Agricultura regenerativa na cadeia leiteira é um dos desafios da chamada Nestlé e SENAI
Buscar soluções para a cadeia leiteira com inovações que acelerem e monitorem práticas regenerativas e sustentáveis é um dos objetivos do edital que está aberto
Diante da urgência climática que estamos vivendo, a Nestlé Brasil e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) escolheram o tema “Agricultura regenerativa na cadeia leiteira” como um dos principais desafios da chamada “Inovação em Alimentos: Transformando o Futuro do Sistema Alimentar”.
Apoiada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e operacionalizada pelo SENAI Paraná, a chamada terá um aporte de R$ 6,25 milhões, sendo R$ 5 milhões da Nestlé e R$ 1,25 milhão do SENAI. Um dos objetivos da chamada é encontrar soluções relacionadas ao sequestro de carbono, ações que acelerem as práticas e o monitoramento do processo de implementação de Agricultura Regenerativa nas propriedades fornecedores de leite.
Quem pode participar da chamada?
A chamada tem como público-alvo Institutos Senai de Inovação, Institutos de Ciência e Tecnologia – ICT’s e universidades (públicas ou privadas), empresas da cadeia de valor do setor de alimentos e bebidas, pequenas e médias e grandes empresas, startups, empresas de base tecnológica e agências de fomento para projetos de P&D+I, com CNPJ ativo. A inscrição, com o desenvolvimento das alianças e submissão das propostas de projetos deve ser feita até o dia 4 de abril de 2024, no site: senaipr.org.br/futuro-alimentar
Impactos gerados pela cadeia leiteira
Atualmente, 70% das emissões de carbono da Nestlé têm origem na agricultura, por isso, o incentivo à agricultura regenerativa. Segundo o agrônomo, pesquisador e doutor em ciência do solo no Instituto Senai de Tecnologia (IST) em Meio Ambiente e Química, Valdecio Dos Santos Rodrigues, o principal impacto na cadeia do leite é o gás metano, um dos gases do efeito estufa.
“Este gás ocorre durante o processo natural de digestão dos alimentos no rúmen do animal pelos micro-organismos e a sua emissão para a atmosfera é a partir da eructação (arroto) dos animais. Outro grande impacto é quando as pastagens são mal manejadas, causando efeitos negativos no solo, como a compactação, que por sua vez leva a erosão do solo, perda de nutrientes e como consequência áreas degradadas, fazendo com que se utilize grandes áreas para pequenos números de animais e ou o abate de árvores para utilização de novas áreas”, explica o pesquisador.
Práticas regenerativas do campo ao copo
Há mais de 15 anos a Nestlé investe em programas de boas práticas na cadeia do leite. A exemplo disso está o Nature por NINHO®, que incentiva e remunera mais de mil produtores parceiros de acordo com a implementação de práticas sustentáveis e regenerativas. O programa prioriza o bem-estar das pessoas e dos animais, a economia de água e os cuidados com o solo com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Entre algumas das iniciativas, destacam-se o cuidado com o solo, que contribui com a redução do impacto nas fazendas em uma área equivalente a 7 mil campos de futebol, a redução do uso da água - com uma economia equivalente a 75 milhões de litros de leite desde 2020 e, também, no cuidado com os animais - mais de 35 mil vacas em lactação vivendo em ambientes climatizados que proporcionam mais conforto, saúde e a redução de emissão de gases de efeito estufa.
A Nestlé também oferece consultoria, que presta suporte técnico e especializado para a evolução das fazendas visando a sustentabilidade econômica, ambiental e social delas.
Maior produtividade e redução de custos
Por meio do Projeto Regenera por NINHO®, uma parceria feita com a Labor Rural (coleta e análise de dados), foi possível realizar um estudo pioneiro que mostra os benefícios da agricultura regenerativa.
Como resultados, avaliados no mesmo período safra 22/23, as fazendas que adotaram práticas de agricultura regenerativa tiveram uma produtividade da silagem de milho 4% maior, um custo de produção 8% menor em comparação com as propriedades convencionais, que não adotaram práticas regenerativas, resultando em uma rentabilidade da atividade leiteira 4% maior.
Os resultados foram explicados principalmente pela redução de 13% no uso do adubo químico já que as fazendas substituíram parte deles pelos dejetos bovinos, importante fonte natural de nutrientes para o solo. Além disso, 48% das áreas das propriedades migraram do cultivo convencional para o plantio direto ou cultivo mínimo, reduzindo o consumo de óleo diesel por hectare e a emissão de gases do efeito estufa no processo de produção de silagem para os animais.
Descarbonização nas fazendas
A companhia também fechou uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolver o primeiro protocolo de produção de leite de baixo carbono.
Para o pesquisador do IST em Meio Ambiente e Química de Curitiba, o produtor tem que entender que os efeitos das mudanças climáticas afetarão a todos, inclusive os animais. “Já estamos vivenciamos grandes alterações na temperatura e nos índices pluviométricos e tudo isso trará uma maior insegurança para a sua produção. Fora que uma produção visando o incremento de mais carbono solo, tornaria o ambiente mais resiliente para essas alterações climáticas supracitadas, e despertaria maior interesse do consumidor em seu produto, uma vez sabendo que aquela propriedade pratica uma atividade mais sustentável”.
Estoque de carbono no solo
De acordo com o profissional, como não se pode eliminar a emissão do metano pelos animais, o foco é priorizar o aumento do estoque do carbono no solo para que haja um balanço positivo. Para isso, tem que se adotar práticas mais sustentáveis, que por sua vez passa pelo correto manejo das pastagens, onde se respeitaria o tempo do animal no pasto, manejo nutricional das pastagens com uso de fertilizantes para que se tenha um pasto mais nutritivo, com maior incremento da biomassa, possibilitando um número maior de animais por área.
“Uma vez que se consegue aumentar a produção numa mesma área, reduz-se a necessidade de abertura das florestas para novas áreas. Portanto, mudança do manejo extensionista para intensivo (aumento de produtividade) com uso de tecnologias sustentáveis é o caminho para se obter melhores resultados, no quesito produção sustentável”, esclarece.
Ainda segundo o profissional, toda a cadeia produtiva tem a ganhar com o uso da agricultura regenerativa. “A adoção de práticas sustentáveis faz com que se tenha alimentos de melhores qualidade (impacto positivo na saúde humana), preservação do meio ambiente, melhorando a qualidade da água superficial e subsuperficial, por conta da redução por contaminação, proteção de pequenos animais inseridos no sistema, fora a manutenção e perpetuidade da atividade”, finaliza.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>