Planejamento Genético: opções estratégicas de ganhos na produção e reprodução de rebanhos
- Por Rodrigo Peixoto*
Qual é o grau de importância da reprodução para se ter sucesso em um sistema de produção de leite, seja ele a pasto ou em confinamento? Se sua resposta é “muito importante”, você está gerindo os indicadores de forma precisa? Espero que esteja, pois sem gestão implacável da reprodução em uma fazenda de leite não existe sobrevida.
Em décadas passadas não conhecíamos a fundo a fisiologia e dinâmica folicular ovariana dos bovinos, além de que, claro, não tínhamos ferramentas importantes como as que temos atualmente, por exemplo:
• A ultrassonografia para diagnosticarmos vacas vazias precocemente e atuarmos para emprenhá-las rapidamente;
• Protocolos hormonais para sincronizarmos vacas em um período ou momento ideal;
• A IATF para podermos inseminar várias vacas ao mesmo tempo sem a necessidade de observação de cio,
• E ferramentas como bastão marcador e “cartões colantes de raspadinhas” que nos auxiliam absurdamente na identificação de cio. Aliás, falando em identificar cio, aquela recomendação, que vem de décadas atrás, de que o vaqueiro responsável deve ficar observando cio por uma hora em cada lote de vacas e novilhas, de manhã e à tarde, já caiu por terra. Sabemos que é praticamente impossível exercer essa atividade, já que outras prioridades sempre ocorrem e a observação de cio fica prejudicada, culminando em baixa taxa de inseminação e, por consequência, em baixa taxa de prenhez.
Era usualmente comum terceirizar a reprodução para o touro e os únicos indicadores de sinalização da eficiência reprodutiva era contabilizar a relação de vacas em lactação em relação ao total de vacas do rebanho e, também, quando se percebia que havia poucas bezerras novas na fazenda. Assim, a ação a se tomar, de forma muito tardia, era descartar o(s) touro(s). Dessa forma, a produção de bezerras, o progresso genético e a produtividade leiteira ficavam extremamente prejudicados em tempo real e para o futuro, já que o reflexo da eficiência reprodutiva hoje começa a refletir sobre a fazenda a partir de quase um ano mais tarde.
Atualmente, o negócio produção de leite é extremamente desafiador, pois o lucro líquido na atividade leiteira é estreito por unidade de produto comercializado e é imprescindível ter-se consciência disso e ser extremamente eficaz em todos os setores da fazenda. Como a reprodução está diretamente ligada à produção de bezerras, ao progresso genético, à produtividade e à produção total, é muito relevante que o pecuarista se envolva na mensuração e tomada de decisões rápidas em todos os quesitos relacionados à reprodução. Então, na pecuária moderna, torna-se inadmissível terceirizar a reprodução para o touro e esperar que os índices melhorem, ou mesmo acreditar que assim a fazenda gere lucro.
Veja abaixo, na figura 1, a demonstração do que ocorre com a margem bruta (receita com venda de leite – custo alimentar) ao longo dos Dias em Lactação (DEL) médio de um rebanho leiteiro. Observamos, claramente, que quanto menor o DEL médio do rebanho, maior é a produtividade média das vacas que compõem o rebanho e, consequentemente, maior se torna a margem bruta desse rebanho. E a reprodução tem tudo a ver com isso.
Compreendendo os dados
Para explicar como a reprodução tem tudo a ver com isso, farei um comparativo entre duas situações em uma mesma fazenda. Na situação A, a fazenda não focava na reprodução e obtinha taxa de prenhez média de 16%. Na situação B, a fazenda passou a dar muita atenção para a reprodução e conseguiu passar a taxa de prenhez para 28%. Antes de dar o próximo passo, tenho que esclarecer que taxa de prenhez não é a mesma coisa de taxa de concepção.
Taxa de prenhez é a velocidade em que as vacas emprenham a cada 21 dias após ser liberadas para a reprodução. Essa taxa é a multiplicação da taxa de concepção com a taxa de inseminação. Já a taxa de concepção é medida simplesmente pelo resultado da quantidade de vacas que emprenharam sobre a quantidade de vacas inseminadas em certo período.
Vamos retornar às análises da Figura 1. Na mesma figura, porém repetida a seguir, inseri uma seta laranjada demonstrando que a fazenda exemplo, na situação A, estava com 13,6 meses de Intervalo de Partos (IP). A seta verde inserida demonstra a fazenda após ter intensificado a gestão sobre a reprodução (situação B) e reduzido o IP médio para 12,1 meses. Observe como a posição da curva de lactação média do rebanho se deslocou para mais perto do pico de lactação, ou seja, o DEL médio reduziu. Dessa forma, a fazenda aumentou a produção diária somente com a melhora da reprodução.
No quadro que veremos a seguir, podemos demonstrar o aumento real em produção de leite da fazenda exemplo acima quando passamos a taxa de prenhez da fazenda de 16% para 28%.
O aumento de produtividade foi de pouco mais de 2 litros de leite/vaca/dia. Calculando-se para um rebanho de 100 vacas em lactação, temos um incremento de mais de R$ 80 mil por ano na receita da fazenda.
Fazenda exemplo com 100 vacas em lactação: Comparativo Situação A (16% de taxa de prenhez) x Situação B (28% de taxa de prenhez)
Espero que tenham entendido até aqui a grande importância de trabalharmos a reprodução com muita gestão. Existem vários fatores que influenciam na reprodução e aqui quero expor duas delas que muitas vezes são pouco lembradas, sendo:
- Utilização de sêmen de touros ConceptPlus (touros provados por emprenharem mais do que a média);
- Taxa de prenhez das filhas (DPR).
Utilização de sêmen de touros ConceptPlus
O ConceptPlus é um programa de altíssima confiabilidade de identificação de touros provados estatisticamente serem superiores em taxa de concepção em relação aos outros touros do mercado. Os touros que recebem o tão cobiçado selo ConceptPlus incrementam entre dois e cinco pontos percentuais na taxa de concepção média do rebanho. Os pecuaristas podem confiar no uso de touros ConceptPlus para aumentar as taxas de concepção e, por consequência, aumentar a lucratividade da fazenda.
Taxa de prenhez das filhas (DPR)
Porcentagem de vacas que se tornam prenhes durante cada período de 21 dias. Cada um ponto positivo de DPR prediz que filhas desse touro talvez tenham um ponto percentual a mais na taxa de prenhez do que filhas de um touro DPR zero. Dessa forma, podemos utilizar touros que se destacam em DPR para inserir genes favoráveis à fertilidade e, assim, manter progresso genético direcionado à reprodução.
Na figura abaixo, um exemplo real de melhora da reprodução de um rebanho que comparou filhas de touros fortes e fracos para DPR.
Fonte: Alta Reference Manual - Dezembro 2017
No exemplo real da figura, estamos vendo que as filhas do touro +3,3 para DPR (High DPR) apresentaram incríveis nove pontos percentuais de incremento na taxa de prenhez do rebanho quando comparadas às filhas do touro -1 para DPR (Low DPR). Na mesma figura, podemos observar que o resultado da genética na fazenda foi muito melhor do que o esperado (nove pontos percentuais de incremento contra 4,3 do que era estimado). Isso ocorre quando o ambiente é propício à expressão gênica da fertilidade.
É importante trabalhar geneticamente o rebanho para ter incremento da fertilidade do rebanho. É apenas uma das diversas opções estratégicas de melhoramento genético na área de reprodução. Se a fazenda tem interesse em escolher touros que transmitam características genéticas voltadas para incremento da fertilidade, deve levar em consideração que essas características têm correlação negativa com a produção de leite. E, também, é importante saber que a herdabilidade de características de fertilidade é bastante baixa e, assim, o ambiente influencia muito no resultado da característica. O ideal é criar um planejamento genético personalizado para a fazenda, identificando como a propriedade e o rebanho estão atualmente e qual a meta estipulada para alcançar o objetivo em médio e longo prazos.
Conte com os consultores técnicos da Alta para auxiliar você a elaborar um planejamento genético personalizado para sua fazenda e utilize os touros focados em melhorar as características que mais se adequam à sua realidade e aos seus objetivos. Assim, maximizamos o retorno financeiro sobre a inseminação artificial e lucratividade da fazenda.
Rodrigo Peixoto, médico veterinário pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e mestre em Zootecnia.
Sobre a Alta Genetics
A Alta Genetics é líder no mercado de melhoramento genético bovino do mundo. Com matriz localizada em Calgary, no Canadá, atua em mais de 90 países com nove centrais de coleta: Brasil, Estados Unidos, Canadá, Argentina, Holanda e China. Com 20 anos de história no Brasil, a empresa está sediada na cidade de Uberaba/MG, e tem como missão orientar pecuaristas sobre a melhor maneira de usar a genética aliada ao manejo, nutrição, ambiente, gestão e todos os processos para garantir um animal com todo o seu potencial genético. O compromisso da Alta é criar valor, entregar o melhor resultado e construir confiança com seus clientes e parceiros, em busca do desenvolvimento da pecuária. Mais informações no website: http://www.altagenetics.com.br.
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