Quais são os pontos de atenção do estabelecimento até o primeiro pastejo?
Por Rodrigo Zago, Desenvolvedor Tecnológico da Barenbrug do Brasil
A implantação e o estabelecimento de plantas forrageiras estão relacionadas ao cenário proposto do sistema de produção, onde a busca dos animais em pastejo no manejo intensivo é a eficiência de colheita no tempo e no espaço. O planejamento das ações para uma boa formação das pastagens é o principal fator para o êxito, definindo algumas etapas fundamentais após a escolha da área.
A primeira etapa consiste na análise de solo, que tem por objetivo mapear e corrigir a fertilidade do mesmo, atribuindo para as plantas maior capacidade de absorção de nutrientes. A etapa seguinte está estreitamente ligada ao sistema e a exigência nutricional planejada para atingir as métricas pecuárias, onde a escolha da espécie e variedade forrageira a ser implantada é de suma importância, para aderir segurança com eficiente tratamento de sementes, qualidade com o melhoramento genético e a seleção de plantas superiores.
A terceira etapa consiste no preparo do solo, sendo dependente da disponibilidade de implementos e condições ambientais no dia da ação, estando relacionada a quarta etapa com os métodos de semeadura, podendo ser em linha com semeadora e com o sistema de dosagem através do rotor ou sistema mecânico de distribuição de sementes. É importante observar se não há problemas, ou com desgaste na incrustação das sementes ou com sistema pneumático de distribuição e dosagem que possui alta eficiência com sementes incrustadas, aliada à técnica do plantio direto.
No preparo convencional geralmente é utilizada a semeadura a lanço, onde há necessidade de alguns cuidados na regulagem, como, por exemplo, definição da velocidade e largura de trabalho da operação e o peso de mil sementes (PMS) para atingir a calibragem almejada, sendo importante nessa metodologia a compactação ou incorporação das sementes no solo.
Após a emergência de plântulas, ao redor de três semanas pós-plantio, é fundamental a contagem em pontos aleatórios para certificar se há uma boa formação da pastagem, e se o número de plantas emergidas está no limite ideal, sendo definido para o gênero das Brachiarias 15 a 20 plantas/m2 e Panicum 20 a 40 plantas/m2.
Monitoramento é fundamental para sucesso no estabelecimento de plantas forrageiras
O monitoramento constante durante o desenvolvimento da pastagem é indispensável para definir as estratégias de controle com os tratos culturais, seja contra plantas daninhas ou eventual ataque de pragas. Tal ação garante a sanidade e o vigoroso estabelecimento da forrageira.
As plantas estão diretamente associadas à fatores edafoclimáticos que definem o padrão de acúmulo da pastagem, sendo determinado a plasticidade fenotípica pela estrutura do dossel (altura), definido por muitos pesquisadores o fator central e integrador das respostas do ecossistema pastagem.
A interrupção do crescimento da pastagem e a entrada dos animais para realizar o primeiro pastejo estão atreladas à diversos estudos que evidenciam o critério de 95% de interceptação luminosa (IL), luz que chega ao solo, resultando as máximas taxas de ingestão pelos animais com menor acúmulo de material morto e colmos, maior produção de folhas e raízes maximizando eficiência na utilização da pastagem.
A lotação ou carga animal expressa na quantia de animais que irão ocupar a área (KgPV/Ha-1) é dependente e ajustada conforme a oferta de forragem disponível, que pode ser calculada por quilo de massa seca, por quilo de peso vivo animal, ou pelo nível de oferta diária disponível para cada 100 quilos do peso vivo, incluindo a taxa de acúmulo.
Em pastagens de gramíneas, a unidade básica de produção é constituída pelos perfilhos, denominando o conjunto de fitômeros responsáveis pelo arranjo da parte aérea das plantas numa comunidade. As ações de manejo podem modificar o ambiente luminoso no interior do dossel e as taxas de crescimento da planta, refletindo na dinâmica do perfilhamento dos pastos.
O atual cenário no manejo das pastagens está descrito para a formulação de estratégias para a máxima eficiência de colheita e utilização do capim pelos animais. O pasto com altura fora do padrão desejável acarreta menor número de bocados e maior tempo para se alimentarem.
Os animais em pastejo removem, na média, a metade da forragem disponível por horizonte pastejado, sendo descritas por inúmeras pesquisas que as taxas de bocados ideais para refletir eficiência na utilização é quando os animais consomem constantemente ao redor 50% da altura do pasto, definindo aqui o princípio da altura de reserva ou resíduo para a planta expressar seu melhor desempenho de rebrota. Desta forma busca-se ter um perfil conservacionista para uma boa circulação de nutrientes.
Se a área é composta por Cynodon Dactylon, por exemplo, a altura de entrada deve ser 20cm (95% da interceptação luminosa) e a altura de saída (resíduo) 12-10 cm, que representa consumo de 40% do total ofertado, resultando na máxima velocidade de ingestão, estando essa relação definida para toda e qualquer planta forrageira.
Os resultados propostos para um ótimo aproveitamento da pastagem são definidos pela manutenção em níveis potenciais e constantes, maximizando a colheita de forragem no espaço e no tempo, assumindo o papel central dessa relação solo, planta e animal. O planejamento e a estratégia de manejo a ser empregada definirão os limites de flexibilidade e de uso na composição do cenário produtivo.
*Artigo técnico escrito por Rodrigo Zago, Desenvolvedor Tecnológico da Barenbrug do Brasil. Zootecnista pela universidade federal de Santa Maria (RS), mestre em produção animal/ concentração plantas forrageiras pela universidade federal de Santa Maria em conjunto com Instituto Nacional de Investigación Agropecuária (INIA Tacuarembó Uy), do Uruguai. Atua com assessoria e planejamento forrageiro em sistemas de corte e leite desde 2015.
Sobre a Barenbrug do Brasil
A Barenbrug do Brasil é afiliada ao Royal Barenbrug Group, empresa familiar de quarta geração, pioneira e líder mundial no segmento de sementes forrageiras. Com mais de 800 funcionários, em mais de 20 países e cinco continentes, a missão da Barenbrug é incrementar a produtividade animal, ajudando a alimentar o mundo, além de aumentar o bem-estar em espaços verdes ao redor do mundo. No Brasil, somos especializados no melhoramento genético, na produção e no tratamento de sementes forrageiras para o Agronegócio e oferecemos ao setor soluções e cultivares de alto potencial produtivo.
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