Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é favorável à luta da Associação 'De Olho no Material Escolar'
Grupo propõe atualização de conteúdo escolar sobre o agronegócio no Brasil
Pais de crianças em idade escolar e representantes do agronegócio insatisfeitos com conteúdos relacionados ao tema disponibilizados em livros e apostilas, iniciaram, há quase dois anos, um movimento denominado “De Olho no Material Escolar”. A proposta do grupo é corrigir distorções sobre o agronegócio em materiais didáticos e coibir que eles apresentem viés político-ideológico, erros crassos sobre o setor e informações desatualizadas ou até inverídicas.
O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), organização criada em 2011, cujos associados são profissionais, de diferentes formações e áreas de atuação, que comungam o objetivo de buscar pela sustentabilidade agro brasileira, se posicionou favorável à Associação.
O CCAS reúne profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas. De acordo com José Otávio Menten, presidente do CCAS, a agricultura, apesar da fundamental importância para o país, ainda tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade.
“Nossa visão e valores são convergentes. É preciso que esse assunto seja discutido em todas as esferas, especialmente no ambiente escolar. Quando conhecemos o “De Olho no Material Escolar” e constatamos que a proposta seria colocar à disposição da população a realidade da agricultura com imparcialidade, ética e transparência e valorizando o conhecimento científico, identificamos que também seria uma luta do CCAS”, explica Menten.
O setor agropecuário passou nas últimas décadas por constantes mudanças de legislações ambientais e trabalhistas, além de aprimoramento tecnológico. Essas alterações não foram transportadas os materiais didáticos, que até hoje apresentam uma visão negativa do agronegócio, sem mostrar sua importância para a economia e muitos deles carregam, inclusive, informações incorretas sobre reforma agrária, trabalho escravo no campo, uso excessivo de agrotóxicos, queimadas, entre outros.
De acordo com Menten, agro e ciência se comunicam mal. “O avanço da agricultura se deve à ciência e tecnologia, mas não divulgamos essas informações. Com a sociedade cada vez mais urbana, temos que fazer esse conteúdo chegar não só nos livros didáticos, mas nos coordenadores pedagógicos, editoras e professores e de uma forma compreensível. O papel do CCAS é decodificar um pouco toda essa informação e fazer chegar à população”, conta o presidente.
Palestra para editoras e agentes da Educação
Para garantir essa aproximação com agentes educadores e editoras, o movimento “De Olho no Material Escolar” promoveu na última terça-feira (05/04), no salão nobre da FIESP, um debate com renomados profissionais do agro que possuem trabalhos em sinergia com o mercado editorial e escolar. Entre os participantes estavam Xico Graziano e José Otávio Menten, ambos do CCAS.
As editoras que acompanharam o evento representam 96% dos alunos brasileiros. Camila Cardoso, representante de uma dessas editoras, disse que assim que procurados prontamente se engajaram no projeto de mudar essa realidade nas salas de aula. “Nosso propósito é transformar o indivíduo em um agente crítico para que os anos de vida escolar possam inseri-lo na sociedade com qualidade. Além de uma necessidade latente, isso faz parte da missão como educador e pela relevância do agronegócio, por ser o motor do nosso país, precisamos trazer essa voz para dentro do ambiente escolar”, conta.
Xico Graziano ressaltou a importância da credibilidade das fontes das informações que estarão nesses materiais. “Não é uma crítica à rede de ensino, mas sim contra aquilo que é a doutrinação das crianças e uma deformação do conhecimento. Esse movimento não foi algo político, foi genuíno, uma reação da sociedade civil. As editoras precisam utilizar o que é luz do conhecimento científico existente, nada mais do que isso, não colocar qualquer coisa de outra natureza”, disse Graziano.
No encontro, Celso Moretti, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), palestrou sobre 5 décadas de inovação no agronegócio e também destacou a necessidade de informações precisas e valorização do pensamento científico. “Os educadores têm papel central nas gerações que virão. Não tenho dúvidas que a agricultura é a maior prova que a ciência deve nortear o aprendizado e o conhecimento transferido em sala de aula e na elaboração dos materiais escolares. Temos a certeza e a convicção que, na formação e no pensamento baseado em ciência é o caminho para construirmos um país melhor e uma sociedade mais justa.”, disse Moretti.
Durante o debate temas como a trajetória da agricultura brasileira, uso da ciência e de informações baseadas em conhecimento testado em laboratórios e campos experimentais foram abordados. Outro destaque foi a saga do Brasil, que saiu de importador, para ter a capacidade de alimentar não só o País, mas também o mundo.
O ex-ministro Roberto Rodrigues, que presidiu o debate, mencionou que a pandemia trouxe um conceito que estava ultrapassado: a segurança alimentar. “A fome é inimiga da paz, portanto combater a fome é essencial para um país no mundo. E quem vai trazer a segurança alimentar no planeta são os países da faixa tropical e o Brasil é o país líder, não só para alimentar, mas também para ensinar. O nosso papel na segurança alimentar no planeta é cada vez mais importante: combater a fome e garantir a sustentabilidade”, enfatizou Rodrigues.
A associação “De Olho no Material Escolar” tem representantes de 11 estados brasileiros e cerca de três mil apoiadores, entre eles professores, diretores de escolas, pesquisadores e cientistas. Além do apoio técnico de entidades como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), que funciona na USP; e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O grupo tem feito visitas técnicas a editoras e promovido vivências para professores e alunos em fazendas e empresas do agronegócio e fechou parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA), ligada a professores da USP, para revisar materiais comprados pelo Ministério da Educação. Além disso, existe o projeto da Esalq para a criação de uma biblioteca virtual.
“Essa parceria é muito importante para coordenar essas informações. A ciência só se concretiza quando a gente escreve, publica e dá conhecimento para as pessoas. Quando tiverem dúvidas população e agentes da educação terão nessa biblioteca uma fonte fidedigna de informações”, declarou José Otávio Menten, presidente do CCAS.
A presidente da associação De Olho no Material Escolar, Leticia Zamperlini Jacintho, comemorou o resultado do encontro. “Foi uma grande oportunidade de aproximar a educação e o agro, abrindo o setor do agronegócio para o mercado educacional, disponibilizando conteúdo para um material didático científico e próximo da realidade do setor”.
Sobre o CCAS
O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.
O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.
Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.
A agricultura, por sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. Não podemos deixar de lembrar que a evolução da civilização só foi possível devido à agricultura. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa, assim como a larga experiência dos agricultores, seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.
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