Covid-19 deixou de ser a doença que mais mata no Brasil
Biomédico explica a importância da imunização no enfrentamento à pandemia
A Covid-19 deixou de ser a primeira causa de mortes no Brasil. Depois de 18 meses, as doenças cardiovasculares – principalmente o AVC – voltaram ao topo do ranking, o que não ocorria desde abril de 2020. A média móvel de mortes por coronavírus indica uma tendência de queda nos números: 217 óbitos/dia entre 19 e 25 de novembro, uma redução de 17% em comparação à média de 14 dias atrás.
No Paraná, os números também estão em viés de baixa. O dia 14/11 foi o primeiro sem mortes por coronavírus desde abril do ano passado. A primeira quinzena de novembro apresentou queda de 43% na média móvel de mortes e redução de 55% nas novas contaminações em relação ao mês anterior.
As estatísticas já vinham demonstrando declínio da doença no Paraná. Em outubro, a queda no número de casos confirmados no Paraná foi 61% menor em relação a setembro. As mortes reduziram 47% na comparação entre setembro e outubro.
Especialista em imunologia, o biomédico Thiago Massuda – que também preside o Conselho Regional de Biomedicina do Paraná (CRBM6) - diz que esses resultados estão diretamente relacionados à vacinação. Na avaliação do professor do curso de Biomedicina do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações educacionais de ensino superior do país –, o Brasil avançou muito na imunização.
“Embora tenhamos começado tarde, conseguimos ultrapassar muitos países e hoje somos exemplo na vacinação contra a Covid-19. Temos a maioria da população adulta imunizada e muitos estados já iniciaram a aplicação da dose de reforço”, comenta.
O professor explica a lógica nos números: “A principal função das vacinas é conter a circulação do vírus e diminuir as mortes. Naturalmente, com a disseminação do coronavírus controlada, as taxas de morte caem. Uma pessoa vacinada até pode contrair a doença, mas sem desenvolver as formas mais graves. Quanto menor a gravidade, menos mortes e menor ocupação nos hospitais.”
Dose de reforço
Pesquisas mostram que a imunidade entre os vacinados começa a cair com o passar do tempo. Para manter as estatísticas de mortes em queda, a população precisa ter imunidade alta. “Precisamos de um nível de anticorpos elevado para impedir as formas graves da doença. Por isso, a dose de reforço é muito importante”, ensina o biomédico.
Thiago Massuda defende, inclusive, a vacinação das crianças. “Embora esse grupo não tenha sido o mais afetado em casos de agravamento da doença e número de óbitos, as crianças podem se contaminar e fazer com que o vírus da Covid-19 continue circulando. A imunização das crianças é mais uma barreira para que possamos nos livrar logo dessa situação de pandemia.”
Nova variante
No dia 25/11, o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul anunciou a descoberta da variante B.1.1.529. A nova cepa voltou a preocupar o mundo. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendou medidas restritivas para voos vindos da África do Sul, vacinação para todos os estrangeiros que chegarem no Brasil e quarentena para brasileiros que estiveram na África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
Especialistas estudam a eficácia das vacinas para esta nova cepa. O biomédico Thiago Massuda insiste que toda a população conclua o esquema vacinal contra a Covid-19 e faça as doses de reforço conforme o cronograma dos estados.
A boa notícia fica por conta dos medicamentos antivirais que vêm sendo testados e se revelam uma esperança, junto com as vacinas, para conter o desenvolvimento de quadros graves da doença e controlar a pandemia.
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