Pesquisadores debatem com representantes do mercado sobre Seguro Cibernético
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Evento dá continuidade a realização de mesas-redondas sobre temas relevantes para o setor de seguros e resseguros no Brasil
Pesquisadores da Fundação Getulio Vargas se reuniram com representantes do mercado de seguros e resseguros para debater sobre Seguro Cibernético, em mais uma mesa-redonda organizada pelo Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros (FGV IISR). O evento ocorreu no dia 4 de dezembro, no Salão Nobre da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), com mediação do professor Eugenio Montoro.
O professor da FGV EAESP, Eduardo Rezende, ressaltou na abertura do evento que o Departamento de Tecnologia e Data Science, que conta com 37 pesquisadores, é o segundo maior departamento da FGV EAESP e possui a Inteligência Artificial como um dos temas mais estratégicos. Em seguida, o professor Aldy Silva destacou que a Fundação criou o FGV IISR para debater sobre a área de seguros em diversos segmentos e alertou para a carência de dados acerca do Seguro Cibernético.
“Quando falamos neste tema, temos uma certa dificuldade em obtenção de dados. No Brasil, em 2022, tivemos um volume de R$ 174 milhões de prêmios emitidos em seguros cibernéticos, em efeito de comparação nos EUA esse valor foi de 9,7 bilhões de dólares. Então, diante dessa diferença muito grande, há o desafio de tentar trazer para o mercado os professores que pesquisam esse tema, a fim de debater como melhorar esse cenário”, introduziu Silva.
A primeira apresentação da mesa-redonda ficou por conta da Sócia de Digital, Dados e Inteligência Artificial no Machado Meyer, Juliana Abrusi, que dialogou sobre os desafios da cibersegurança e o Seguro Cibernético. De acordo com Abrusi, ataques ransomware apresentaram crescimento de 51% na América Latina. Além disso, o custo médio de uma violação de dados em 2024 é de 4,88 milhões de dólares.
“O Brasil é o 16º país mais caro para ocorrer violação de dados. Temos uma situação bastante importante que não pode passar despercebida que é como o Brasil é despreparado em termos de capacitação, pois temos apenas dois cursos de graduação em cibersegurança no país, e que são bastante recentes. Há então uma necessidade de capacitação e também o fenômeno da fuga dos cérebros, no qual alunos e pesquisadores dessa área vão para o mercado estrangeiro que oferecem melhores oportunidades. Somente no Brasil, a demanda atual é de aproximadamente 750 mil especialistas na área e esse número não é preenchido com consistência”, explicou Abrusi, que apresentou o Conselho Nacional de Cibersegurança, cujo objetivo é desenvolver a Política Nacional de Cibersegurança, e a Estratégia Ciber de 2025/2027.
Em seguida, o Sócio de Segurança Cibernética e Privacidade na PwC Brasil, Fernando Mitre, introduziu a estrutura e o trabalho da empresa, e apresentou os dados da Pesquisa Global Digital Trust Insights 2025. Este é o 27º ano da pesquisa, que conta com a participação de mais de 4 mil executivos no mundo, configurando a maior e mais longeva pesquisa do mercado de cibersegurança.
“Muito raramente a gente vê o seguro cibernético presente nas empresas ou sendo acionado de forma devida quando ocorre um incidente de grande proporção, seja vazamento de dados ou outra indisponibilidade importante”, disse Mitre. Para o Sócio da PwC Brasil, os riscos cibernéticos de privacidade têm se expandido, assim como a superfície de ataque.
“Temos notado que, cada vez menos, os invasores tem invadido um sistema para destruí-lo, o foco é em invadir para se estabelecer e conseguir vazar dados. Quanto mais tempo eles conseguem manter esse fluxo de vazamento de dados, mais eles conseguem monetizar essas informações”, explicou.
André Leão da Marsh Brasil, tomou a palavra após Fernando Mitre, e apresentou um histórico de regulação da Susep para este tipo de seguros, o histórico de preços, e como está a situação atual deste mercado.
Na sequência, o pesquisador da Escola de Direito de São Paulo (FGV Direito SP), Alexandre Pacheco, começou sua apresentação definindo o Seguro Cibernético como modalidade de seguro que visa proteger empresas e indivíduos contra riscos financeiros decorrentes de incidentes relacionados à segurança cibernética, o que inclui ataques cibernéticos, vazamento de dados, interrupção de serviços digitais, roubo de informações confidenciais, etc.
Pacheco exemplificou os tipos de perda que podem surgir com os riscos cibernéticos como a interrupção de negócios e ativos digitais, e alertou para o desafio da quantificação.
“Nosso primeiro desafio é a ausência de um histórico consistente de incidentes. Não temos um mapeamento de décadas de incidentes de segurança para entender como ocorre, porquê ocorreram, quem foram os afetados, quais os danos a longo prazo, etc.”.
A última apresentação ficou por conta do Consultor em Segurança da Informação, Gestão da Privacidade e Gestão de Risco, Rafael Batista, que antes de abrir a rodada de debates, trouxe reflexões e outros dados sobre Seguro Cibernético.
“Dados da KPMG demonstram que 70% dos executivos brasileiros entendem que segurança cibernética é uma vantagem competitiva e entendem que precisam reforçar a segurança cibernética das suas organizações”, disse Batista, que também é professor do MBA em Cibersegurança da FGV.
Com o fim das apresentações, os convidados debateram sobre o tema, com foco em como promover a oferta de seguros cibernéticos no Brasil. Também participaram do debate José Fontes, da AIG; Adriano Carneiro, da Mattos Filho; Amanda Martins, da DELL; Icaro Leite, da B3; Bruno Freire, da Austral Re; Klaus Bareta, da Swiss Re; e Ilan Goldberg, professor da FGV.
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