Aeroportos privados são solução para desenvolvimento da aviação brasileira
O Brasil é o segundo país do mundo em aviação geral no mundo mas, quando se fala em infraestrutura, é dez vezes menor do que o primeiro colocado, os Estados Unidos. Com dimensões continentais, são apenas 150 cidades com aeroportos públicos, enquanto o país tem 5570 municípios. A implantação de aeroportos privados, na visão dos especialistas, é uma solução para o crescimento da aviação no País
O assunto foi tema de live entre do piloto Fernando De Borthole, fundador do canal Aero Por Trás da Aviação - um dos mais acessados no País, com quase um milhão de inscritos - com o jornalista William Waack que, além de ser um consagrado comunicador, também é piloto nas horas vagas. Por mais de uma hora e meia, eles falaram sobre o novo cenário da aviação brasileira, e contaram também com participações de especialistas como o presidente da Associação Brasileira da Aviação Geral (Abag) Flávio Pires, e do diretor da organização, Raul Marinho.
“Fala-se muito na aviação comercial, mas a aviação geral é muito importante para conectar as cidades brasileiras”, considerou Fernando. “Sem essa conexão, o país para”, concordou Waack. Contudo, a realidade é que, normalmente, os pequenos aviões acabam disputando e perdendo espaço para as aeronaves comerciais nos aeroportos públicos. Restam a elas, na maior parte das vezes, os aeródromos com pistas de menor estrutura.
Nesse contexto, eles pontuaram os benefícios para o País do lançamento do Antares Polo Aeronáutico, que está sendo desenvolvido em Aparecida de Goiânia por um grupo empreendedor privado. “Ele está no centro do Brasil e será um hub logístico para atender todas as regiões”, explicou Fernando. Além disso, ele também atenderá a demanda do próprio Centro-Oeste, que concentra 20% das aeronaves do Brasil, de acordo com a Abag.
“Goiás é o coração da aviação geral brasileira e, mesmo estando em São Paulo, nós reconhecemos esse protagonismo da região”, disse o presidente da Abag, Flávio Pires. Ele comentou ainda que lhe chamou atenção a melhoria da frota do Centro-Oeste nos últimos anos, que recebeu quase 100 aeronaves turboélices, sugerindo a pujança do setor aeronáutico. “Trata-se de uma migração de aviões que custavam 400 mil dólares para seis milhões de dólares”.
Segurança jurídica
Com 209 hectares de área, o Antares Polo Aeronáutico será voltado para aviação executiva, manutenção e operações logísticas. Terá pista de 1,8 quilômetros, terminal de embarque e desembarque,terminal de embarque e desembarque, posto para abastecimento, pista de acesso aos hangares (taxiway), área para Fixed Base Operator (FBO), estacionamento para visitantes e área para helicentro, além de outros serviços relacionados direta e indiretamente à aviação geral, que poderão adquirir áreas para se instalarem em seu entorno..
São 654 mil m² será destinada para receber hangares de aviação executiva, de manutenção de aviões, escolas de aviação, empresas de compra e venda de aeronaves, peças e fornecedores em geral. A estrutura de apoio e a pista tem previsão de início de obras para 2021 e ficarão prontos em 2024.
Na visão de Waack, modelos de negócios privados como o Antares podem ajudar a tornar toda cadeia produtiva da aviação mais sustentável, uma vez que ela oferece a possibilidade de compra ou locação das áreas do entorno. Com isso, os players do setor que precisam estar dentro de um aeroporto contam com mais segurança jurídica do que nos aeroportos públicos, onde o uso dos espaços é feito mediante concessão cujas diretrizes mudam ao longo do tempo. “A aviação perde, sobretudo, quando é sufocada por custos que ela não controla e uma burocracia que ela não domina”, salientou Waack.
“Em um país carente de infraestrutura, onde não se constrói um aeroporto há 25 anos, vemos com muito bom grado [iniciativas como a do Antares]: é uma mostra de confiança dos empreendedores de que esse setor merece um investimento desse porte”, endossou o presidente da Abag.
Raul Marinho, gerente técnico da ABAG, salientou ainda que o lançamento chega em um bom momento: a aviação geral deve crescer ainda mais com a recente regulamentação do Programa Vôo Simples da Associação Nacional da Aviação Civil (Anac), desenvolvida para modernizar as regras da aviação e modernizar o ambiente de negócios do setor. Além de desburocratização e simplificação, o novo regramento traz a permissão da venda de assentos individuais na aviação geral, o que irá diminuir o custo da operação e ampliar o acesso para passageiros.
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