Como a depressão pode levar artistas à dependência química?
*Por Bruno Vieira
Uma vida de fama, visibilidade, dinheiro na conta, com rotinas exaustivas de trabalho e cobranças são alguns dos fatores principais que causam o esgotamento emocional e podem despertar o desejo por novas sensações, como o contato com as drogas. Normalmente, é o vício que resulta num quadro depressivo. Mas, em outros casos, com o intuito de aliviar os sintomas da depressão, pessoas abusam de substâncias, criando um ciclo perigoso em que os quadros se agravam mutuamente.
Essa relação se encontra embasada no estudo Comorbidity of Psychiatric Disorders and Nicotine Dependence Among Adolescents, confirmando que o início precoce de qualquer transtorno psiquiátrico aumenta as chances do uso posterior de entorpecentes. Quando a droga entope os receptores do usuário que reabsorvem a dopamina, perpetua a sensação de prazer, fazendo o usuário acreditar que está, naquele momento, livre de qualquer pressão, problema ou situação que seja difícil encarar.
No fim de 2019, o cantor Justin Bieber revelou em uma de suas redes sociais o quanto a fama foi nociva para a sua vida, alegando que o estrelato no início da adolescência o levou à depressão e à falta de humildade, e em seguida ao abuso de drogas. Porém, após se tratar com profissionais, o cantor diz ter mudado de vida – final diferente do cantor brasileiro Chorão, da banda Charlie Brown Jr que, em março de 2013, foi encontrado morto em seu apartamento vítima de uma overdose de cocaína. A viúva do artista relatou em seu livro que “mesmo com uma agenda cheia de shows para cumprir, o estado de espírito dele era a insatisfação permanente”, resultado de uma depressão profunda.
Quando uma pessoa tem uma experiência ilícita – seja por curiosidade, desejo por novas sensações ou necessidade de criar uma realidade – ela se sente satisfeita após o uso, tornando comum consumir outras vezes. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, entre 162 milhões e 324 milhões de pessoas (de 3,5% a 7% da população mundial), com idade entre 15 e 64 anos, consumiram ao menos uma vez algum tipo de droga ilícita, de acordo com dados do Relatório Mundial sobre o uso de drogas.
A grande questão é que o dependente químico, seja ele famoso ou não, perde o total domínio sobre sua vontade de utilizar drogas, transformando esse hábito em uma prioridade no seu dia a dia.
Precisamos, urgentemente, acabar o tabu de que depressão é sinônimo de fraqueza ou “frescura”. A psicologia busca recursos para compreender o ser humano, seja em seus comportamentos, pensamentos, emoções ou vícios, tornando-se essencial para o convívio e sobrevivência. Depressão e drogas matam.
*Bruno Vieira é psicólogo e possui especialização em Psicologia e Desempenho Esportivo pelo FC Barcelona
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