Mulheres persistem na ocupação do turismo e dos negócios
Por Tahiana D’Egmont, CMO da Maxmilhas
Lembro até hoje da minha primeira viagem de avião. Para mim aquilo era uma experiência definitivamente mágica: "como a mala entra por um lado e sai em outro lugar?", perguntei a um tio meu, impressionada com a esteira que levava as bagagens. A viagem foi paga por uma tia minha, que morava em Recife, para que eu fosse visitá-la."Um dia quero ser uma dessas pessoas que pegam voos a trabalho com frequência", pensei. E isso aconteceu. As viagens moldaram minha vida, e minha carreira.
Não fosse um período mais longo visitando outra tia nos EUA, em 2001, e um curso de "webmaster" feito por lá, talvez eu não tivesse me aprofundado tanto no mundo digital. Tive a sorte de trabalhar nos primórdios da Internet no Brasil desde então.
Entre 2008 e 2010 viagens para a China permitiram o sucesso do que veio a ser o jogo Colheita Feliz, um hit do Orkut, parte de outra empresa que fundei e liderei no Brasil. Ainda em 2010, as conexões com o Vale do Silício estreitaram, por meio do Tech Mission, um programa criado na época pela Bedy Yang, hoje Managing Partner da 500 Global, e consegui me enxergar mais como empreendedora e líder feminina em meio à tecnologia.
Por um bom período de tempo eu não identificava dificuldade em ser mulher em um meio tão masculino quanto o de empreendedorismo em startups e empresas de base tecnológica. Mas os desafios existem e, por mais que já tenha havido algum avanço, sempre há trabalho a fazer. Minha resposta ao descrédito inicial por ser mulher sempre foi trabalhar mais. Hoje entendo que trabalhar mais é sim uma alternativa, mas que podemos e devemos também reivindicar nosso espaço, como iguais.
As viagens também me ajudaram a enxergar essas possibilidades e políticas de incentivo possíveis. Uma das minhas inspirações foi ver o impacto de mulheres investidoras no Vale do Silício e poder, também, investir em startups fundadas por outras mulheres.
Tenho orgulho de hoje sermos na Maxmilhas quatro mulheres, do total de cinco maiores lideranças da empresa. Quando me juntei à empresa, em 2017, menos mulheres ocupavam lideranças, e menos mulheres viajavam sozinhas. Acompanhei as tendências de viagem femininas ao longo desses anos e um processo similar de ocupação de espaço vem acontecendo no setor de turismo: as mulheres viajam cada vez mais, acompanhadas ou não. Considerando o poder transformador das viagens, é de se esperar que o efeito seja de mais inovação e mais conquistas a partir desse processo.
Fico feliz quando vejo mulheres desbravando o Brasil, o mundo e a liderança das empresas. Não deveria ser diferente. Mas na prática ainda precisamos buscar formas de nos sentirmos seguras tanto nas viagens quanto em nossas carreiras. Iniciativas empreendedoras como a GirlsGo, que promove viagens para mulheres, e a Sisterwave, que conecta viajantes mulheres com anfitriãs são super bem-vindas e tem impacto múltiplo, já que transformam o turismo ao mesmo tempo em que mudam a cara dos negócios.
Perceber também que essa não é uma jornada solitária, na vida e nos negócios, e ver outras mulheres sonhadoras, assim como eu, alçando voos para ocupar lugares significativos me faz acreditar na possibilidade de um mundo mais igualitário e justo. Ainda há um longo caminho a ser percorrido e, mesmo que árduo, é bom ver que estamos construindo uma transformação que beneficiará muitas outras mulheres no futuro.
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