Irrigação por gotejamento subterrâneo: uma solução revolucionária para uma produção de soja ainda mais sustentável
Warlen Pires, Especialista Agronômico de Grãos, na Netafim Brasil.
A soja é uma cultura agrícola de destaque no Brasil, país que é o maior produtor e exportador mundial desse grão. Técnicas avançadas de irrigação, como o gotejamento subterrâneo, provaram ser estratégicas no aumento da produtividade e na eficiência do uso da água.
O Brasil superou os Estados Unidos na produção global de soja na safra 2019/20, consolidando sua liderança nas safras seguintes. A produção brasileira de soja aumentou de 115,03 milhões de toneladas na temporada 2016/17 para 154,6 milhões de toneladas na temporada 2022/23, um aumento de 34,4%. A área plantada de soja também passou de 33,91 milhões de hectares para 44 milhões de hectares no mesmo período, aumentando 29,75%. A produtividade média da soja no Brasil passou de 3.394 kg/ha para 3.508 kg/ha, demonstrando crescimento de 3,3%.
O potencial de produção de soja do Brasil é reconhecido mundialmente. Estima-se que a produção global de soja crescerá cerca de 50% até 2050, e o Brasil é visto como o principal fornecedor potencial desta demanda adicional devido à sua vasta disponibilidade de terras adequadas para cultivo e domínio tecnológico.
A irrigação desempenha um papel crucial na agricultura brasileira, especialmente para o cultivo da soja. A adoção de práticas eficientes de irrigação pode não apenas aumentar a produtividade, mas também fortalecer a posição do Brasil como líder na produção de soja.
Segundo a EMBRAPA, a soja no Brasil representa 50% da produção de grãos do país e 42% da área cultivada com grãos. A cultura está presente em todos os estados brasileiros, mas concentra-se, principalmente, nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Os maiores produtores de soja são os estados de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul, que respondem por 77% da produção nacional. A soja é uma cultura de grande importância econômica, social e ambiental para o Brasil, destacando-se no cenário mundial pela capacidade de produzir de forma sustentável e competitiva. Pesquisa agrícola, tecnologia, gestão eficiente e abertura de mercado são fatores que contribuem para o sucesso do cultivo da soja brasileira.
A expansão do cultivo da soja no Brasil tem ocorrido principalmente em pastagens degradadas, revitalizadas e incorporadas ao sistema de produção. Além disso, houve progresso significativo na rotação de culturas, como a combinação de soja com arroz na região Sul, e de soja com milho no Centro-Oeste. A soja também se expandiu para regiões de fronteira agrícola, como o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde a área plantada cresceu 16,4% nos últimos cinco anos.
Os produtores de soja enfrentam vários desafios para manter e aumentar a produtividade, reduzir os custos de produção, melhorar a logística, o mercado internacional e enfrentar as alterações climáticas.
Os custos de produção são um desafio para os produtores de soja, pois envolvem diversos insumos, como sementes, fertilizantes, pesticidas, combustível e mão de obra. Na temporada 2022/23, o custo total de produção foi o mais alto da história para os produtores de soja, chegando a US$ 1.100 por hectare em algumas regiões. A elevação dos preços internacionais dos insumos e a desvalorização do real frente ao dólar foram os principais fatores que elevaram os custos de produção. Para 2023/24, a expectativa é que os custos de produção sejam menores devido à queda nos preços dos fertilizantes e ao aumento da disponibilidade de crédito rural. A irrigação surge como uma alternativa para reduzir esse custo de produção, otimizando os recursos utilizados e convertendo-os em produtividade.
A logística é outro ponto crítico para a competitividade da soja brasileira no mercado global. O Brasil possui uma vasta extensão territorial e infraestrutura deficiente para escoar sua produção até os portos. Isso gera altos custos de transporte, armazenamento e exportação, além de perdas na qualidade e quantidade do produto. Para melhorar a logística da soja são necessários investimentos em estradas, ferrovias, hidrovias e portos, bem como tecnologias que aumentem a eficiência e a sustentabilidade do transporte.
O mercado internacional é o destino da maior parte da soja brasileira, exportada principalmente para a China. Portanto, os produtores devem estar atentos às flutuações na demanda e na oferta globais, bem como às questões geopolíticas e sanitárias que podem afetar o comércio. Na temporada 2022/23, os preços da soja caíram em relação à temporada anterior, devido ao aumento da produção no Brasil e a um cenário menos favorável no exterior. A guerra comercial entre Estados Unidos e China, a peste suína africana reduzindo o rebanho chinês e a pandemia de Covid-19 foram alguns dos fatores que impactaram negativamente o mercado de soja. Para 2023/24, as perspectivas são mais positivas pois existe a expectativa de recuperação da procura chinesa e de diminuição da produção norte-americana.
O clima é um dos fatores determinantes para o sucesso da cultura da soja, pois influencia diretamente na germinação, desenvolvimento e colheita da oleaginosa. Em 2022/23, o Brasil teve boa distribuição de chuvas na maior parte das regiões produtoras, mas também enfrentou problemas de seca e altas temperaturas em alguns estados, como o Rio Grande do Sul, que teve sua produtividade média reduzida. Os desafios climáticos no Brasil, como secas e chuvas irregulares, têm um impacto significativo na agricultura. Os eventos climáticos adversos estão se tornando mais frequentes. Por exemplo, nesta safra de soja 2023/24, há previsão de perdas significativas de produtividade devido à distribuição irregular das chuvas. Grandes estados produtores, como Mato Grosso, sofrem perdas nesta temporada, com a soja até sendo abandonada em algumas áreas por falta de chuvas, comprometendo o potencial produtivo.
A Embrapa Cerrado (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está estudando a soja em parceria com a Netafim. Os estudos visam a gestão eficiente da água na Unidade de Referência em Gestão de Águas, incluindo soluções integradas para pragas, doenças, plantas daninhas, fertilidade e fertirrigação. Comparando as produtividades, as áreas de soja irrigadas por gotejamento demonstram claras vantagens sobre as áreas de sequeiro. Exemplos como as Fazendas Tabapuã dos Pireneus e Boa Vista do Barreiro, em Goiás, além da Fazenda Esperança, em Mato Grosso do Sul, revelam aumentos significativos, destacando a eficácia da irrigação por gotejamento para estabilidade e aumento de produtividade.
Situada no coração do Brasil, no município de Cocalzinho de Goiás, a Fazenda Tabapuã dos Pireneus é um exemplo pioneiro de inovação agrícola. Em 2017, o produtor Fabiano Nardotto foi um dos primeiros a implementar a irrigação por gotejamento em grãos. A fazenda, que adquiriu um projeto de 25 hectares divididos em cinco setores. O produtor optou pela rotação de culturas, alternando entre soja e milho.
Desde a instalação do projeto, a produtividade média da soja variou de 80 a 103 sacas por hectare, enquanto o milho rendeu de 200 a 230 sacas por hectare (1 saca = 60 kg). Nardotto valoriza muito o sistema de irrigação e fertirrigação, que além de facilitar a operação e reduzir custos de produção, promove alta produtividade de forma sustentável.
Uma característica do sistema de irrigação por gotejamento é a sua versatilidade. Na Fazenda Boa Vista do Barreiro, também em Goiás, no município de Piracanjuba, além do cultivo de grãos, o produtor utiliza o mesmo sistema para o tomate industrial, obtendo excelentes resultados tanto na qualidade do tomate quanto na produção total. Nesta área, o produtor teve um aumento de 24% (27 toneladas por hectare) na safra 2023, em relação ao pivô central. Outro fator relevante foi a diminuição dos custos de produção em cerca de 15%, pois o sistema de gotejamento garante que não ocorra um microclima favorável ao desenvolvimento de doenças, otimizando a produção, garantindo produtos de qualidade e utilizando os recursos de forma mais sustentável.
A tecnologia de irrigação por gotejamento para grãos, promete contribuir para o crescimento sustentável das áreas irrigadas, harmonizando-se com outros sistemas de irrigação. A presença da Netafim no Brasil tem sido crucial para o avanço da tecnologia, tornando a agricultura de grãos mais sustentável e produtiva, alinhada às demandas de um mundo em constante mudança e à crescente necessidade de alimentos. Assim, a Netafim Brasil conta com uma equipe agronômica focada em grãos nas principais regiões produtoras do país.
O papel do especialista agronômico em grãos é desenvolver o mercado da região, dar suporte agronômico aos produtores estratégicos e dar suporte à equipe comercial no desenvolvimento de projetos. Junto a isso, realizamos eventos, palestras, entrevistas, consultoria agronômica, apoiando nossos distribuidores locais, realizamos pesquisas e elaboramos artigos técnicos para divulgar a tecnologia junto a universidades, instituições de pesquisa, cooperativas e indústrias. Outra função do especialista é identificar e auxiliar no manejo de irrigação e fertirrigação em projetos operacionais, buscando informações sobre produtividade e práticas de manejo que agreguem valor ao produtor.
A soja, como pilar do agronegócio brasileiro, contribui para renda, empregos e desenvolvimento. A expectativa é que sua produção continue crescendo nos próximos anos, consolidando o Brasil como líder mundial neste setor.
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