Mudanças e impactos provocados pela pandemia na cadeia do trigo foram debatidos em evento online
Webinar promovido pelo Sindustrigo discutiu os desafios do setor no mundo pós-Covid-19
Visando analisar os impactos causados pela Covid-19 ao setor e as perspectivas do mercado para os próximos meses, o Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo) promoveu, nos dias 15 e 16 de outubro, a 5ª edição do Encontro da Cadeia Produtiva do Trigo de São Paulo que, por conta da pandemia, foi realizada em formato online.
“Contamos com a inscrição de um grupo bem heterogêneo de participantes, representando diferentes elos da cadeia, como moageiros, produtores, fornecedores e clientes. Essa união é muito importante para os debates nestes tempos complexos e inéditos que estamos vivendo”, afirmou o presidente do Sindustrigo, Valnei Vargas Origuela.
Em sua fala de abertura do evento, Origuela destacou o papel do trigo durante o período de isolamento social. “O grão e seus derivados formam mais do que uma fonte de alimento, assumindo quase que uma função terapêutica, pois servem como um consolo para as famílias que ficaram enclausuradas em casa”.
Com o tema “Conjuntura mercadológica do trigo e farinha”, o executivo do negócio trigo da Bunge, Edson Csipai, deu início à programação do primeiro dia do evento apresentando os dados do mercado registrados ao longo deste ano, principalmente por conta da pandemia.
“No final do primeiro trimestre de 2020 tivemos um momento de pânico geral no mercado, marcado pelo medo de uma recessão mundial. Esse cenário foi caracterizado pela desvalorização do real em quase 50%, que impactou diretamente o negócio do trigo no Brasil", destacou.
Segundo Csipai, o período também foi marcado por mudanças na demanda de distribuição, que refletiu no aumento de volume em alguns segmentos e redução em outros. “Esse movimento acabou repercurtindo em um equilíbrio na demanda de forma geral”, ressaltou.
Ainda durante a apresentação do primeiro painel, que foi moderado pelo chefe geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vasconcelos Vieira, foram apontadas informações quanto ao consumo de farinha de trigo durante o ano.
“Em 2019, o país registrou um consumo de 9 milhões de toneladas de farinha de trigo. Até o momento podemos afirmar que teremos um aumento de 1% nesse total. O destaque serão as massas, que tiveram um pico de 30% durante a fase de isolamento social”, apresentou Csipai.
Cenário econômico pós-pandemia
A programação do primeiro dia seguiu com o tema “Cenário econômico pós-pandemia”, que foi apresentado pelo economista chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani e contou com a moderação do vice-presidente do Sindustrigo, Christian Saigh.
Segundo Padovani, a expectativa para 2021 é de uma retomada na economia brasileira, tendo em vista o fim do isolamento social, aliada a um bom andamento das exportações e injeção de investimentos por parte do mercado externo, além das baixas taxas de juros registradas no país.
“Sem dúvida, a pandemia afundou a economia nacional este ano, o que refletirá em uma recuperação do cenário econômico para o ano que vem. Teremos uma melhora expressiva em 2021, pois a referência que será usada no comparativo é muito baixa”, explicou.
A retomada gradativa do comércio e de outros setores refletirá na melhora do crédito, nas vagas de trabalho e no cenário político. “Temos um sentimento geral de que não teremos no ano que vem uma repetição de como foi o primeiro semestre de 2020, tendo em vista os aprendizados adquiridos. Isso resultará em uma melhora constante nos números e na retomada da economia brasileira”, ressaltou Padovani.
No setor de alimentos, a expectativa é de custos controlados e receita em alta. “Esta é uma área que caminha em paralelo ao PIB. Ou seja, se o PIB vai bem podemos dizer que o mercado vai bem. Sendo assim, o ano de 2021 tende a ser melhor em resultados”, destacou o economista.
Tendências de consumo no pós-pandemia
O segundo dia do webinar contou com a palestra “Um novo estilo de vida: a alimentação pós-pandemia”, ministrada pela cientista de alimentos, Natasha Padua, que teve a moderação do presidente da Abimapi e do Simabesp, Claudio Zanão.
Em sua apresentação, Natasha fez uma análise sobre as mudanças de hábitos de consumos por parte dos consumidores ocasionadas pela pandemia. “Percebemos que alguns movimentos, como o da saudabilidade, que já estavam em pauta antes da Covid-19, ganharam mais força em virtude da situação atual”, destacou.
Segundo ela, os brasileiros adquiriram mais alimentos e bebidas ao longo do isolamento social, mas a saúde passou a ser um fator diferencial no momento da compra, sendo que a marca passou a segundo plano. “Nossas pesquisas mostraram que 60% dos consumidores passaram a buscar produtos que ajudam a melhorar a imunidade. Além disso, começaram a fazer escolhas mais conscientes e funcionais”, destacou.
Fechando o segundo dia o empresário, professor, escritor e palestrante de gestão, estratégia e inovação, Carlos Júlio, ministrou a palestra “As transformações e os impactos dos novos tempos”, que contou com a moderação do presidente do Sindustrigo, Valnei Vargas Origuela.
Em sua apresentação, o escritor falou sobre os reflexos que a quarentena e o isolamento social provocaram na sociedade como um todo, principalmente no ambiente corporativo. “A pandemia nos colocou para pensar e avaliar a realização de mudanças verdadeiras nos negócios e nas carreiras profissionais”.
“As empresas se viram provocadas a rever os ambientes e a forma de trabalho, lidando de maneira saudável com as aflições e transformações do mundo pós Covid-19, baseadas nos aprendizados vivenciados nesta fase”, destacou o autor do livro “O que eu não posso deixar de fazer hoje”, lançado no início deste ano.
“Antes nosso objetivo era ‘matar’ os nossos concorrentes, mas hoje entendemos que eles nos fazem crescer. Teremos que rever nossos conceitos e nos reinventar para enfrentar os novos desafios”, finalizou.
Os dois dias da 5ª edição do Encontro da Cadeia Produtiva do Trigo de São Paulo estão disponíveis no canal do YouTube do Sindustrigo.
1º dia:
Sobre o Sindustrigo
O Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo) é uma instituição de mais de 75 anos e tem como objetivo principal a coordenação, a proteção e a representação legal das categorias econômicas e setores relacionados a esse importante segmento da cadeia alimentícia que é a indústria do trigo do Estado de São Paulo.
Representando 10 dos principais moinhos do estado, o Sindustrigo tem trabalhado pelo engrandecimento social e econômico dessa categoria enfrentando grandes desafios, mas sobretudo, garantindo a efetividade de suas ações.
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