Agilidade x cultura: desafio para empresas por eficiência em tempos de incerteza
Paulo Sidney Ferreira*
A agilidade nos negócios assumiu um significado totalmente novo para as empresas em 2020, quando se viram obrigadas a simplificar suas operações e processos, devido à crise provocada pela pandemia da Covid-19. Quase três anos depois, o Brasil e o mundo passam por um momento de retração nos investimentos, o que torna a busca por eficiência ainda mais primordial para as organizações. No entanto, a instabilidade não é algo novo. Há cerca de uma década tornou-se cada vez mais desafiador para as empresas alcançar vantagens competitivas sustentáveis.
O panorama geopolítico e econômico global tem introduzido mudanças aceleradas no cenário competitivo dos negócios digitais. Desta forma, a cultura vitoriosa do passado já não assegura confortáveis posições num mercado dinâmico e imprevisível. Novas ideias surgem e antigos produtos e serviços passam a sofrer perda de espaço e performance econômica. Isso tem forçado organizações do mundo inteiro a buscarem melhorar a eficiência operacional e construírem melhores experiências para seus clientes e usuários.
Cada vez mais as organizações se veem diante da necessidade de adotar procedimentos e processos altamente dinâmicos em suas operações, na medida em que se reinventam de tempos em tempos. Em suma, as empresas precisam se tornar mais ágeis, em uma reestilização completa de sua cultura interna. Mas a agilidade vai muito além da velocidade. Agilidade refere-se à capacidade de tomada de decisão complexa em tempo hábil, muitas vezes adaptada às mudanças de ambiente, com o objetivo de aumentar o valor de entrega em produtos e serviços para seus clientes.
Ao produzir trocas e processos mais ágeis e dinâmicos, a empresa e seus gestores abrem mão de parte do controle com os demais setores e colaboradores, empoderando as suas bases e descentralizando a cadeia produtiva. Contudo, generalizações são perigosas e o que dá certo em um lugar pode não ter o mesmo efeito em outro. É melhor adaptar-se às mudanças do que ficar parado no tempo, porém cada empresa deve entender o seu momento e contexto, considerando o que fazer e o que não fazer, mitigando erros e perdas.
Fica claro que, embora agilidade e eficiência sejam conceitos distintos, eles se complementam e são igualmente relevantes para o êxito de uma organização, sem esquecermos da eficácia. É possível ser ágil estrategicamente e, ao mesmo tempo, identificar oportunidades de ganho de eficiência e implantá-las com sucesso. Cabe repetir mais uma vez: tudo isso passa por uma transformação da cultura da empresa. Uma gestão eficaz do controle pode fazer toda a diferença entre liderar tendências ou ficar para trás dos concorrentes.
Sem olhar para trás
Para algumas empresas, a abordagem convencional, na qual as equipes tinham papéis e processos mais rígidos, pode não ser a ideal. Cabe aos executivos e gestores minimizar o peso das hierarquias, promover uma cultura ágil, com eliminação de desperdícios e retrabalhos, fomentando a colaboração e a cocriação para melhorar a eficiência, e colocando o cliente no centro dos negócios.
Várias companhias estão mudando seus paradigmas de trabalho para algo cada vez mais próximo das startups, o que tem aumentado a demanda por profissionais especializados em atividades como gestão de produto e otimização de processo. Tal fenômeno gera até mesmo um terceiro nicho de atuação mais estratégico ligado à transformação cultural, para que as equipes definam metas e usem a tomada de decisões orientada por dados para determinar a melhor forma de alcançar seus objetivos. Os benefícios desta abordagem incluem maior eficiência, escalabilidade, velocidade de resposta e consistência nas operações da empresa.
Contudo, é necessário compreender que a transformação não é baseada somente em tecnologia, mas em pessoas, e que estas necessitam apresentar algumas habilidades, entre elas:
· Comunicação – a comunicação envolve trocas nas quais as duas partes compreendem o que está sendo passado e estão abertas ao diálogo e a feedbacks rápidos e honestos.
· Facilitação – o profissional precisa ser aquele indivíduo que contribui para a execução de uma etapa, de forma descomplicada e clara.
· Pensamento sistêmico – saber que o que ele faz impacta na performance coletiva e, consequentemente, no resultado final, colaborando e se importando com aquilo que acontece ao seu redor.
· Abertura à incerteza – as respostas nem sempre são tão óbvias, então é preciso estar confortável mesmo diante de grandes desafios e mudanças, e demonstrar capacidade de se adaptar rapidamente.
Uma vez que tecnologia e recursos humanos caminhem juntos em uma mesma direção, você tem um conjunto de métricas mais robusto, capaz de permitir maior controle de todas as etapas da cadeia produtiva, não importa o ramo de negócio. E, assim, quando os líderes estão imbuídos dessa nova abordagem de trabalho, silos e hierarquias são reduzidos, fomentando a integração e colaboração entre as áreas, deixando mais clara a cadeia de valor é possível alcançar a agilidade organizacional de forma efetiva e corresponder às expectativas dos clientes.
Quanto mais pronta para a mudança uma organização estiver, mais rápido ela responderá e prosperará hoje.
* Paulo Sidney Ferreira é Business Agility Manager na GFT Technologies
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