Seguros de Associações Protetivas: O grande erro foi esconder o problema debaixo do tapete
Armando Luis Francisco
Nunca se enfrentou o problema de frente. Esconder, bufar e divulgar meias verdades não resolveu aquilo que deveria se enfrentar. Foi assim que deixamos de conversar a respeito do Mutualismo Primitivo, que a história remonta aos babilônios.
Na década de 80/90, trabalhando como distribuidor de peças e acessórios para consumidores finais, seguradoras e empresas em geral, fornecíamos para uma Cooperativa de Taxistas de Guarulhos. Na ocasião, um dos motoristas, descendente de japoneses - que, infelizmente, não me recordo o nome, diretor dessa cooperativa e motorista também, comprava em grande volume e pagava sempre em dia. Além da simpatia e bom relacionamento, houve a prova de que o mutualismo, além das seguradoras, já era evidente durante as décadas anteriores.
Organicamente, porém, nunca houve uma valoração dessa condição. Aliás, ironicamente, posso crer que a Lei Estadual de Goiás, que deu suporte para tirar da ilegalidade as Associação Protetivas de veículos, pegou de surpresa uma parte dos seguradores. De forma geral, sinceramente, por culpa da nossa indústria, abriu a porteira para se passar qualquer tipo de seguro sem lastro ou técnica de governo.
Sim, há gente boa por lá também. Desejosos de uma solução rápida para seus mais variados sonhos, como aquela pessoa que precisa legalizar a casa e receber a escritura sob sua posse, e que fará qualquer coisa para conseguir a escritura de seu bem, foram colocados de lado em suas premissas e forçaram, inteligentemente, e unidos, buscando esta solução.
Mas há quem não seja tão bom assim por lá também? E, se isso de fato acontecesse, inundaria o mercado com situações vexatórias para todos? O esconder do problema foi muito simples. Desejosos de solução, não foram ouvidos. Batendo nas portas, foram tocados de lá. E, brilhantemente, acharam um brecha e rasgaram em solução. A verdade é que a União faz a força.
Portanto, o que deveria ter sido feito? O mundo é constituído de Direitos e Obrigações. Esses mesmos conceitos através da força legislativa. Sentando-se em grupos para se discutir e não somente sufocar a outra parte. De outro modo, a inovação, como a recente história do Uber. Nada disso foi feito, nenhum pensamento maduro para a questão. Pouca coisa ou nada de relacionamento. E agora o bonde passou na estação onde estavam os seguradores e corretores. Sim, vamos fazer essa mea culpa.
Mas essa Lei é horrível para a indústria do seguro e para os consumidores. A Lei Estadual, que brechou ou feriu todo e qualquer conceito do mutualismo moderno, simplesmente foi um ato genial, mas pobre. De Goiás para o mundo, mostrou a força da União, mas não atingiu objetivos para a população. E disso ninguém pode contestar. Também mostrou agilidade, arte e conhecimento, mas não incluiu Deveres. Pois, contestar isso é simplesmente ignorância; mas deixar como está é suicídio.
Eu, sinceramente, entendo que o erro maior partiu do modelo segurador. Organicamente mais poderoso, fez como a Kodak. E todos sabemos que a presunção e o salto do sapato alto não fazem bem a ninguém. E combater agora as Associações Patrimoniais é suicídio. Uma ADI pode reverter, mas pode definir a favor dessas Organizações de Proteção Patrimonial. Entretanto, tem pouco a se fazer, como artifício jurídico; é Lei Estadual!
Finalmente, ilustrando com uma frase ouvida há décadas: Há duas formas de se acabar com o inimigo. Ou você o mata ou se une a ele. Entretanto, quero colocar o meu ponto de vista:
- Se houver intenção e sobriedade suficientes para se sentar diante de uma mesa para intermediar posições de grupos, que se faça agora. Acredito que as Associações queiram os direitos e nós desejamos as obrigações. Porque, do jeito que está ninguém dos dois grupos pode cantar vitória, só trincheiras conquistadas!
Armando Luis Francisco
Jornalista e Corretor de Seguros
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