Turismo hospitalar potencializa mercado imobiliário em Goiânia
Segundo especialistas, capital goiana deve receber, além de muitos pacientes para tratamentos, executivos e médicos com a chegada de grandes redes de saúde, o que provocará a movimentação do mercado
Goiânia tem uma localização estratégica na região central do País, o que possibilita o fácil deslocamento de pessoas e produtos para todo o Brasil, além da proximidade com Brasília, o que cria um eixo econômico forte entre as duas metrópoles. Em razão disso, a capital goiana tem atraído grandes redes de saúde como o Hospital Israelita Albert Einstein, que abriu sua única unidade fora de São Paulo, a rede Mater Dei que anunciou a compra do Hospital Premium, além dos grupos Kora Saúde, Rede D’or, Hospital Care e Sírio Libanês, especializados em medicina de alta complexidade, que também já visam operações na cidade.
Em 2016, um levantamento encomendado pelo Órion Complex, sob orientação da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, apontou que Goiânia já tinha uma atratividade por serviços de saúde que atingia todos os estados do Centro-Oeste e grande parte do Norte do País, indo até o Acre. O estudo é um compilado de dados do Ministério da Saúde, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Agência Nacional de Saúde (ANS).
Essa realidade é confirmada por outro estudo, o Censo Hoteleiro de 2017, o último realizado pelo Observatório de Turismo do Estado de Goiás. Nele está a constatação de que 25,7% dos turistas de Goiânia vêm à cidade por razões médicas. Goiás, que está entre em 11° lugar no número de especialistas, de acordo com a demografia médica de 2020, realizada pela Universidade de São Paulo (USP), é destaque em especialidades como oftalmologia, cardiologia, oncologia, urologia, queimaduras, procedimentos estéticos, odontologia e cirurgias bariátricas.
De acordo com o especialista em mercado imobiliário e diretor da URBS Imobiliária, Ricardo Teixeira, a chegada de novos hospitais como a rede Hapvida - que se tornou o maior grupo de saúde o país -, e o Hospital Albert Einstein - considerado o mais moderno da América Latina -, provoca uma movimentação ainda maior de pessoas em busca de tratamentos, o que já repercute diretamente no mercado imobiliário.
“Goiânia agora se consolida como polo de saúde completo a partir da chegada dessas grandes redes hospitalares premium, que aumentam ainda mais a atratividade da capital por serviços de saúde. Elas geram um aumento de demanda por moradia para os médicos que aqui aportam, de imóveis para atender pacientes de fora que vêm para a capital em busca de tratamento, e assim por diante. Além disso, vem também um tipo de fomento à economia muito característica do mercado executivo: normalmente, eles têm renda maior, aquecendo o mercado imobiliário de alto padrão. A consequência será uma forte valorização do metro quadrado na capital, por exemplo”, pontua Teixeira.
O especialista explica que, até 2040, as premissas que sustentam o mercado imobiliário são o bônus demográfico e crescimento do país, somando-se o fato de Goiânia ser uma capital jovem que cresce acima da média nacional. “Nossa capital já recebe muita gente de fora e, com a chegada de novas redes de saúde, o turismo hospitalar vai favorecer, inclusive, a formação de novos bairros”, completa Teixeira.
Ainda segundo Teixeira, as redes provocam o aquecimento dos imóveis comerciais, tanto para venda quanto para locação. Há pouco tempo, eles estavam em um período desfavorável e em sua visão, essa é uma evidência do aquecimento do mercado imobiliário na capital goiana em razão da saúde. “Atualmente, as salas comerciais estão com o metro quadrado bastante valorizado, especialmente em grandes centros de especialidades, como o Órion Complex, que é o maior complexo médico e de negócios do Centro-Oeste”, afirma Ricardo Teixeira.
A tendência, considera o diretor da URBS Imobiliária, é o aumento de lançamentos de empreendimentos compactos próximos a esses complexos hospitalares, de forma semelhante ao que já ocorre em outras cidades com esse tipo de serviço. “Esses produtos possuem alta rentabilidade e valorização, já que a demanda por locação é sempre muito alta nesses locais”, destaca.
Mercado aberto
O médico e analista do mercado financeiro, certificado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Ibrahim Facuri, reforça a ideia de expansão, atratividade e crescimento da capital goiana a partir do turismo hospitalar e da chegada dessas novas redes na região central do país.
“Goiânia faz parte de uma região central e esses grandes grupos gostam de fazer construções em cinturões. Por exemplo, se o grupo compra um hospital em Alagoas e outro no Rio Grande do Sul, pela localização geográfica, é muito difícil conseguir gerir essas unidades com a mesma equipe, de forma integrada. Então eles vão fazendo expansões mais próximas e se instalam em regiões centrais do país, como a capital goiana, de onde conseguem fazer uma gestão única e partir com facilidade para qualquer outro lugar. Goiânia também tem outro grande atrativo que é o mercado aberto para a competitividade desses grupos, já que não existe uma dominância por aqui, o mercado dos planos de saúde é majoritariamente composto por redes públicas como o Ipasgo, o que deixa o caminho aberto”, diz Facuri.
De acordo com o médico, a valorização proporcionada por essa migração a Goiânia, influencia a cidade de forma ampla, potencializando resultados em diversas áreas. Segundo ele, há alguns anos, apesar da cidade já apresentar atratividade em tratamentos médicos, a procura por atendimentos avançados e de alta complexidade em outras cidades era uma realidade. “Antes falávamos que o melhor hospital de Goiânia era o aeroporto Santa Genoveva, onde você pegava o avião e ia para São Paulo. Mas agora não há mais essa necessidade. Isso vai atrair pessoas do entorno do Distrito Federal, do interior de Goiás e de outros estados”, destaca Ibrahim Facuri.
Progresso profissional
Natural de São Paulo, a cirurgiã plástica Carina Malena desembarcou em Goiânia em busca de progresso profissional e, segundo ela, foi ainda mais encorajado com a chegada do Hospital Albert Einstein à cidade. Para a médica, isso foi fundamental para concretizar a mudança para o Centro-Oeste.
“O crescimento econômico de Goiânia já me chamava a atenção, mas a construção do Órion Complex e a Gestão Einstein do hospital que passou a ser definitiva, me deram a segurança de que a minha mudança de São Paulo para a capital goiana seria, profissionalmente, de muito progresso”, afirma ela, que faz cirurgias na unidade de saúde.
Ainda de acordo com a cirurgiã plástica, entre os principais motivos para a escolha da cidade estava a possibilidade de atendimento a pessoas de outras regiões, com acesso facilitado. “Escolhi a cidade de Goiânia para abrirmos também a clínica de atendimento em cirurgia plástica e especialidades médicas, principalmente, porque a cidade tem capacidade para receber pessoas de todo Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. Por atender em um local central como o Órion, que tem uma estrutura completa para acolher esses pacientes, de hotel, a alimentação e business, esse atendimento se torna ainda mais cômodo”, completa ela.
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