Três tendências de RH para o mundo pós-coronavírus
Por Paulo Oliveira, coordenador de marketing da Apdata
Empresas do mundo todo foram impactadas de maneiras distintas pela pandemia do novo coronavírus. No entanto, embora os desafios variem a depender do segmento de atuação e mesmo do lugar onde se opera, elas precisaram adquirir maturidade em tempo recorde para implementar abordagens assertivas de gerenciamento do trabalho remoto de seus funcionários.
Algumas organizações americanas e asiáticas, que já funcionavam quase totalmente por meio de práticas digitais foram menos afetadas, enquanto muitos RHs de negócios em países como o Brasil estão enfrentando desafios maiores – do monitoramento de atividades ao engajamento dos funcionários.
Um estudo publicado em março pelo instituto americano Gartner mostrou que, ao invés de demitir, a maioria das empresas estão focando em encontrar medidas alternativas de sobreviver à crise. Entre elas, o congelamento de contratações, mas também o uso mais efetivo de tecnologias.
O cenário, porém, também já está repleto de indicações de especialistas de Recursos Humanos sobre o que será das empresas quando a pandemia acabar. E, entre as previsões mais otimistas e outras extremamente negativas, é possível visualizar alguns horizontes.
Home office como prática
Uma das principais tendências de RH para o futuro pós-pandêmico são arranjos de trabalho mais flexíveis. Em meio à crise, as empresas americanas não tiveram dúvida em colocar seus funcionários em modo remoto, por exemplo: isso aconteceu em 67% das organizações do país, segundo a Society for Human Resource Management.
Ainda há dados disponíveis sobre o Brasil, mas algumas estatísticas (como a do Estado de São Paulo, que aponta uma média de 60% das pessoas em quarentena nas últimas semanas) dão uma dimensão de como as empresas se organizaram.
Quando a crise passar, muitas serão as motivações para que os regimes de trabalho sejam mistos – intercalando dias de trabalho no escritório com outros em casa.
Em primeiro lugar, os funcionários já terão as ferramentas para trabalhar e se manter produtivos nas mãos. São os casos de plataformas como o Zoom ou Teams, além de organizações cujas operações estão na nuvem.
Em segundo lugar, toda uma rotina de interação e de produtividade à distância já foi estabelecida durante a quarentena. Ela pode ser utilizada para preencher o tempo de trabalho depois que tudo voltar ao normal.
Além disso, os RHs que já passaram por alguma transformação digital conseguem controlar a jornada, a produtividade e mesmo aspectos burocráticos do departamento por meio de ferramentas digitais – como gerar relatórios e programar a folha de pagamento.
Comunicação mais próxima com funcionários
Se trabalhar de casa pode contribuir para o aumento de sentimentos negativos, os funcionários aprenderam em meio à pandemia que podem contar com o apoio de suas empresas para questões emocionais.
Tem sido comum que lideranças, gestores e mesmo empresas inteiras criem planos para atuar com seus times em aspectos além-trabalho. Alguns exemplos que estão sendo compartilhados mostram líderes conversando com seus funcionários em reuniões virtuais também sobre assuntos que não pertencem ao escritório, como as percepções da crise, as relações com a família ou os impactos na vida cotidiana deles.
É importante que as organizações mantenham um discurso firme de que as pessoas devem se cuidar durante a pandemia: tentarem manter-se mentalmente saudáveis, fazerem exercícios físicos quando puderem, trocarem de roupa, assistirem algum filme ou mesmo usarem o tempo livre do deslocamento para estudar algo. Quando todo mundo voltar ao escritório, essa interação estará diferente – e para melhor.
Novas métricas de produtividade
Operando remotamente, muitas empresas precisaram criar formas de comunicar suas metas e expectativas de maneira mais clara. Isso significou delegar tarefas coletivas ao invés de projetos individuais. Essa pode ser uma tendência de futuro – em que as organizações consigam mesclar a produtividade mensurada por atividades particulares, mas também por mensurações de todo o time.
Ainda como uma tendência nas empresas, métricas como as OKRs, em que os próprios funcionários estipulam suas metas e interagem sobre elas com suas lideranças, também podem funcionar neste mundo pós-coronavírus em que as pessoas não estarão todos os dias no escritório. Departamentos de Recursos Humanos que tiverem gestões em plataformas digitais terão muito mais facilidade em fazer essa ideia se tornar realidade – e colocarão suas organizações na dianteira do mercado.
Uma terceira mudança vai ser a possibilidade de ter dashboards em tempo real mensurando os avanços das tarefas. Essa já é uma prática comum em alguns serviços, mas que apenas engatinhava nas empresas brasileiras até o início da quarentena.
Estruturando delegação de responsabilidades, comunicando objetivos de forma clara e ajudando os diferentes times a se complementarem, o RH estará ajudando suas empresas a se colocarem na frente deste horizonte pós-pandêmico.
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