Ataque da Rússia na Ucrânia impacta a cadeia do turismo no Brasil
Os efeitos do conflito entre Rússia e Ucrânia reverberam pela economia e o turismo do Brasil – e do mundo -, ainda que os dois países não figurem na lista de destinos preferidos dos brasileiros. O primeiro reflexo é sobre o preço do petróleo, que faz com que o valor dos combustíveis suba consideravelmente. Tendo em vista que o peso do custo do combustível chegue a 30% do custo das companhias aéreas, a tarifa das passagens deve aumentar substancialmente, independentemente do destino ser doméstico ou internacional.
Em nota, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) avaliou o impacto da guerra na Ucrânia para os valores do barril de petróleo, constatando que as cotações se aproximam de US$ 140, maior preço no País desde 2008. Isso pressiona ainda mais o já elevado preço do QAV (querosene de aviação), que em 2021 alcançou seu maior patamar, acumulando alta de 76,2%, superando as variações do diesel (+56%), gasolina (+42,4%) e gás de cozinha (+36%), segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“É importante destacar que, historicamente, o combustível responde por mais de um terço dos custos do setor, que por sua vez têm uma parcela superior a 50% indexada pelo dólar. Diante desse cenário, a Abear informa que o consequente encarecimento do QAV nos curto e médio prazos poderá frear a retomada da operação aérea, o atendimento logístico a serviços essenciais e inviabilizar rotas com custos mais altos, incluindo o foco na expansão de mercados regionais, em um setor que acumula prejuízo de R$ 37,4 bilhões de 2016 até o terceiro trimestre de 2021, impactando também o transporte de cargas e toda a cadeia produtiva do turismo. A Abear defende que medidas emergenciais de contenção de preços que possam ser tomadas durante a vigência do conflito incluam o QAV, amenizando dessa forma a crise do setor”, diz o documento.
De acordo com o CEO da Kennedy Viagens Corporativas, Leonardo Bastos, os preços de outras commodities, como o aço, também devem atingir o bolso do consumidor.
“Conflitos entre países costumam empurrar os investidores para mercados mais seguros e, com isso, o dólar ganha força em detrimento das demais moedas. Assim, já sentimos a elevação do preço do petróleo e do aço, por exemplo, que tem influência direta sobre a manutenção das aeronaves. Então, a guerra que acontece do outro lado do mundo impacta diretamente o turismo no Brasil”, explica Bastos.
Ainda que o volume total seja baixo, existe turismo entre o Brasil e esses dois países, principalmente viagens de negócios para a Rússia. Com o espaço aéreo ucraniano fechando por ordem do governo daquele país e a proibição de voos com destino ou vindos da Rússia pelos países europeus e pelos Estados Unidos, hoje seria praticamente impossível a um brasileiro viajar para qualquer um dos dois destinos.
O medo já se espalha também entre turistas que tinham como rota países próximos à área em conflito.
“Ir para países vizinhos e tentar uma travessia por terra é uma opção perigosa e desaconselhável já que quase todos fecharam a fronteira com a Rússia. Muitos clientes que iam para países próximos estão remarcando a viagem. Naquela região é comum roteiros que incluem vários países em uma única viagem pelo Leste da Europa, melhorando a relação custo-benefício. Esse é um momento em que muitos estão preferindo observar e aguardar por um melhor cenário”, pontua.
Para o futuro, porém, as expectativas começam a melhorar. O fim do conflito Rússia e Ucrânia tende a facilitar a entrada dos turistas em busca de capital que permita a reconstrução física e moral das duas nações. Até antes da guerra a política para a entrada de brasileiros era considerada tranquila e sem muita burocracia.
“Pode ser que tudo isso atice a curiosidade dos turistas sobre a Ucrânia, principalmente, e que as viagens por lá se tornarem mais baratas pela desvalorização da moeda. Mas a questão do preço ainda é uma incógnita porque, acabado o conflito – que não sabemos quando nem como será –, os reflexos sobre a economia global ainda permanecerão por bastante tempo. Tudo isso somado aos efeitos da própria pandemia que ainda não foram resolvidos. Então pode ser que o preço interno nesses países seja convidativo, principalmente na Ucrânia, mas, mesmo assim, ainda seja uma viagem cara”, alerta o CEO da Kennedy Viagens Corporativas.
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