Projeto “Huapa Família” é implantado como forma de humanizar a UTI do hospital
É quase unanimidade entre aqueles que acompanham familiares ou precisam utilizar serviços de urgências, emergências e prontos-socorros que hospitais são ambientes impessoais, apáticos e fontes de angústia. Em unidades de terapia intensiva (UTI), os sentimentos se manifestam com ainda mais intensidade, pois ali os acompanhantes veem seus entes serem cuidados em uma sala fria, cheia de fios e aparelhos e, por isso, bem pouco convidativa. Visando mudar essa percepção e promover um espaço de acolhimento, onde familiares, pacientes e a equipe multiprofissional da UTI possam conversar e estabelecer vínculo terapêutico, a coordenação de Psicologia do Hospital Estadual de Urgências de Aparecida de Goiânia Cairo Louzada (Huapa), da SES – Governo de Goiás, criou o projeto “Huapa Família”.
Por meio de reuniões, o projeto busca acolher, preparar e acompanhar familiares para que participem do processo de cuidado do paciente internado na UTI, além de levantar informações sobre a família, para que os parentes tenham um atendimento personalizado dentro do hospital. Os encontros ocorrem semanalmente, às terças e quartas-feiras, a partir das 9h30min, na sala da coordenação de Psicologia do hospital e a ordem das reuniões é definida de acordo com gravidade do quadro clínico do paciente; o grau de vulnerabilidade da família; e a necessidade de intervenção da equipe multidisciplinar do Huapa. Por encontro, que acontecem de hora em hora, participam as famílias dos pacientes internados na UTI, um médico do setor e um psicólogo. Dependendo do quadro clínico do paciente, outros profissionais da equipe multidisciplinar também podem participar dos encontros. Desde maio de 2018, quando o projeto teve início, cerca de 65 familiares de pacientes já participaram. De acordo com pesquisa interna realizada nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro, o “Huapa Família” tem índice de aprovação de 90%.
Uma das primeiras famílias a participarem foi a da professora Kárita Consuelo Pinheiro, de 36 anos. A paciente deu entrada no hospital no dia 29 de maio, em razão de dores no peito e ficou internada na UTI do Huapa durante duas semanas com o diagnóstico de síndrome do coração partido, que é ocasionada por estresse. A mãe da jovem, a terapeuta holística Helena Assis, de 65 anos, conta que o projeto “Huapa Família” ajudou os familiares a passarem pela difícil fase de ver a professora no hospital. “Com a ajuda dos psicólogos do Huapa eu consegui lidar com a situação, pois ficamos muito assustados com o quadro inesperado da Kárita. Nós não tínhamos noção de como agir, porque todos os dias quando chegava para ver minha filha, havia algo novo no prontuário dela”, conta dona Helena, que ainda ressaltou a importância do trabalho da coordenação de Psicologia do hospital. “Havia dias que não podia conversar muito com os médicos, somente durante a visita na UTI, que era rápida, mas, nas reuniões com os psicólogos, eu conseguia mais informações sobre o estado da Kárita e eles também me ajudavam a conseguir um tempo a mais com minha filha”, afirma. Kárita recebeu alta no dia 26 de junho.
Janaína Gouvêa, coordenadora de Psicologia do Huapa, explica que a psicologia na área hospitalar é uma especialidade recente que foi se constituindo de acordo com o avanço do conhecimento técnico científico e que a presença de psicólogos em UTIs estabeleceu uma atuação de compreensão e intervenção entre pacientes e profissionais da saúde no que tange o emocional, e não apenas a saúde física. “No momento em que pacientes e famílias se deparam com todas as questões emocionais que advém do adoecimento, a Psicologia busca proporcionar estratégias de enfrentamento para o contexto de crise”, explica. A psicóloga ainda ressalta a importância do projeto na UTI do hospital. “O ‘Huapa Família’ ajudou a fortalecer a tríade entre paciente-família-equipe, de forma que cada processo do tratamento possa ser discutido e planejado envolvendo a todos. Diante das informações e suporte que os profissionais oferecem, as decisões vão sendo tomadas de acordo com as condutas e protocolos, mas também pela particularidade de cada caso e, assim, a família pode participar das decisões durante o tratamento do paciente”, pontua Janaína.
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