Os diferentes modos de agricultura e a relação com os fertilizantes
Valter Casarin
Coordenador Científico da NPV
Os sistemas agrícolas podem ser definidos em função da sua produtividade. A agricultura intensiva se caracteriza pelo uso significativo de insumos e busca maximizar a produção em relação aos diversos fatores de produção, seja pela mão de obra, solo ou outros meios de produção (equipamentos e insumos diversos). Já a agricultura extensiva, não maximiza a produtividade do solo, bem como não utiliza insumos químicos, mas sim os recursos naturalmente presentes no local e se caracteriza por rendimentos relativamente baixos. Por sua vez, a agricultura de subsistência é uma forma de cultivo de produtos destinados, principalmente, à alimentação da população local.
Nesse universo, dos tipos de agricultura, os mais conhecidos são a agricultura convencional e a agricultura orgânica. Em meio ao desejo de preservar o meio ambiente, no sentido de sustentabilidade na produção agrícola e da evolução das novas práticas, surgiram outros modelos alternativos, como: agricultura sustentável, agricultura racional, agricultura integrada, agricultura multifuncional e agricultura de precisão. Como também existe a agricultura sem o uso do solo, a hidroponia.
Vamos conhecer um pouco mais sobre cada uma delas?
1.Agricultura convencional
A noção de agricultura convencional não corresponde a uma forma específica de cultivo. No entanto, busca o maior rendimento das culturas através do uso de insumos como os fertilizantes e defensivos agrícolas (fungicidas, inseticidas e herbicidas). Este modo consegue resultados econômicos e de eficiência agrícola em curto prazo.
2.Agricultura orgânica
A noção de agricultura orgânica surgiu no século XIX, após a chegada dos agroquímicos. Seu principal objetivo é aproximar-se das condições da natureza. Desta forma, um conjunto de práticas agrícolas que respeitam o equilíbrio ecológico, o bem-estar animal e a autonomia do agricultor. Esta agricultura tem a particularidade de excluir o uso de produtos químicos sintéticos, organismos geneticamente modificados (OGM) e limitar o uso de insumos.
3.Agricultura sustentável
A agricultura sustentável deriva da agricultura convencional e é uma agricultura extensiva, que faz parte das perspectivas do desenvolvimento sustentável. Esse modelo não é um modo de produção. Não há apenas uma forma de fazer agricultura sustentável, mas reivindicar esse tipo de cultivo é levar em conta simultaneamente os 27 princípios da declaração do Rio-92 que, relacionados às áreas agrícola e rural, podem ser agrupados em quatro dimensões:
– Eficiência econômica: sistemas de produção econômicos e autônomos, renda decente;
– Equidade social: partilha da riqueza, direitos de produção e poder de decisão;
– Proteção ambiental: preservação da fertilidade do solo, biodiversidade, paisagens, qualidade do ar e da água;
– Cultura e ética: respeito às gerações futuras, comunidades rurais e camponesas. Gestão participativa do espaço e métodos de produção de alimentos de qualidade.
4.Agricultura integrada
A Agricultura Integrada é uma abordagem global, na qual a proteção de cultivos é considerada como um todo, assim como todos os elementos do sistema devem ser consistentes (pessoas, ambientes, desafios, ambiente técnico e econômico, ativos, restrições etc.). É um modo de produção que privilegia os recursos naturais, ao produzir de forma economicamente viável produtos de qualidade, que respeitem o meio ambiente e a saúde, além de mecanismos naturais de regulação em relação ao uso de insumos potencialmente nocivos ao meio ambiente. O respeito pela diversidade e equilíbrio das terras agrícolas são considerados como um ecossistema.
5.Agricultura multifuncional
O conceito de agricultura multifuncional surgiu em 1992, na cúpula do Rio, ao lado do conceito de desenvolvimento sustentável. O termo multifuncionalidade é, na verdade, um neologismo sob o qual se agrupam as três funções da agricultura: econômica (segurança alimentar, autossuficiência e aspectos nutricionais e de qualidade), ambiental (respeito ao meio ambiente, produção de efeitos externos positivos e prevenção de efeitos externos negativos) e social (manutenção das sociedades rurais). Este conceito redefine, assim, o lugar da agricultura na sociedade e as suas finalidades e implica uma nova definição da profissão de agricultor, que se torna mais especializada e complexa.
6.Agricultura de precisão
A agricultura de precisão qualifica a agricultura que utiliza novas tecnologias: SIG (Sistema de Informação Geográfica), GPS, satélite e computador. Utiliza a ciência para ajustar as práticas de cultivo o mais próximo possível das necessidades das plantas, de acordo com a heterogeneidade do ambiente agrícola. Esse cultivo é um conceito de gestão de parcelas agrícolas baseado na variabilidade do solo, plantas, plantas daninhas, entre outros. É então possível modular as densidades de semeadura, aportes de fertilizantes ou tratamentos químicos dentro de uma parcela. Limita os impactos negativos ao meio ambiente e otimiza os resultados agronômicos e econômicos da produção levando em consideração as reais necessidades de cada ponto de amostra do solo.
7.Hidroponia
A hidroponia é uma forma particular de cultivo na água. De fato, as raízes mergulham em uma solução carregada de nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta. É, portanto, uma cultura acima do solo, que é muito popular no contexto do desenvolvimento da agricultura urbana, pois pode ser realizada facilmente na cidade.
Entre outras vantagens, a hidroponia é uma prática cultural com eficiência hídrica, que garante uma produção sem defensivos agrícolas e que também permite combater a artificialização do solo.
Por sua vez, a solução nutritiva é composta de água com a adição de fertilizante solúvel. Este nutriente é dosado para obter uma boa concentração de nitrogênio, fósforo, potássio e outros nutrientes necessários para as plantas. Desta forma, as raízes se alimentam dos elementos contidos na solução aquosa para poder se desenvolver.
Assim, a hidroponia oferece dois grandes benefícios. Em primeiro lugar, torna possível a produção de culturas sem terras agrícolas disponíveis. Esta técnica é, portanto, usada principalmente no cultivo urbano.
Independente da agricultura realizada, as condições dos solos brasileiros não permitem o sucesso produtivo das culturas exploradas, se o fator nutricional não for atendido. Por se tratar de solos de baixa fertilidade natural, o uso de fertilizantes é uma necessidade quando o objetivo é produzir alimento. Seja através da agricultura convencional ou da orgânica, a adubação é o meio de adicionar os nutrientes carentes nos solos, mas também a forma de devolver os nutrientes que são exportados juntamente com a produção agrícola. Isso é o que chamamos de agricultura sustentável, com pleno respeito ao ambiente.
Sobre a NPV
A NPV - Nutrientes para a Vida - nasceu com objetivo de melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes para a saúde humana. Braço da fundação norte-americana NFL – Nutrients For Life - no Brasil, a NPV trabalha baseada em informações científicas. O uso de fertilizantes de forma responsável e correta é o caminho para oferecer à sociedade oportunidade para maior segurança alimentar e qualidade nutricional dos alimentos e, sobretudo, produzindo de forma sustentável e com total respeito ao ambiente. Nutrir o solo, através dos fertilizantes, é a forma mais sensata de produzir alimentos em quantidade e qualidade para as pessoas, além de valorizar a preservação de nossas florestas.
A missão da NPV é esclarecer e informar a sociedade brasileira, com base em estudos científicos, sobre a importância e os benefícios dos fertilizantes na produção e qualidade dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada.
A NPV tem sua sede no Brasil, é mantida pela ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e operada pela Biomarketing. A iniciativa conta ainda com parceiros como: Esalq/USP, IAC, UFMT, UFLA e UFPR.
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