Escolha do pasto para o gado de corte requer muita atenção
Antes de adquirir determinada variedade, produtor precisa estar atento a fertilidade, clima e exigência da planta e aliar isso a sua estratégia de criação
Durante muitas décadas o pasto não era visto como uma cultura importante por boa parte dos pecuaristas. A grande oferta disponível para a boiada devido às excelentes condições e clima de um País tropical, favoreceram essa tendência de pouca preocupação, cuidados e manejo de solo. Entretanto, agora os tempos são outros.
Hoje, com a baixa oferta de novas áreas e o grande número de pastos degradados, o produtor precisa aumentar sua produção no mesmo espaço. Além de animais de boa genética e medidas de bem-estar, na criação de gado de corte a nutrição animal é um dos principais alicerces e por isso a importância dos cuidados com o pasto.
A dieta desses animais a pasto deve abranger uma quantidade ideal de fibras, proteína e energia, para que a produção da carne esteja de acordo com a qualidade desejada pelo mercado consumidor. Por essa razão, entre as diversas possibilidades, o pasto para gado de corte deve ser cuidadosamente escolhido, levando em conta a produtividade e as necessidades da planta, mas sem se esquecer das exigências e particularidades de cada sistema de produção adotado.
Essa premissa se torna lógica quando se observa que é por meio da alimentação que os animais obtêm todos os nutrientes necessários para produzirem mais e melhor. Mas, ao contrário do que possa parecer, escolher o melhor pasto para gado de corte não é uma das tarefas mais simples, gerando muitas dúvidas. “Para essa escolha, é necessário considerar vários aspectos, tais como o tipo de solo e seu nível de fertilidade, além das condições climáticas da região e os atributos inerentes à cada planta”, destaca o zootecnista, Diogo Rodrigues, técnico em sementes da Soesp - Sementes Oeste Paulista.
Cuidados na escolha
As características bromatológicas de cada forrageira devem ser consideradas, ou seja, é preciso conhecer a natureza, a composição, o processamento e o valor nutritivo das plantas. Também não se pode esquecer das exigências de cada forrageira quanto à fertilidade do solo, que pode demandar que o pecuarista realize correções nesse solo, com a aplicação de fertilizantes e uso da adubação.
Além disso, é fundamental levar em consideração o clima da região. “O Brasil tem dimensões continentais, com biomas apresentando diferenças significativas quanto aos fatores climáticos, como temperatura e intensidade das chuvas e da luz solar, fatores que influenciam diretamente na escolha e no bom desenvolvimento e produtividade das plantas forrageiras”, lembra o especialista.
Assim, vale a pena optar por espécies que sejam adaptadas para cada localidade, considerando o tipo e a fertilidade solo. Também é fundamental que sejam aptas ao clima da região, permitindo que aquela planta tenha melhor aproveitamento quanto aos volumes de chuva e de luz solar apresentados. Por fim, também é preciso considerar qual será o melhor pasto para gado de corte de acordo com a plantabilidade e aceitabilidade de cada categoria animal.
Cria, recria, engorda ou ciclo completo
De acordo com o técnico de sementes da Soesp, para o sistema de criação baseado na cria, por exemplo, o ideal é optar por uma pastagem que tenha características baseadas em um capim mais suave e com menos talo. Assim, a recomendação de forrageiras para esses animais são as seguintes: Panicum Massai, Panicum BRS Tamani, Brachiaria BRS Piatã ou Brachiaria Marandu. “Vale reforçar ainda que, neste sistema de criação, tanto a Brachiaria decumbens, quanto a Brachiaria humidicola não devem ser utilizadas, pois são capins hospedeiros do fungo Pithomyces chartarum, causador de casos de fotossensibilização, que podem causar danos em animais mais sensíveis, como bezerros”, destaca o zootecnista.
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