‘Agricultor precisa saber quando e qual produto usar e o apicultor manejar seus apiários corretamente’
Apicultor presente nos três estados da região Sul trabalha em parceria com cerca de 300 produtores de frutas e grãos, para polinização, e nunca registrou perda de colmeias em decorrência de mau uso de defensivos agrícolas
Produtor qualificado de mel orgânico, o apicultor Célio Roberto Althaus Iurkevicv considera seu pasto apícola “um exemplo” para a cadeia produtiva. Com apiários instalados nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, ele mantém de 1,5 mil a 4 mil colmeias, entre o inverno e o verão. Um dos poucos na atividade a atuar nos três estados do Sul brasileiro, Iurkevicv também utiliza seus apiários na polinização de cultivos e dá emprego a entre 6 e 8 pessoas, incluindo seus filhos.
Conforme o apicultor, somente este ano 700 de suas colmeias já produziram cerca de 50 toneladas de mel orgânico, sendo quase 70% do total para o mercado externo. Iurkevicv, que atua na apicultura há 30 anos, figura entre os apicultores parceiros do Colmeia Viva, um movimento do setor de defensivos agrícolas que tem por objetivo promover o diálogo entre a agricultura e apicultura, para proteger abelhas e cultivos.
“Colmeia Viva é um projeto muito bom para levar informação a agricultores e apicultores. Precisa viajar ainda mais o Brasil, estender conhecimento, explicar a importância e a necessidade das abelhas nas lavouras, para fazer a polinização”, diz Iurkevicv. “Trabalho em parceria com aproximadamente trezentos produtores de frutas e grãos, fazendo polinização de cultivos. Nunca perdi colmeias por aplicação de defensivos agrícolas”, acrescenta ele.
“Meu pasto apícola é uma referência na área, pois sigo um calendário apícola anual. Todo mês faço manejo das colmeias corretamente, trabalho o ciclo da florada do mato com as abelhas. O problema da mortalidade de abelhas não é a aplicação de produtos, mas a falta de conhecimento do agricultor a respeito do uso correto de defensivos. Na florada não se deve aplicar inseticida. Do lado do apicultor, falta manejo correto de colmeias, trocar a rainha, tirar a cera e, principalmente, tratamento de varroas, ácaro que infesta colônias de abelhas, um problema mundial. É fundamental que as partes conheçam seu negócio.”
Célio Iurkevicv destaca ainda que este mês está com 400 de suas colmeias fazendo a polinização na cultura da ameixa. “Depois iremos para a maçã, aproximadamente duas mil caixas. Ainda no inverno polinizaremos a canola; tenho de oitocentas a mil caixas nesta cultura. A ausência de polinização pelas abelhas, nestas culturas, pode causar perda de 40% a 100% da produção.”
“Na sojicultura, cultura beneficiada pela polinização, estamos testando o trabalho com abelhas e observamos um aumento de 5% a 30% na produtividade. A polinização na hora da florada de qualquer cultura é o momento de garantir a produtividade da safra”, acrescenta Iurkevicv.
Segundo Iurkevicv, um exemplo comum de manejo inadequado de defensivos é a utilização de inseticida quando a cultura está em florada. “Não pode. A flor no pomar é o que garante a produtividade. A abelha sempre vai ajudar. Sendo cultura dependente, não-dependente ou beneficiada, a abelha entrega resultado.”
O apicultor relata ainda que soube, pelo noticiário, que no estado de São Paulo a laranja perdeu produtividade. “Sabe o que acontece? Apicultores do Paraná e do Sul como um todo migram para lá e têm grandes perdas com defensivos, não trocam suas rainhas, não tratam varroas e as colmeias ficam fracas. As caixas são instaladas muitas vezes sem o conhecimento do produtor de laranja, portanto não há o diálogo entre as partes prejudicando tanto o apicultor quanto o fruticultor.”
Coopercampos - Por seu elevado conhecimento técnico da atividade apícola, Célio Iurkevicv tornou-se uma referência em toda a região na qual atua. Ele adianta que formou uma parceria construtiva com a Coopercampos, cooperativa agrícola com 50 anos de história e cerca de 1,5 mil associados, sediada no município catarinense de Campos Novos. “Apresento meu trabalho nos Dias de Campo e mostro a importância das abelhas na polinização de cultivos”, conta.
Ao final da conversa, Célio Iurkevicz lembra da necessidade de o apicultor, com a ajuda do agricultor, alimentar às abelhas no período do inverno. “É preciso plantar e cobrir um pedaço da propriedade com nabo e canola, que são culturas de inverno e mantêm abelhas bem-alimentadas, dentro do mato. Na época certa, elas vêm polinizar.” Outro ponto importante, segundo ele, é que a abelha trabalha das 6h às 10h30 e no período da tarde, das 16h30 até escurecer. “Estes são os melhores horários de polinização, então é importante não aplicar produtos nas lavouras”, finaliza.
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