Pandemia oculta: como a Covid-19 afeta a saúde mental e do coração
Especialistas alertam para as consequências emocionais do isolamento social, sobretudo para o coração
A pandemia pelo novo coronavírus já causou muitas mortes e perdas econômicas em todo o mundo, e embora a melhor forma de proteção contra o vírus seja o isolamento social, muitas pessoas têm vivenciado uma “pandemia oculta” de ansiedade e angústia, que afeta diretamente a saúde do coração. Isso é o que indicam estudos recentes divulgados pelo Journal o American Medical Association (JAMA), MDeadge e Medscape.
O Diretor de Comunicação da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), Dr. Bruno Bandeira, explica que a quebra da rotina diária, bem como a constante exposição às histórias de morte, preocupação com a saúde da família, dos amigos e a pressão gerada pela instabilidade econômica podem favorecer ao adoecimento físico e mental.
Embora a pandemia tenha um prazo para acabar, existe a preocupação das consequências, sobretudo emocionais que ela deixará na população. “Nós sabemos da grande correlação dos distúrbios mentais com o coração, pois indivíduos que têm depressão e ansiedade possuem mais chances de desenvolver problemas cardiovasculares, com maiores índices de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), conforme já comprovado por diversos estudos”, aponta o cardiologista.
Segundo ele, a pandemia tem gerado diversos distúrbios psicossomáticos, ansiedade além das capacidades físicas suportadas pelos pacientes. Ele relata que são frequentes as queixas de palpitação, dor no peito, elevação da pressão arterial, descompensações cardíacas, alteração do sono, e dessa forma há a desregulação hormonal, gerando sintomas e consequências cardiovasculares graves.
Profissionais da saúde
Um estudo publicado recentemente pelo JAMA, mostra que profissionais de saúde são diretamente afetados emocionalmente, especialmente aqueles que estão na linha de frente no combate à Covid-19. Examinando mais de 1.200 enfermeiros e médicos em 34 hospitais na região de Wuhan e na China, os autores descobriram altas taxas de prevalência de sintomas de depressão e ansiedade.
Nesse estudo, 50,4% dos participantes relataram sintomas de depressão, 44,6% de ansiedade, 34% de insônia e 71% de angústia. Aproximadamente 14% dos médicos e quase 16% dos enfermeiros descreveram sintomas depressivos moderados ou graves. As que apresentavam maior risco de sintomas depressivos e ansiosos incluíam mulheres, principalmente as que tinham mais tempo de profissão.
De acordo com Dr. Bruno Bandeira, esse quadro é preocupante, uma vez que as taxas de suicídio entre os profissionais de saúde são altas, e que existe uma grande preocupação com o adoecimento desses especialistas durante a pandemia, gerado pelo esgotamento físico e mental.
“Temos vistos que os profissionais que estão nos hospitais de campanha, ou áreas de tratamento a pacientes com coronavírus, ficam por horas sem se alimentar, beber água ou descansar, esses são fatores muito significativos para a síndrome de Burnout, um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante”, alerta.
Como amenizar
Para melhorar a saúde mental durante a pandemia, Dr. Bruno Bandeira dá algumas dicas:
- Abstenha-se de uma quantidade exaustiva de notícias
- Cuidado com as informações falsas divulgadas, sobretudo pelas redes sociais
- Concentre-se no trabalho
- Evite longos períodos de inatividade física
- Alimente-se de forma saudável
- Procure apoio na espiritualidade
- Encontre formas de diversão, como cozinhar, falar com amigos por chamadas de áudio ou vídeo, fazer trabalhos manuais.
Fontes:
https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2763229
https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2763224
https://www.mdedge.com/infectiousdisease/article/219612/coronavirus-updates/covid-19-leading-mental-illness-pandemic?fbclid=IwAR3X1QP7bPPb3KnphAZoKQsackZUPqvwnouxxKCx6fwFKPdi5IiCKXi_LfM
https://www.medscape.com/viewarticle/927581#vp_2
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