Inovação aberta: quatro passos para uma corporação criar um CVC
Por Guilherme Skaf Amorim, Head of Innovation Services da Wayra Brasil*
No Brasil, o mercado de CVC (Corporate Venture Capital) tem crescido significativamente nos últimos anos, refletindo o interesse das corporações em se envolverem com o ecossistema de startups e inovação. Dados do Global Corporate Venturing Institute, revelam que o Brasil tem mais de 80 fundos de corporate venture capital ativos, sendo 75% deles criados nos últimos quatro anos, percentual maior do que a média global, que gira em torno de 40%. Isso porque as corporações brasileiras têm investido em uma variedade de setores e muitas optam por colaborar com aceleradoras ou fundos de venture capital para acessar oportunidades de investimento e compartilhar conhecimento de mercado.
Investir na criação de um CVC, é uma forma para as corporações terem acesso mais rápido a tecnologias inovadoras, talentos e insights de mercado, ao mesmo tempo em que fornecem às startups financiamento, expertise e potenciais parcerias estratégicas. Outro ponto relevante é que o CVC é um recurso para apoiar as empresas de tecnologia a crescerem mais rapidamente e a acessarem recursos que de outra forma não teriam, enquanto permitem que as corporações se mantenham à frente das tendências do setor e que potencialmente podem se tornar disruptivas em seus próprios mercados.
Para que a tese das companhias tenha sucesso, é preciso considerar alguns pontos estratégicos. O primeiro deles é alinhar o veículo aos objetivos de longo prazo da empresa, complementando sua estratégia de inovação e crescimento. É preciso identificar os setores e tecnologias-chave nos quais a empresa deseja investir e estabelecer metas claras como retorno financeiro, acesso a novas tecnologias ou desenvolvimento de parcerias estratégicas.
Determinar a estrutura e governança do CVC, incluindo tamanho do fundo, equipe dedicada, processo de tomada de decisão e integração com a empresa-mãe, também é fundamental. Para muitas corporações, esse processo é mais moroso por não saberem por onde começar, por isso muitas empresas têm contratado o serviço de CVC as A Service com empresas que já têm uma trajetória neste segmento, para abrirem caminhos para a inovação aberta.
Outra característica relevante para o avanço da iniciativa é a capacidade de execução ágil e eficiente, aproveitando oportunidades de mercado e respondendo às mudanças no cenário competitivo. Testes com Provas de Conceito, por exemplo, são uma boa forma de retirar impedimentos para a inovação acontecer e para isso, é de extrema importância a busca por parcerias estratégicas com outras empresas de venture capital, aceleradoras, universidades ou instituições de pesquisa para aumentar o acesso a oportunidades de investimento e compartilhar conhecimento e recursos.
Por fim, é preciso oferecer suporte e recursos adicionais além do financiamento, como mentoria, acesso a redes de contatos, desenvolvimento de negócios e recursos de marketing às startups, como forma de agregar valor. Ao considerar esses pontos estratégicos, as corporações podem criar um CVC bem sucedido que impulsione a inovação, promova o crescimento e gere retornos sólidos ao mesmo tempo em que fortaleça sua posição competitiva no mercado.
*Guilherme Amorim é Head of Innovation Services da Wayra Brasil, CVC da Vivo/Telefónica, liderando a frente de negócios da organização junto a parceiros estratégicos do grupo, desde 2020. Especialista na jornada de Go to Market de empresas de tecnologia, Guilherme tem quase duas décadas de experiência na construção de estratégias para produtos, serviços e vendas internacionais. Foi gestor do Programa Brasil IT+, do Governo Federal, de fomento à internacionalização de startups, entre 2013 a 2020. Também liderou atividades de pesquisa e análises de inteligência de mercado para a Motorola Mobility e atuou em captação de investimentos e fusões e aquisições em consultoria de M&A. Foi analista de mercado independente do Euromonitor e Membro do Fórum permanente de Micro e Pequenas empresas do Ministério da Economia. O executivo é Pós-Graduado em Negócios Internacionais pela Universidade Mackenzie, especialização em Economia, pela Fundação Getúlio Vargas, em Fusões e Aquisições e Private Equity & Venture Capital, pelo INSPER.
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