Planeje a recomposição do seu caixa de maneira saudável

As empresas que têm um planejamento financeiro estruturado e realista, que considere receitas futuras, custos e despesas necessárias para garantir a operação (não esquecendo das obrigações tributárias e contábeis que também tem impacto no caixa), podem afirmar que tem equilíbrio financeiro para gerir o seu negócio.

É fundamental que o planejamento financeiro esteja 100% alinhado com o planejamento estratégico da empresa, assim, poderá garantir previsibilidade para compor um fluxo de caixa saudável.

Planejar a receita futura não é algo trivial, todas as empresas têm especificidades e há uma grande variedade de informações e tipologia de serviços ou produtos que muitas vezes não possibilitam termos visibilidade clara do que pode efetivamente ser utilizado para ter um planejamento financeiro consistente.

Muitas vezes as empresas são acionadas pelos seus clientes para atender demandas de serviços ou fornecimento de produtos que pode ter um valor previamente definido. Em outras vezes, a demanda depende de uma avaliação mais profunda para atender de forma consistente o cliente.

Assim, o planejamento de vendas deve ser suportado por análises profundas de mercado, tanto nacional quanto internacional, para avaliar tendências e planejar estrategicamente suas vendas e seu reflexo no caixa.

Além disso, para garantir um crescimento saudável é recomendável planejar ano a ano um aumento na receita que deve ser no mínimo superior aos índices inflacionários, considerando também o incremento dos custos e despesas e quando possível, é prudente considerar um crescimento de no mínimo 2 dígitos superiores à inflação do período anterior, garantindo a expansão do seu negócio.

No planejamento também não podemos esquecer que as organizações precisam ampliar suas instalações industriais, atualizar seus equipamentos, investir em capacitações e aumento de quadro de colaboradores para poder atender o crescente mercado cada vez mais competitivo.

Conhecendo estas informações primárias, os gestores de finanças poderão estruturar seu fluxo de caixa de forma consistente.

A próxima etapa dessa jornada é crucial. Para planejar o fluxo de caixa é necessário ter visibilidade do prazo em meses que você precisa acumular recursos financeiros para cobrir seus custos e despesas, garantindo honrar compromissos por um determinado período de acordo com sua estratégia.

Para facilitar o entendimento de como planejar a recomposição do caixa, detalho a seguir o exemplo de uma empresa hipotética, que entrou em operação no “mês 01” e tem faturamento, recebimentos, custos e despesas exatamente iguais no “mês 01” e ao longo dos meses seguintes.

Como cada empresa tem um prazo específico para recompor seu caixa, no exemplo, defini que o faturamento da empresa é fixo ao longo do tempo e o recebimento das vendas é realizado, em média: 40% no prazo de 30 dias; outros 40% em aproximadamente 60 dias; 10% até 90 dias e o saldo restante em mais de 90 dias.

A empresa tem faturamento constante de R＄ 100 mil ao mês e tem custos e despesas de aproximadamente R＄ 60 mil por mês. Nesse caso só foi possível recompor o caixa após 10 meses de operação (3 X 60.000 = 180.000), considerando o acumulado de 3 meses de custos e despesas, mas é importante destacar que cada empresa deve dimensionar um prazo que seja necessário e compatível com a sua operação.

Essa informação é fundamental, pois a nossa empresa exemplo poderá arcar com custos e despesas por 3 meses, mesmo que fique 3 meses sem nenhuma receita adicional. É importante destacar que muitos autores recomendam que as empresas acumulem recursos para garantir seus compromissos entre 6 e 12 meses futuros.

É uma prática de mercado calcular os percentuais de recebimento das vendas considerando, no mínimo, uma base histórica de 3 anos, acrescida das variações de vendas e receitas, custos e despesas projetados.

O financeiro da empresa precisa conhecer de forma clara o planejamento de vendas, seus custos e despesas para projetar o fluxo de caixa com visibilidade de no mínimo 12 meses.

Além disso, esse fluxo de caixa deve ser monitorado diariamente. Nesse caso, uma prática comum é preservar o caixa considerando o tempo necessário para recompô-lo caso aconteça algum imprevisto.

Se possível, também é saudável a empresa manter uma carteira de investimentos financeiros de curto, médio e longo prazos, sempre considerando o “apetite” para ser conservadora ou agressiva, desde que não interfira negativamente no fluxo de caixa. Para isso, monitore sempre seus investimentos frente ao cenário econômico e suas variações para não ser afetado pela desatualização monetárias dos seus recursos financeiros.

Como a área financeira tem um papel importante na gestão do caixa, ela deve também atuar no aging frequentemente, minimizando o impacto das faturas em atraso e mitigando os reflexos no caixa para não comprometer suas obrigações e seus investimentos.

Por fim, para controle da evolução financeira é recomendável criar indicadores de gestão que possam trazer visibilidade de como a empresa está evoluindo e qual o reflexo que variações desses índices pode afetar seu caixa. Existem vários indicadores publicados em diversos sites na internet. Basta encontrar o que melhor atende às suas necessidades e acompanhar de perto a evolução financeira saudável do seu negócio.