Três Perguntas para Celio Freitas Bouzada, presidente da BHTRANS
“O número de mortes no trânsito da nossa cidade vem diminuindo ano a ano. Mas qualquer número diferente de zero é inaceitável”, diz Celio Freitas Bouzada, presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTRANS). O esforço desenvolvido para tornar o trânsito mais seguro e proteger especialmente o pedestre, envolve campanhas educativas, concursos e ações de promoção de saúde, entre outras ações igualmente importantes. Mas a violência do trânsito em Belo Horizonte, assim como em outras capitais brasileiras, ainda é elevada, conforme abordou reportagem do dia 2 de setembro do Jornal O Estado de Minas, que trouxe um alerta sobre o tema.
Baseada em estatísticas do Seguro DPVAT e de outros órgãos governamentais, a matéria apontou que o trânsito mata tanto quanto a violência urbana. Para reverter esse cenário, uma das iniciativas da BHTRANS é ouvir a população, colher sugestões e, sempre que possível, atender às suas demandas. A participação da sociedade nas questões relacionadas ao trânsito e à mobilidade tem contribuído bastante para a implementação de melhorias. “Nós temos, por exemplo, as CRTTs, que são as Comissões Regionais de Transporte e Trânsito, com representantes eleitos pelas comunidades, em cada uma das nove regiões de Belo Horizonte. Eles apresentam demandas, como mudanças de circulação de vias, criação de linhas de ônibus e nós avaliamos a implementação. E posso dizer: a maioria dessas reivindicações é atendida”, assinala Bouzada. Para ele, esse tipo de prática ajuda a construir políticas públicas mais eficientes e mais adequadas à realidade da cidade. Confira a entrevista.
1-Existe algum projeto do Plano estratégico da BHTRANS 2017-2020 que tenha como foco específico a redução de acidentes de trânsito? Em caso positivo, já é possível apontar resultados?
Os acidentes de trânsito tornaram-se um problema de saúde pública mundial. E nós, da BHTRANS, que gerenciamos o trânsito de Belo Horizonte, temos uma preocupação principal, que é com a vida. O número de mortes no trânsito da nossa cidade vem diminuindo ano a ano. Mas qualquer número diferente de zero é inaceitável. Costumo dizer que com a vida não se negocia. E nossa prioridade é a defesa das parcelas mais frágeis dessa equação diária do trânsito. Por isso, voltamos muitas de nossas ações para os pedestres. Um dos nossos projetos, o MOBICENTRO, conseguiu resultados expressivos com pequenas intervenções nas vias, como mudanças de circulação, nova sinalização, travessias, aumento do tempo de verde para os pedestres, semáforos sonoros para deficientes visuais, com um olhar atento para as pessoas idosas, pois nossa população está envelhecendo. Então, tratamos as calçadas, criamos ilhas de refúgio para travessia das ruas. Com isso, conseguimos reduzir significativamente o número de atropelamentos. Em 2009, quando começa a série histórica de indicadores de segurança no trânsito, houve 3.076 atropelamentos em Belo Horizonte. Em 2018, ano do último levantamento, houve 1.475, uma redução de 52,05%. Outra frente em que estamos trabalhando é no desenvolvimento de campanhas educativas, como a que acabamos de lançar durante o Maio Amarelo, destacando a imprudência de motoristas, pedestres e motociclistas e conclamando a sociedade para, juntos, mudarmos esses números que nos confrontam diariamente com a violência no trânsito. O projeto Vida no Trânsito prevê o desenvolvimento de ações de promoção da saúde e cultura de paz no trânsito. Trata-se de uma ação com a participação de vários órgãos, nacionais e internacionais. É uma preocupação de todos.
2-Em que consiste a Campanha “O Trânsito e o Valor da vida”?
A BHTRANS e a Prefeitura de Belo Horizonte acreditam que a educação para o trânsito é um compromisso com a cidade. Nesse sentido "O Trânsito e o Valor da Vida" é um concurso de vídeos direcionado aos estudantes do Ensino Médio, que participam do Programa “O Jovem e a Mobilidade”, pelo qual nós temos muito carinho aqui na BHTRANS. É um investimento nesta geração de jovens que, em dois ou três anos, estará nas ruas também como motorista. Esperamos que sejam motoristas mais conscientes, porque também sabemos que o jovem é a principal vítima no trânsito. No Programa, os estudantes participam de palestras que buscam conscientizá-los sobre o seu papel na construção de uma cidade mais humana, sobre comportamentos que preservem suas vidas e o meio ambiente e sobre os aspectos positivos e negativos das opções pelos modos de deslocamentos. Por fim, é lançado um concurso de vídeos, com a temática do Programa, com votação pela internet. Os três melhores vídeos recebem prêmios.
3 – Como a sociedade participa das ações da BHTRANS?
Nós cuidamos do transporte e do trânsito de Belo Horizonte. Ou seja, nós interferimos na vida de todos os belorizontinos, sejam crianças, jovens ou adultos. Todos que usam um carro ou andam de ônibus. Então, nós temos a obrigação de escutar as demandas e reclamações dos cidadãos. Nós temos, por exemplo, as CRTTs que são as Comissões Regionais de Transporte e Trânsito, com representantes eleitos pelas comunidades em cada uma das nove regiões de Belo Horizonte. Essas comissões se reúnem periodicamente com representantes da BHTRANS. Eles apresentam demandas, como mudanças de circulação de vias, criação de linhas de ônibus e nós avaliamos a implementação. E posso dizer: a maioria dessas reivindicações é atendida. Da mesma forma, quando nós vamos implementar uma mudança, seja no trânsito, seja no transporte coletivo, nós fazemos uma reunião com essas comissões regionais, para informar e colher sugestões. Além disso, temos os canais de atendimento via telefone, e-mail, canais de reclamações e, recentemente, acabamos de lançar, no APP PBH, uma seção onde os usuários podem avaliar as viagens de ônibus. E isso é ótimo, pois essa escuta nos ajuda a construir políticas públicas mais eficientes e mais adequadas à nossa cidade.
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