Da miocardite ao estresse: entenda as consequências da Covid-19 no coração
Covid-19 desafia a cardiologia com sequelas da doença e de fatores psicológicos; Incidência da Síndrome do Coração Partido tem aumento relativo de 5 vezes durante a pandemia, diz estudo
A Covid-19, apontada especialmente como uma doença que afeta os pulmões, também traça um desafio do ponto de vista da cardiologia. Segundo declarações do cardiologista, cientista e autor americano Eric Topol, o vírus, considerado respiratório, já mostra alterações importantes nas células do coração. Em suas redes sociais ele afirma que atletas que testaram positivo para a Covid-19 apresentaram ressonâncias magnéticas cardíacas anormais, consistentes com miocardite, mesmo sem sintomas. O hospital Samaritano Paulista, do Americas Serviços Médicos, referência na especialidade, também observou o comprometimento cardiológico do coronavírus e alerta para a importância do acompanhamento e de possíveis sequelas. “Com medo do contágio, uma população em situação de risco evitou buscar atendimento médico, o que resultou na redução do número de atendimentos em emergências. Isso se associou ao aumento do número de mortes cardíacas em ambiente domiciliar (morte súbita). Dessa forma, é importante que o paciente que apresente dor no peito, falta de ar inexplicada e desmaio, procure imediatamente atendimento médico, pois pode se tratar uma situação de risco (como infarto) em que o tempo é essencial para reversão do quadro”, diz Dr. Valter Furlan, diretor da unidade, que reforça a implantação de novos fluxos de segurança adotados pelo hospital.
Dentre os atendimentos do hospital houve detecção de complicações cardíacas em pacientes acometidos por Covid-19 ‘com’ e ‘sem’ doenças pré-existentes, entre elas a miocardite, cardiomiopatia de estresse e o próprio infarto do miocárdio por complicações trombóticas da Covid-19. A Miocardite é uma complicação frequente na covid-19, muitas vezes assintomática, mas que deve ser identificada e acompanhada, pois se o paciente desenvolver cicatrizes cardíacas pós-miocardite, isso representaria risco maior de arritmias e insuficiência cardíaca. “O exercício físico deve ser evitado na fase da inflamação ativa e o acompanhamento com cardiologista é fundamental para maior segurança no retorno às atividades”, completa o médico.
Comprometimentos vasculares, como a trombose, também foram observados. Ela está ligada a formação de um coágulo (ou trombo) que, em algum lugar do sistema circulatório, leva à obstrução do vaso sanguíneo. A infecção com potencial sistêmico como a Covid-19 aumenta o risco de o sangue coagular além da conta e formar trombos. “Em relação a parte vascular durante a pandemia, há aumento da incidência de tromboses tanto em artérias como em veias sendo uma complicação temida e comum nestes pacientes a embolia pulmonar”, diz Dr. Valter Furlan.
Síndrome do coração partido: incidência de cardiomiopatia de estresse durante a pandemia
Além das consequências cardíacas relacionadas ao coronavírus, o estresse também foi apontado como um vilão nesta pandemia relacionado a fatores psicológicos, sociais e econômicos. Um estudo publicado no JAMA analisou esta questão: ‘Incidência de cardiomiopatia de estresse durante a pandemia de doença do coronavírus de 2019’.
A cardiomiopatia de estresse, a chamada Síndrome do Coração Partido, é uma disfunção transitória do coração que se apresenta com um quadro idêntico a um infarto, porém sem obstrução na artéria do coração (diagnóstico só pode ser definido após cateterismo).
O intuito dos pesquisadores era provar que o estresse psicológico, social e econômico associado à doença coronavírus 2019 (COVID-19) estava relacionado a incidência de cardiomiopatia por estresse.
As análises giraram em torno de 1914 pacientes com síndrome coronariana aguda. Foram comparados pacientes que se apresentaram durante a pandemia com pacientes que se apresentaram em quatro linhas do tempo antes da pandemia. O resultado foi um aumento significativo na incidência de 7,8% de cardiomiopatia de estresse durante o período de Covid-19, em comparação com as incidências pré-pandêmicas que variaram de 1,5% a 1,8%. Isso significa em termos relativos um aumento de 5 x mais na ocorrência de cardiomiopatia de estresse. “Não há um tratamento claro para cardiomiopatia de estresse, mas de uma forma geral devemos seguir as medidas de estilo de vida saudáveis com ênfase no controle do estresse. Acompanhamento psicológico seria altamente recomendável também pois é muito comum a identificação de quadros de ansiedade e depressão nesses pacientes, destaca Dr. Valter Furlan.
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