A Contaminação e a Corrupção nos Planos de Saúde
Notícia levada pelo Estado de São Paulo, hoje, 21/07/2020, dá conta de que na Operação cognominada de Paralelo, na terceira fase da operação Lava Jato, junto à Justiça Eleitoral de São Paulo, “tem como alvo principal o empresário fundador e ex-presidente de uma conhecida Administradora de Planos de Saúde”. Há mandados de prisão temporária expedidos, além de informação de que “os investigados podem responder pelos crimes de associação criminosa, falsidade eleitoral e lavagem de dinheiro”.
Na verdade, por paradoxal que pareça, há, de outro giro, jactância de certos empresários que propagam que irão sustar qualquer aumento de cobrança nos planos de saúde, assim como adoção de políticas que se caracterizariam pela cobrança de preços inferiores aos praticados atualmente com o fito de aumentarem suas vendas no mercado securitário.
É por esta razão que Jean-Jacques Rousseau, na segunda parte, de seu “Discurso sobre a origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”, não titubeou em assacar: “Os ricos, por sua vez, assim que conheceram o prazer de dominar, logo desdenharam de todos os demais, só pensando em subjugar como lobos famintos que, tendo uma vez comido carne humana, rejeitam qualquer outro alimento e só querem devorar homens”. (Obra citada, Edição L&PM, 704, pág. 93).
Direi como Cícero, o cônsul romano Marco Túlio Cícero, em um de seus célebres discursos contra a conspiração pretendida pelo senador Lúcio Sérgio Catilina, que, aquele orador, logo de início destila:
“Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência???” (Quo usque tandemabutere, Catilina, patientianostra???)
Política e corrupção, infelizmente, salvantes exceções, estão totalmente imbricadas em nosso país. A famosa parábola bíblica de que o joio foi plantado no meio do trigo por homens do mal grassa às escâncaras em nosso país.
Basta! É preciso, urgentemente, por um fim em tudo isto. Como?
Com punição exemplar não como a lei do Talião, mas com uma espada que ceife o mal e acabe de uma vez por todas com essa farsa de que a política deve ser a arte de saber conduzir situações adversas. Nada disto. A política deve ser a arte do bem e da representação autêntica de todos os que carecem de proteção social. Isto, caros leitores e leitoras, é que se cuida de um verdadeiro Direito e Garantia Fundamental, tal qual foi inserto em nosso artigo 5º da atual Carta Política.
Chega de engodo e de panaceia. Chega de corrupção. Chega de farsa!
A coletividade exige respeito e tratamento condigno de todos os operadores que tratam com a coisa pública.
As mazelas são frutos da crescente e ignominiosa desigualdade aonde poucos querem tudo em detrimento de parcela da sociedade, que nem sequer é ouvida para testemunhar sua repulsa com o tratamento de elites que se refestelam com sua ganância e avidez à custa do sacrifício de seus semelhantes.
Sísifo, filho do rei Éolo, da Tessália, e Enarete, era considerado o mais astuto de todos os mortais. Até que, por castigo, tornou-se conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo!
A verdadeira sociedade deve ser conduzida por homens que produzam e direcionem seus investimentos em gestos e atitudes de verdadeiro compromisso com aquilo que é certo e justo.
O Inferno de Dante, já advertia:
“Dizes que o pai de Sílvio, corruptível
Ainda, pôde naquele imortal
mundo adentrar com seu corpo sensível. ” (Dante. A Divina Comédia, Editora34, pág. 40).
Pois bem. O corpo da demagogia não é mais sensível ao apelo populista e está esgarçado. A pusilanimidade é abominável!
O povo está cansado com gestos teatrais!
Querem uma justiça social no qual o bem prevaleça sobre o mal.
Leis existem e muitas! Sua aplicação é que é atenuada por certos magistrados que estão comprometidos com a promiscuidade de um julgamento que é feito, sem qualquer isenção. Muitas vezes, há, até comprometimento com alguma das partes. O que dizer, no episódio recente, protagonizado pelo gesto irascível e quixotesto de um desembargador paulista, que, na cidade de Santos, afrontou e desrespeitou um policial que apenas estava cumprindo com sua obrigação zelando pela segurança de todos!
O povo cansou. A sociedade não aguenta mais!
Justiça, verdade e altivez devem reinar soberanas sob pena de comprometermos o futuro de nossas gerações.
A hora é agora! Não é depois. É já!
Porto Alegre, 21/07/2020.
Voltaire Marensi. Advogado e Professor.
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