Maior suscetibilidade dos fumantes frente a COVID-19 reforça a relevância dos cuidados com o pulmão em meio a pandemia
De acordo com especialista do Hospital São José, de Teresópolis, além do impacto na saúde, o tabagismo também impõe maior dificuldade no uso de máscaras, pois atrapalham a manutenção do hábito
Para aqueles que possuem complicações pulmonares pré-existentes, sabe-se que a suscetibilidade frente à COVID-19 é consideravelmente maior e, por isso, os cuidados relacionados aos pulmões nunca foram tão relevantes. Mesmo para aqueles livres de comorbidades desta natureza, determinados hábitos rotineiros que afetam o órgão, como o tabagismo, também podem influenciar na vulnerabilidade da população diante da infecção causada pelo coronavírus.
De acordo com uma pesquisa publicada pela Fiocruz em 2020, 34% dos brasileiros que fumam aumentaram o consumo do tabaco em meio a pandemia. Segundo a instituição, entre as principais causas citadas estão as alterações emocionais e psicológicas, ligadas à depressão, ansiedade e insônia. É nesse contexto que iniciativas conscientizadoras, como o Dia de Combate ao Fumo, celebrado no dia 29 deste mês, ganham destaque ao alertar sobre os riscos associados a este costume, principalmente enquanto o país progride rumo à diminuição dos casos associados ao cenário pandêmico.
De acordo com o Dr. Nicolau Pedro Monteiro, pneumologista do Hospital São José, de Teresópolis, embora muitas doenças sejam causadas pelo tabagismo, as de caráter pulmonar são as mais frequentes e letais. “Entre as principais condições respiratórias associadas ao hábito temos a bronquite crônica, enfisema e o câncer de pulmão. Vale notar que muitas outras doenças são ‘tabaco dependentes’, como as lesões e tumores na boca, língua, laringe, esôfago e até mesmo o câncer de bexiga, ocasionado pela eliminação de componentes cancerígenos do cigarro pela urina”, adiciona.
Além de causar maior fragilidade frente a doenças que abrangem diversas especialidades clínicas, o tabagismo envolve outros fatores prejudiciais que também podem contribuir para um aumento na vulnerabilidade dos fumantes diante da infecção causada pelo coronavírus, ressaltando os riscos deste costume em meio a pandemia. O Dr. Monteiro aponta que os tabagistas têm maior dificuldade de usar máscaras, pois estas atrapalham a manutenção do hábito. Este fenômeno também está associado à quebra de defesas mecânicas da mucosa traqueobrônquica que facilitam a agressão viral.
Já o Ministério da Saúde aponta que o ato de fumar facilita o contágio, pois exige o constante contato da mão com os lábios, contribuindo diretamente para a transmissão do vírus, através do cigarro ou dedos, para a boca. Vale ressaltar que itens de tabacaria que permitem o compartilhamento da substância, como o narguilé e o cigarro eletrônico, aumentam ainda mais a possibilidade de transmissão.
Para aqueles que fumam e buscam diminuir as possíveis repercussões a longo prazo causadas pelo ato, a recomendação do especialista é a suspensão imediata deste hábito. “A conscientização dos males causados pelo fumo é fundamental para que os tabagistas evoluam de uma linha de raciocínio que associa o fumo ao prazer, para um sentimento de culpa ao pegar o cigarro. Nesse momento, um aconselhamento profissional que assessora o fumante e, se necessário, envolva o uso de medicamentos anti-tabaco, tem grande possibilidade de êxito”, completa.
Os perigos vão além da possibilidade de desenvolver doenças graves, pois diversos aspectos da qualidade de vida dos fumantes podem ser comprometidos pelo tabaco. “Não podemos deixar de salientar os diferentes impactos negativos no dia a dia dos fumantes, tais como a redução da resistência física, perda de olfato e paladar e queda do desempenho sexual”, ressalta.
Para aqueles que conseguiram deixar o cigarro de lado e buscam a reabilitação da capacidade dos pulmões, a chamada fisioterapia pulmonar é considerada uma alternativa efetiva. “A recuperação do órgão irá depender da carga tabágica na qual o indivíduo estava habituado. É triste reconhecer que, apesar das importantes melhorias observadas, muitas das lesões deixadas são irreversíveis, portanto, quanto mais precoce for o abandono ao fumo, menos sequelas persistirão”, finaliza.
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