Custo de produção segura otimismo do setor de ovos
Entraves trouxeram impactos ao desempenho de 2021 e indicam crescimento em índices mais sustentáveis somente a partir de 2023
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*por Gilson Katayama
Momentos difíceis, em geral, são oportunidades de aprendizados e melhorias. Os desafios exigem das empresas governança, gestão eficiente e estratégias que permitam crescimento apesar das condições nem sempre favoráveis para a expansão dos negócios. Ganha-se por um lado, perde-se de outro, mas é importante que os resultados individuais se somem a bons resultados setoriais, de forma que as possibilidades de desenvolvimento ocorram para todos.
Beneficiam-se as empresas e os setores que melhor trabalham suas fraquezas e oportunidades e enxergam caminhos de crescimento em meio a crises. Esta frase pode parecer clichê, mas é verdadeira e o segmento de avicultura de postura é um exemplo do correto enfrentamento das dificuldades.
Ainda que o ano de 2021 não tenha sido tão promissor quanto o desejado, o setor registra resultados positivos no período, com aumento da demanda por ovos. O consumo médio dos brasileiros, que em 2010 era de 148 unidades per capita, passou para 251 em 2020 e 255 no último ano, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), um número recorde no País.
Os resultados positivos vieram apesar dos efeitos da pandemia e de dificuldades econômicas observadas nos mais diferentes países, que provocaram a volta da inflação, a alta dos juros, a desvalorização cambial, queda do consumo e elevação de custos gerais, causando queda das expectativas do setor.
Setorialmente, os avicultores enfrentaram escassez e o consequente aumento dos preços de matérias-primas, especialmente insumos componentes da ração, alta dos combustíveis e falta de contêineres que elevaram os custos com frete, reduzindo as margens e levando os produtores a diminuírem o plantel, uma vez que não foi possível repassar o aumento dos custos.
Por outro lado, a forte elevação dos preços da carne foi um dos fatores que contribuíram para o maior consumo de ovos, uma alternativa de proteína animal mais acessível em tempos de menor renda. Neste sentido, os investimentos em rigorosos programas de biosseguridade vêm ajudando a colocar os ovos nacionais em destaque no Brasil e no mundo.
Paralelamente, a pandemia despertou nas pessoas o gosto pela descoberta de novos prazeres à mesa, seja no consumo ou no preparo de novos pratos, além da melhor percepção sobre os nutrientes dos ovos. Um amplo trabalho setorial tem sido fundamental para devolver ao ovo o posto de alimento nutritivo e saudável.
Observa-se, porém, seja por questões econômicas, setoriais ou mercadológicas, que as perspectivas são de crescimento ainda moderado em 2022. Embora haja expectativa de maior estabilidade em relação ao preço de alguns insumos importantes, como milho e soja, os indicadores de custos não apontam para quedas significativas no curto prazo. A estimativa setorial é de um volume de 56,2 bilhões de unidades de ovos, total 3% maior do que o verificado em 2021, de 54,5 bilhões de unidades, este 1,8% superior a 2020.
A ABPA projeta a elevação da média de consumo per capita para 262 unidades anuais (crescimento de 2,5%), aquém do inicialmente esperado pelo setor, diante do potencial do País. Para atender à demanda e se preparar para um crescimento mais sustentável a partir de 2023, empresas avícolas planejam investimentos em estrutura e produção, mas olham com atenção para os fatores que possam restringir o desenvolvimento, em especial aqueles relativos aos custos de produção. O momento é de otimismo, mas também de cautela na gestão e na tomada de decisões.
* Gilson Tadashi Katayama, Diretor Comercial do Grupo Katayama
Engenheiro de Produção formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), com especialização em Automação Industrial pela Universidade de Okayama, no Japão. Gilson Katayama está à frente da diretoria comercial das empresas do Grupo Katayama, que atua nos segmentos de avicultura, pecuária e fertilizantes orgânicos.
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