Fazendas de Mato Grosso, Rondônia e Pará formam região com maior produção de soja certificada RTRS do Brasil
Produtores desta área apostam no selo RTRS para reconhecimento internacional
No Brasil, a maior região produtora de soja sustentável está formada pelos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará. Esta região possui 89 propriedades com o selo RTRS, com capacidade produtiva estimada em 1,7 milhão de toneladas do grão, que se destacam pela consolidação no mercado, longos anos de atuação e tetos produtivos muito expressivos.
Outra vantagem da região é a facilidade no escoamento da produção para a Europa, maior comprador do grão certificado RTRS e seus derivados como farelo e óleo de soja. “Hoje, a exportação rastreada para a Europa é feita principalmente pelos portos do Norte do país como Manaus, Itacoatiara, Santarém e Belém. Ou seja, todo o arco Norte beneficia a logística para países europeus e facilita a originação para as empresas compradoras que buscam por esta certificação”, explica Cid Sanches, consultor externo da RTRS no Brasil.
No campo, conscientes desta realidade, os agricultores adotam estratégias que potencializam a produção a cada ano, como é o caso na GGF, em Mato Grosso. Com área cultivada de 7 mil hectares de soja certificada RTRS, o grão não é mais visto apenas como commodity, segundo Paulo Motta, gerente de Recursos Humanos e Sustentabilidade da empresa. “Com a certificação conseguimos atingir novos mercados. A transparência da RTRS junto a rastreabilidade, abriu portas na Europa e o selo agregou valor ao preço da nossa soja”, comemora.
A GGF é uma empresa produtora de soja e milho, que há trinta anos tem seus negócios administrados em ambiente corporativo com foco em boas práticas, desenvolvimento tecnológico, responsabilidade social e ambiental. Pilares que ganharam ainda mais visibilidade após a certificação RTRS que acontece desde 2019. “Há muito tempo a GGF busca adequação das práticas e procedimentos nas unidades de produção e adequação à legislação ambiental. O processo de certificação junto à RTRS apesar de desafiador e levar a conformidade socioambiental a outro patamar, teve seus requisitos atendidos com satisfação, visto a constante busca e preocupação da GGF em atender os critérios socioambientais”, explica a Supervisora de Meio Ambiente da GGF, Fernanda Frasson.
A Fazenda Lagoa Dourada, do produtor Raul Santos Costa Neto, também em Mato Grosso, tem 1.500 hectares e produz 6.300 toneladas de soja com o selo RTRS conquistado em 2020. Raul conta que o processo de certificação foi tranquilo e que o engajamento dos colaboradores foi fundamental para que o processo de certificação acontecesse da melhor forma possível. “Sempre tive consciência de que o trabalho desenvolvido dentro da propriedade atende a todos os requisitos para qualquer certificação, por isso quando solicitei a auditoria RTRS enxergava com naturalidade a certificação”. Para o produtor, a certificação é uma forma de comprovar que sua fazenda produz soja de forma sustentável. “Essa é uma tendência crescente no mundo atual, onde a preocupação com o meio ambiente e a qualidade dos alimentos está em discussão nos quatro cantos do mundo. Por isso, o peso do selo RTRS é grande”, finaliza.
Filho e neto de pequenos agricultores, o sojicultor Romeu José Ciochetta, do Grupo Morena, em Mato Grosso, cultiva numa área com certificação RTRS de 9.500 hectares, com volume produtivo de 40 mil toneladas. Para ele, o processo de certificação, concluído em 2012, sempre foi visto com otimismo. “É uma oportunidade de melhoria na gestão da empresa como um todo, então é necessário que se faça com calma e cuidado pensando em todos os setores da corporação e também da cadeia. Nosso principal objetivo foi a melhoria contínua do nosso negócio, e também para termos um balizador de como estávamos diante de outros produtores e das exigências do mercado”, explica Ciochetta.
Segundo o agricultor, o selo RTRS no Grupo Morena teve impacto positivo no engajamento dos colaboradores, melhor gestão dos indicadores da atividade, redução de riscos de todas as naturezas e consequentemente melhor qualidade de vida para todos. “O RTRS nos fez visualizar melhorias necessárias e mudar maneiras e métodos de desenvolver nossa atividade. Além do retorno financeiro, da credibilidade e do alcance de mercados, melhoramos internamente em nossos processos”, reconhece.
Para Paulo Motta, da GGF, o agricultor brasileiro é responsável e cuida muito bem da sua área de produção. Porém, ressalta que para ser reconhecido no mercado, especialmente internacional, é preciso dar destaque ao que se faz da porteira para dentro. “Mostrar o que faço traz ganhos para o meu produto. O consumidor precisa saber que além de cumprir as leis trabalhistas e ambientais, que produzimos valorizando as pessoas, que produzimos cuidando das nossas áreas de preservação e recursos hídricos, que produzimos usando cada vez mais tecnologia, processos e rastreabilidade para aumentar nossa produção utilizando menos recursos naturais”, aconselha.
O cenário favorável da região para atender à demanda do grão certificado no mercado externo e os resultados alcançados nas fazendas com a adoção do selo RTRS, demonstram que a sustentabilidade com alta produtividade é uma realidade entre estados do Mato Grosso, Rondônia e Pará. Desta forma, a região segue como líder de produção nacional da soja responsável, enquanto as vantagens do selo ultrapassam as fronteiras.
Sobre a RTRS - Round Table on Responsible Soy Association
Fundada em 2006, o Round Table on Responsible Soy Association – Associação de Soja Responsável (RTRS) é uma organização global multisectorial pioneira formada pelos principais representantes da cadeia de valor da soja, como produtores, indústria, comércio, finanças e a sociedade civil. Os atores dessas diferentes áreas se reúnem em torno de um objetivo comum, garantindo o diálogo e a tomada de decisão por consenso. A missão da RTRS é promover o crescimento da produção, o comércio, e o uso da soja responsável através da cooperação com os atores na cadeia de valor da soja e à respeito da produção, ao consumo em um diálogo aberto com os participantes de la cadena de valor de la soja, incluindo produtores, fornecedores, fabricantes, varejistas, instituições financeiras, organizações da sociedade civil e outros atores relevantes. O RTRS também define os padrões para soja responsável e cadeia de custódia. Particularmente, o esquema do Padrão RTRS para Produção Responsável de Soja garante que a soja RTRS não apenas atenda aos mais altos critérios ambientais (incluindo uma garantia de desmatamento zero verificado por terceiros e conversão zero), mas também um amplo conjunto de requisitos sociais e trabalhistas. Baseia-se em cinco princípios: Conformidade Legal e Boas Práticas de Negócios; Condições de Trabalho Responsáveis; Relações Responsáveis com a Comunidade; Responsabilidade Ambiental e Boas Práticas Agrícolas. É hoje o sistema mais confiável e avançado do mercado de soja brasileiro para alcançar a sustentabilidade. Atualmente, a RTRS conta com mais de 170 membros dos países do mundo inteiro. Os princípios e critérios da RTRS são considerados um padrão multipartes que garante o Desmatamento Zero na produção de soja responsável.
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