Pioneirismo da Embrapa em fotônica credencia laboratório para integrar sistema do MCTI
As metodologias fotônicas possibilitam medir de forma rápida e precisa características físicas e químicas das plantas, dos animais, dos minerais e até dos fatores climáticos que influenciam o sistema produtivo.O laboratório multiusuário contribuirá para o salto tecnológico rumo à digitalização de todos os elos da cadeia produtiva
O Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf) da Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) foi aprovado em chamada pública para integrar o Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica (Sisfóton-MCTI). Pioneira na aplicação da fotônica no agro, com quase 20 anos de atuação neste campo da ciência, o centro de pesquisa segue alinhado aos desafios nacionais para promover o avanço científico e tecnológico do setor.
Totalmente dedicado ao desenvolvimento de tecnologias aplicadas ao agronegócio, o Lanaf é o único selecionado nesta linha de pesquisa entre os 39 submetidos na chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), para integrar o Sisfóton-MCTI.
A iniciativa teve o objetivo de apoiar laboratórios ou redes de laboratórios direcionados à pesquisa, ao desenvolvimento e à prestação de serviços tecnológicos, ao empreendedorismo e à inovação em Fotônica.
O Lanaf vai atuar em ambiente colaborativo, de forma a unir competências já instaladas na própria Embrapa Instrumentação, conectar centros de pesquisa da Embrapa das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Distrito Federal, além de instituições públicas renomadas, dentro e fora do país. O intuito é fortalecer o ecossistema de inovação em fotônica, estratégico para o aumento da competitividade brasileira.
“A proposta de estabelecimento de um Laboratório Nacional de Agrofotônica é excepcional. Trata-se do uso amplo de técnicas fotônicas em segurança alimentar e segurança do alimento, além de toda a cadeia de produção”, diz o parecer emitido pelo CNPq á pesquisadora Débora Milori, líder do projeto.
O documento aponta a visão da equipe como extremamente qualificada, a ponto de afirmar que pode se tornar referência no país e no exterior em fotônica aplicada ao agronegócio.
Outro destaque mencionado refere-se à infraestrutura, apontada como ampla e variada, com linhas de pesquisa que apresentam retorno econômico, social e científico imediato, além de um plano de negócios, avaliado como bem detalhado e coerente, conforme a experiência da Embrapa.
A física Débora Milori, com quase duas décadas de experiência na aplicação de fotônica na agropecuária, adiantou que as atividades do Lanaf serão desenvolvidas com foco em toda a cadeia de produção de alimentos – a começar pelo campo, passando pela logística, industrialização e ou comercialização até a entrega ao consumidor.
Para isso, a proposta do Lanaf é atuar mais forte e diretamente em cinco linhas principais de pesquisa - qualidade de insumos; monitoramento, remediação ambiental e sequestro de carbono no solo; mapeamento de áreas agrícolas e agricultura de precisão; pós-colheita e agroindústria.
Segundo a diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Adriana Regina Martin, essa é mais uma grande conquista para a Embrapa. “Em 2013, o Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA), sediado na Embrapa Instrumentação, foi selecionado entre os oito laboratórios estratégicos para integrar o Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNANO-MCTI). Agora, o Lanaf é um dos 10 selecionados, entre 39 propostas, a fazer parte do Sisfóton-MCTI”.
A diretora destaca ainda que o laboratório contribuirá para o aumento das parcerias da Embrapa com o setor produtivo, resultado atrelado à meta descrita no edital do Sisfóton e também no VII PDE (Plano Diretor da Embrapa), que trata da ampliação de projetos de inovação aberta.
O chefe-geral da Embrapa Instrumentação, João de Mendonça Naime, diz que o Laboratório Nacional de Agrofotônica consolida mais uma conquista pioneira da Embrapa Instrumentação baseada em sua estratégia de desenvolver e aplicar técnicas fundamentais da Física na agropecuária.
“As metodologias fotônicas possibilitam medir de forma rápida e precisa características físicas e químicas das plantas, dos animais, dos minerais e até dos fatores climáticos que influenciam o sistema produtivo. Portanto, esse laboratório multiusuário contribuirá fortemente para o imprescindível salto tecnológico rumo à digitalização efetiva de todos os elos da cadeia produtiva”, avalia Naime.
Atuação em rede
O objetivo principal do Lanaf é fortalecer a área de fotônica aplicada à agricultura, ao meio ambiente e à agroindústria brasileira. Além disso, o laboratório vai estabelecer uma rede nacional, que tenha estrutura de equipamentos e pessoal, a fim de favorecer o desenvolvimento de novas tecnologias com base em fotônica no agro.
De acordo com a pesquisadora, foram aprovados recursos da ordem de R$ 500 mil, que deverão ajudar a estabelecer essa grande rede de pesquisa e estruturar o Lanaf. “Novos projetos deverão ser organizados, tanto com agencias de fomento como em parceria com a iniciativa privada, visando o fortalecimento da área”, avalia.
Para vencer esses desafios, o Lanaf vai atuar com profissionais altamente capacitados no desenvolvimento de métodos, equipamentos e sensores que utilizem técnicas ou dispositivos fotônicos dedicados ao setor produtivo
Mas também pretende formar profissionais que consigam atuar com a multidisciplinaridade necessária em agrofotônica, facilitar a interlocução de diferentes setores de aplicação do agronegócio, no formato de parcerias de desenvolvimento e pesquisa.
“Queremos disseminar a potencialidade da Fotônica para esta área junto a usuários de universidades e institutos de pesquisa, que poderão utilizar a infraestrutura para seus cursos e suas pesquisas, tomando contato com as necessidades do setor”, acrescenta a líder do projeto
Outra frente que deverá ganhar destaque no Lanaf é a aproximação com a iniciativa privada, envolvendo discussão com pesquisadores para solução de problemas. O laboratório também pretende desenvolver projetos com empresas e startups nos moldes de inovação aberta, além do incentivo à criação de spin-offs do laboratório.
“Esperamos acompanhar os produtos licenciados para ajudar sua inserção no mercado e acompanhar o seu impacto no setor produtivo”, conclui Débora.
Apoio à fotônica
Considerada como uma das principais ciências do século 21, a fotônica, numa visão bastante simplificada é a ciência da geração, emissão, transmissão, modulação, processamento, amplificação e detecção da luz, mas atualmente o conceito é bastante amplo e é considera toda técnica que usa ou manipula fótons – porções minúsculas de luz -, como ondas de rádio, por exemplo.
Na Embrapa Instrumentação já é utilizada em tecnologias que ganharam o mercado, como o AGLIBS, aparelho desenvolvido em parceria com a spin-off Agrorobótica para fornecer dados de quantidade de carbono orgânico do solo, textura (teores de areia, silte e argila) e pH. Com a aprovação do Lanaf, as pesquisas serão impulsionadas dentro e fora da Embrapa Instrumentação.
A chamada aberta pelo CNPq/MCTI, por meio da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação (SEMPI) Nº 01/2021, cujo resultado foi publicado no Diário Oficial da União no dia 15, focou em duas linhas de pesquisa. No total foram aprovados 11 laboratórios, 10 na linha 1 e um na linha 2.
A primeira, na qual está o Lanaf, é de caráter multiusuário, direcionados à pesquisa, ao desenvolvimento e à prestação de serviços tecnológicos, ao empreendedorismo e à inovação em fotônica.
Nesta modalidade, o laboratório deverá disponibilizar, no mínimo, 30% do tempo de uso, em horas, da sua estrutura laboratorial, de seus equipamentos ou de sua expertise a usuários externos, tanto públicos quanto privados. A chamada ainda aprovou um Laboratório Integrador que, entre outras funções, será responsável pela articulação, gestão e inteligência estratégica do sistema.
De acordo com informações do MCTI, 64% das propostas aprovadas são da região Sudeste, 18% da região Centro-Oeste, e 9% das regiões Sul e Nordeste. Não houve proposta para a região Norte.
Instituído por meio da Portaria GABMI Nº 4.532, de 5 de março de 2021, o Sisfóton é uma das principais ações estratégicas e estruturantes da Iniciativa Brasileira de Fotônica (IBFóton). O foco é a promoção da inovação na indústria brasileira e no desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social do país.
O trabalho no Lanaf será desenvolvido em parceria com dez instituições de pesquisa – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), Embrapa Hortaliças (Brasília – DF), Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza – CE), Embrapa Gado de Corte (Campo Grande – MS), Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília – DF) e Embrapa Informática Agropecuária (Campinas – SP).
Os projetos desenvolvidos ainda vão apoiar 11 centros de pesquisa: Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO); Embrapa Arroz e Feijão (Goiânia-GO); Embrapa Soja (Londrina-PR); Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ); Embrapa Trigo (Passo Fundo-RS); Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS); Embrapa Cerrados (Brasília-DF); Embrapa Suíno e Aves (Concórdia-SC); Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE); Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP), Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves-RS).
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