Embrapa Alimentos e Territórios consolida agenda
Associar ciência e biodiversidade, ampliar o uso e organizar informações sobres produtos alimentares diferenciados (PADs) na alimentação e na gastronomia, incentivar o turismo sustentável nos territórios, valorizando o patrimônio alimentar brasileiro e as novas demandas do consumidor. Esses são objetivos da Embrapa Alimentos e Territórios, que completa um ano e avança em sua consolidação. Em outubro, a Unidade ganhou um espaço próprio, em prédio cedido pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura de Alagoas (Seagri), no centro de Maceió, com área disponível para novos empregados e equipamentos.
Além da parceria com o governo estadual, outro convênio, assinado com o Sebrae, caminha para o segundo ano de execução. A partir de parcerias firmadas com os escritórios do Sebrae de Alagoas, Sergipe e Pernambuco, foram realizados os primeiros estudos técnicos para mapeamento de PADs típicos dos três estados. Esse é um projeto-piloto para realização de ações de identificação, catalogação, organização e elaboração de um mapa de produção e consumo, com informações qualificadas e geoespacializadas sobre a origem de alimentos elaborados nesses estados.
O próximo passo é a constituição de um banco de dados georreferenciados sobre a localização dos PADs e a conexão com o consumo local e com os diversos arranjos da gastronomia tradicional, além da potencial inserção em polos de turismo. Mais do que promover conexões, a Unidade vai realizar pesquisas e gerar soluções tecnológicas que promovam e agreguem valor aos alimentos brasileiros, e que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, o consumidor será o protagonista.
“As pessoas têm muito interesse em consumir alimentos produzidos nas comunidades. São os chamados alimentos territoriais, artesanais, típicos, que ganham cada vez mais valoração no mercado, especialmente quando relacionados com os circuitos gastronômicos da agrobiodiversidade. Quando o turista viaja, por exemplo, ele quer comer o alimento da região, do território. Por isso, é também uma forma de viabilizar a inclusão produtiva a partir do trabalho nas comunidades com os alimentos típicos”, esclarece o chefe-geral da Unidade, João Flávio Veloso.
Inventário dos produtos alimentares diferenciados
A Embrapa Alimentos e Territórios e o Sebrae estão mapeando os alimentos elaborados de forma artesanal por comunidades de Alagoas, Pernambuco e Sergipe. São diversos tipos de queijos, doces, biscoitos, bolos, carne de jaca, cachaça orgânica, cerveja artesanal, pães especiais e frutas típicas do Nordeste.
O Sebrae também identificou municípios nordestinos com elevado potencial de receberem selos distintivos de qualidade e origem, como já acontece com o vinho do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, os queijos da Serra da Canastra e do Serro e os cafés da Serra da Mantiqueira e da região do Cerrado, em Minas Gerais, e outros produtos brasileiros que tornaram-se conhecidos mundialmente.
Parcerias nacionais e internacionais
O Cirad é um dos parceiros da Embrapa Alimentos e Territórios, que tem no seu DNA a atuação compartilhada com outras organizações, nacionais e internacionais, assim como já vem acontecendo com o governo de Alagoas, o Sebrae, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Iphan) e os ministérios da Agricultura (Mapa), do Desenvolvimento Regional (MDR) e do Turismo, além de institutos que atuam com o resgate e a valorização dos produtos da biodiversidade brasileira.
A partir da parceria com o Iphan, os pesquisadores da Unidade, que já atuavam nas temáticas em outros centros, buscarão fortalecer a pesquisa e as possíveis conexões entre os sistemas agrícolas tradicionais (SATs) e os roteiros da sociobiodiversidade. É o caso do pesquisador João Roberto Correia, especialista em solos e nutrição de plantas, com doutorado em patrimônio e sistemas agrícolas. Uma de suas atribuições é a execução do convênio com o Iphan.
Rotas de Integração Nacional
Atuar e apoiar a construção do Programa Rotas de Integração Nacional, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), é outra frente de trabalho da Embrapa Alimentos e Territórios.
Uma dessas rotas é o Mangue Digital, polo que está sendo organizado em Pernambuco para conectar as tecnologias da informação e comunicação do estado com os produtores de inovação.
Outra rota, localizada no Ceará, prevê a constituição do polo da fruticultura, que reunirá extrativistas do pequi, fruta nativa da Chapada do Araripe, além de produtores de outras frutas locais, como a seriguela, o murici, a mangaba, o araçá e o cambuí. Em Alagoas, outro polo de fruticultura está em fase de organização, na região de Palmeira dos Índios. Os dois integrarão a Rota da Fruticultura e contam com a participação direta dos pesquisadores da UD.
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