Série 4: O Pai é nosso, o pão é nosso, mas o Reino não é nosso!

A responsabilidade sobre o serviço prestado será cobrada no Reino que não é nosso. O talento dado também será solicitado em prol daqueles que Ele dimensionou. Especialmente o talento desperdiçado. No texto acima, o mau servo maltratava os conservos. Em seguida, ele comia e bebia com os bêbados. Finalmente, o servo se encontrou com o Senhor. Contudo, seu destino estava selado e não podia ser outro, apesar do servo não acreditar que isso pudesse acontecer. Ele, o servo, escolheu seu caminho e dele não se apartou jamais. Entretanto, a vida dele foi de honra e de glória até o fim, mas seu senhor demonstrou que é mais duro que o servo pode ser.

Hiperbolicamente, em outro caso fictício, que nada tem a ver com o nosso cotidiano, ou mesmo a nossa realidade, e se houver qualquer semelhança com o fictício conto aqui, será por puro casuísmo ou coincidência, e que foi baseado no texto acima, descrito por Jesus:

“Em um país chamado Descontrole, certo homem talentoso havia crescido no serviço por seus talentos dadivosos e demonstrava ser uma linda e grande árvore que dava sombra para a população no calor, e um riacho de águas cristalinas para aplacar a sede dos moradores da região. Quem o via, colocava a mão na boca em sinal de respeito e se curvava ao grande nobre. O Senhor de todos nós, assim, dera a ele os mais brilhantes dons para exercer seu cargo, e de ouro e diamantes havia carregado seus vestidos oficiais. Ele era um querubim ungido para proteger seus conservos. Entretanto, depois de certo tempo, não reconhecia mais que os dons eram doados e, batendo no peito, declarava seu vigor e seus dotes como vindos de si.

Ele era festejado. Onde andava ou aparecia, acredite, as trombetas tocavam. Seus postos oficiais cresciam, e ele já não enxergava nem mesmo a própria família sedenta de um pouco de tempo, que ele já não dispunha mais. De noite em noite, sua amada esposa desapareceu na penúria e na dor. Humilhada pela namorada que ele já não tinha vergonha de circular em lugares públicos, a vista de todos, sucumbiu em suas lágrimas e pesadelos mais horríveis.

Aquele homem sabia o que estava fazendo. Seus dias eram longos, tenebrosos, e muito remorso acometia o servo do Senhor, que era O dono do Reino. Ele, o chefe de servos, que também deveria ser um servo, tinha tudo o que a aparência exigia, mas faltava-lhe a paz que excede todo o entendimento.

Certo dia, o Senhor daquele servo voltou e encontrou os demais servos sofrendo a angústia e a rudeza daquele chefe de servos, talentoso, na Sua própria casa, comendo, acredite, as próprias ovelhas que o Senhor deu para ele cuidar, como se ele mesmo fosse o próprio senhor das ovelhas ou dos conservos. Pois, na realidade, aquele talentoso homem fazia dos conservos do Senhor os seus próprios escravos e das ovelhas ele se alimentava todos os dias.

Certa vez, Davi, o segundo rei de Israel, resolveu em seu coração agir como um servo infiel. Ele tinha tudo o que desejava em seu coração, mas resolveu ter a mulher de um fiel conservo do Senhor. A traição aconteceu, e a mulher do outro homem ficou grávida dele, Davi. Porém, em Israel, a pena para a traição no casamento era a morte. Davi sabia disso, mas ele era o rei de Israel e estava acima de todos os homens. Nisto, mandou chamar o marido dela, בת שבע - Batsheva ou Bateseba, tentou usar de um esquema para fazer o marido voltar da guerra, e para casa, e se deitar com a própria mulher, para que parecesse que o filho que nasceria seria do valente guerreiro de Israel e não de outro. Portanto, era uma armação do rei de Israel. O homem em questão se chamava Urias. Porém, o plano de Davi fracassou, e Davi fez outro plano, colocando o homem honesto, valoroso batalhador, traído e servo do Senhor na frente da batalha, onde morreu em seguida , sem saber o que Davi havia infringido a sua vida e a sua honra.

Bem tranquilo, Davi seguiu a própria vida e acabou casando também com Bateseba, que, posteriormente, gerou outro rei chamado Salomão. Porém, certo dia, o profeta Natã encontrou Davi e lhe contou uma historinha, e informou que o Senhor havia visto tudo o que ele, Davi, fez, e que ele, Davi, era o culpado de tudo o que havia acontecido. E essa narrativa é uma das mais trágicas que a Bíblia descreve sobre a sordidez humana. E Davi se arrependeu, mas as consequências seguiram sua vida até a morte deste rei de Israel.

Muitas pessoas acreditam que podem, pela noite, numa simples oração de boca apenas, na cama, antes de dormir, pedir perdão por seus crimes sem mudar as atitudes. Outros tantos creem que confessar seus pecados diante de outro homem pode apagar aquelas manchas e choros que ele causou. Ou o ladrão que rouba e não devolve o fruto de seu ato. Para o Senhor, não existe remissão de culpa sem confissão, abandono e restituição. Afinal, seria muito fácil disfarçar. O Senhor vê o coração. O Senhor vai cobrar por toda e qualquer ação imprópria. E a vida é como um vapor, que logo desaparece. E o Senhor se ri de gente que apenas confessa, sem pedir perdão para a vítima e restituí-la de seu infortúnio. Não, amigo, O Senhor é duro e não perdoa assim!

No nosso mercado de seguros, também devemos servir uns aos outros. O nosso dever, ainda que recebamos dinheiro e honra para isso, deve ser a firme convicção de que a responsabilidade com os outros não é coisa desse mundo apenas. Para quem crê ou quem não crê, o dia e a hora do encontro com o Senhor vai chegar, ainda que neste mundo nada nos incomode. Porque o pão é nosso, mas o Reino é do Senhor!

Armando Luís Francisco
Jornalista e Corretor de Seguros