Boletim Mensal Braztoa: impactos iniciais da Ômicron nas viagens e sustentabilidade em tempos de pandemia
O Turismo e o comportamento do consumidor são dinâmicos e podem ser impactados a cada mudança de cenário. Além da abertura de fronteiras, oscilação cambial, panorama pandêmico, outros fatores podem trazer movimento para os indicadores das pesquisas. Nas últimas semanas, dois temas estiveram em evidência: mudanças climáticas e sustentabilidade com a COP 26 e a identificação variante Ômicron, duas pautas importantes, que exercem grande influência na decisão de compra das viagens. Afinal, diante de tantos desafios decorrentes da pandemia da COVID-19, como o consumidor e o setor de turismo estão inserindo a sustentabilidade no seu dia a dia? A variante Ômicron já trouxe impactos para as vendas de viagens?
Esses são os temas centrais do Boletim Mensal Braztoa, estudo realizado por meio de uma parceria entre a BRAZTOA (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) e a UP Soluções, com o objetivo de gerar inteligência de mercado a partir de informações das associadas, que também trará os resultados das operadoras de turismo no mês de novembro. Nesta edição, os dados sobre sustentabilidade foram elaborados e analisados pela UP Soluções em conjunto com Helena Costa, Coordenadora do LETS - Laboratório de Estudos em Turismo e Sustentabilidade, ligado ao CDS (Centro de Desenvolvimento Sustentável) da Universidade de Brasília.
Diante da nova variante Ômicron, 88% das operadoras sinalizaram que o impacto inicial ficou no âmbito das informações e pedidos de orientação, o que reforça seu papel de levar informação atualizada e de qualidade aos viajantes para uma tomada de decisão mais assertiva, com base nos dados aos quais a entidade tem acesso e compartilha entre o grupo. Até o momento, 42% das empresas não receberam solicitações de reagendamento e 60%, não foram acionadas para cancelamentos.
O mesmo se observa nas buscas para o Carnaval e Réveillon, já que, apesar do anúncio do cancelamento das festas tradicionais em diversas cidades, 16% das operadoras não receberam pedidos de reagendamento, 46% tiveram um impacto baixo neste quesito, e 53% não tiveram solicitações de alteração de destino ou serviço. “As festas são importantes para atrair mais pessoas, mas observamos que o principal atrativo, neste momento, é a realização da viagem, o próprio destino e toda experiência turística que ele oferece, principalmente pelo fato de que a maior parte vendas do mês foram para passageiros individuais/pequenos grupos até 10 pessoas”, explica Marina Figueiredo, vice-presidente do Conselho de Administração da BRAZTOA.
Voltando os olhares para o desempenho das operadoras, em novembro, 56,5% alcançaram 50% ou mais do faturamento pré-pandemia, 5% a mais que no mês anterior, enquanto 43,5% ainda trabalham para alcançar 50% do que venderam em 2019.
94% das operadoras realizaram vendas para destinos internacionais. Além disso, em outubro, 80% dos embarques nacionais foram de novas vendas e, no internacional, 75% dos embarques vieram de vendas novas, o que reforça a credibilidade das operadoras, entregando o contratado, além e evidenciar o protagonismo das novas comercializações.
O mercado nacional segue representando a maior parcela das comercializações e o Nordeste se mantém como região mais vendida. No ranking dos destinos, o primeiro lugar ficou com Gramado e Natal, em segundo aparecem Porto de Galinhas e Rio de Janeiro e, em terceiro lugar, estão Maceió e Fortaleza.
Sobre a data de realização das viagens nacionais comercializadas em novembro, 19% das vendas foram para embarque no próprio mês e 22,7% para embarques em dezembro de 2021. Outros 43% das vendas se realizarão no 1º semestre 2022 e 15% se concretizarão no 2º semestre do próximo ano ou depois.
No internacional, América Central, Caribe, Europa e América do Norte foram as regiões mais vendidas. Vale destacar a proximidade do volume de vendas entre as regiões e América do Norte figurar entre elas, algo que não aconteceu nos meses anteriores, em razão das fronteiras fechadas. O destino mais vendido foi Estados Unidos, com ênfase em Nova York, Orlando e Miami, em segundo lugar ficaram Cancún, Dubai e Egito, e, em terceiro lugar, Portugal, França e Canadá.
Em relação aos embarques internacionais, os números mostram que houve um aumento na antecedência da compra, já que apenas 10% das vendas foram para embarques ainda em novembro, 16% para dezembro, 46% para o primeiro semestre 2022 e 28% para o 2º semestre 2022.
Panorama da sustentabilidade nas operadoras
Turismo e Sustentabilidade caminham juntos. Afinal, o futuro depende da adoção de práticas sustentáveis em todos os setores possíveis, equilibrando a saúde financeira, social e ambiental do segmento e do país. Para Helena Costa, coordenadora do LETS/UnB, “a sustentabilidade é fundamental na construção do futuro do turismo, especialmente diante das mudanças de padrões e valores proporcionadas pela pandemia. São as decisões e os esforços coordenados de hoje que podem gerar um processo que leva a grandes transformações”.
A pesquisa revela atenção a temas globais contemporâneos e fundamentais para um turismo mais sustentável. Segundo esta edição do Boletim Mensal Braztoa, em comparação com 2019, 47% das operadoras afirmam que as ações de sustentabilidade estão similares e 41% apontam para avanços, indicativos de que, apesar dos momentos desafiadores dos últimos quase dois anos, ações ligadas à sustentabilidade se mantiveram presentes entre as associadas BRAZTOA.
Além disso, essas mesmas operadoras, juntas, contribuem para todos os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), com destaque para o ODS 5 (igualdade de gênero), ODS 3 (saúde e bem-estar) e ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico). Isso revela a amplitude das ações das operadoras de turismo e seu alcance.
Entre os fatores que mais motivam as ações e implementações sustentáveis, a proteção do meio ambiente sai na frente, com 25%, seguida da melhoria da sociedade, com 22%. Aqui, fica evidente a importância dos destinos e seus atrativos naturais, matérias primas turísticas, além das pessoas e das comunidades visitadas, que desempenham um papel crucial para que as experiências proporcionadas sejam memoráveis.
No pilar Ambiental, as ações mais desenvolvidas pelos associados da BRAZTOA são economia de energia (65,8%), água (64%) e redução do consumo de plásticos de uso único (61,9%). Em contraponto, um tema extremamente atual, que é a redução da pegada de carbono ainda é um desafio que precisa ser trabalhado com mais afinco e aparece com 38,4%. Vale ressaltar que, durante a COP26, os grandes players do turismo se comprometeram com a redução da pegada de carbono em 50% até 2030 e zerar até 2050. Mesmo este sendo um evento recente, 6,4% das operadoras já são signatárias, 12% já desenvolvem ações para redução de emissão de gases com efeito estufa e 74% pretendem realizar.
Em relação ao lado social, destacam-se a promoção da igualdade racial (83,2%), igualdade de gênero (80,6%), realização de treinamentos e qualificação da equipe (75%) e implementação de medidas para equilibrar o trabalho e a vida pessoal dos colaboradores (70%). A seleção de fornecedores que demonstram responsabilidade social já aparece entre 62% dos associados. A inclusão de pessoas com deficiência (50,8%) figura como quesito que merece atenção para ganhar mais protagonismo
O viés econômico foi o que teve os maiores e mais homogêneos resultados, com destaque para a escolha de fornecedores que demonstrem capacidade de entrega (86,8%), utilização de modelos comerciais saudáveis (82,5%), aplicação e estratégias para manutenção no mercado nos próximos cinco anos (76,8%). O foco na gestão para atração de investimento (65,8%), aparece como ponto a ser melhor desenvolvido.
Rayane Ruas, Head of Intelligence da UP Soluções destaca que “os dados mostram que a sustentabilidade deixou de ser somente discurso e passou a ser realidade e uma demanda do mercado. Entretanto, um empreendimento não alcança a sustentabilidade e conclui este desafio. Ela é uma prática continua que pode ser aprimorada a cada dia. Olhar para a sua realidade, implementar ações e monitorar os resultados são fundamentais para conseguirmos mensurar os avanços.
Entre os principais desafios elencados para a implementação da sustentabilidade, destacam-se aspecto financeiro (possibilidade de investimento), com 21%, operacional (mudar processos e o envolvimento do pessoal), ambos com 15%. Quando falamos de desafios com maior possibilidade de serem superados, ou seja, aqueles menos vistos como dificuldades, temos o envolvimento do cliente (6,73%), seguidos da identificação de fornecedores e conhecimentos, e informações para implementá-los, que aparecem com 7,6%.
Observa-se ainda que os associados percebem que a valorização dos aspectos relacionados à sustentabilidade entre os consumidores aparece entre baixa e média. As alterações de comportamento do cliente ligadas à sustentabilidade na pandemia ainda não se mostram muito claras para as empresas, já que 42% não conseguem avaliar esse aspecto ainda, ao lado de um número similar de empresas que acreditam que os comportamentos foram alterados (27%) e a parte que acredita que não foram (30%). As alterações percebidas dizem respeito a mudanças nos padrões das viagens (30%), ao lado do surgimento de uma maior preocupação com questões de sustentabilidade (21%) e maior curiosidade sobre produtos e serviços sustentáveis (26%).
Quando o assunto é a comunicação com o consumidor, a transparência, empatia e responsabilidade estão em primeiro lugar, seguidas da garantia de uma entrega adequada para cada perfil.
“Esse cenário reafirma o posicionamento das operadoras como um elo da cadeia que oferece segurança e apoio desde a intenção de compra até total realização da viagem, e mostra a importância dessas empresas como influenciadoras e fomentadoras de tendências e desenvolvimento de novos hábitos entre seus clientes, o que é fundamental para alavancar o apoio às iniciativas sustentáveis no Turismo”, reforça Pablo Zabala, vice- presidente Conselho de Administração da BRAZTOA.
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