, engajamento e trocas constantes. A própria capacidade de adaptação do líder se fortalece à medida que compreende essa dinâmica. O ambiente de trabalho está em constante evolução, e os modelos adotados hoje podem não ser os mais eficazes amanhã. Por isso, é fundamental que a liderança esteja sempre atenta às mudanças e pronta para ajustar as estratégias conforme necessário, garantindo que a equipe se mantenha alinhada e motivada frente aos novos desafios.
Tecnologias emergentes, mudanças no comportamento dos profissionais e novas dinâmicas de mercado influenciam diretamente a forma como as equipes operam. Nesse contexto, a flexibilidade das lideranças em ajustar processos, experimentar novas abordagens e ouvir as necessidades dos times é necessária para mantê-los engajados e produtivos.
Ao cultivar essa cultura, as organizações não apenas acompanham as transformações do mercado, mas também se tornam mais resilientes e preparadas para os desafios que o futuro reserva. Líderes que promovem esse equilíbrio são capazes de criar equipes mais engajadas, adaptáveis e motivadas a gerar impacto real e duradouro. Assim, as empresas não só se mantêm competitivas, mas também constroem um ambiente de trabalho mais saudável, inovador e alinhado com as necessidades do mercado.
*Tavane Gurdos é Diretora Geral da Alura + FIAP Para Empresas, soluções de educação corporativa que apoiam organizações de todos os tamanhos e segmentos na transformação de carreiras e negócios.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>