Royalties de porcelanas de luxo vão financiar pesquisa com frutíferas nativas da Amazônia
A Embrapa Agrossilvipastoril está iniciando, em Sinop (MT), uma pesquisa com oito espécies frutíferas nativas amazônicas. O trabalho é desenvolvido em parceria com a Ecoarts Amazônia, uma entidade sem fins lucrativos, com uso de recursos oriundos da venda de porcelanas de uma coleção sobre a Amazônia lançada pela empresa portuguesa Vista Alegre em 2019.
Na pesquisa, será avaliado o desenvolvimento inicial e formas de propagação de espécies como bacurizeiro, camucamuzeiro, muricizeiro, tucumazeiro, taperabazeiro e abricoteiro. Os materiais genéticos são oriundos da Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA), que já estuda o sistema produtivo dessas frutíferas. As mudas usadas no experimento vieram da capital paraense.
O pesquisador João Meneguci explica que em médio prazo, com o acúmulo de informações, o objetivo é o de capacitar viveiristas e comunidades para a produção de mudas e manejo dessas espécies. Além disso, o trabalho visa tornar essas fruteiras conhecidas da população, uma vez que todas elas possuem potencial de uso comercial.
A atividade de pesquisa faz parte do projeto Amazon Flora, liderado pela Embrapa Rondônia e aprovado junto ao Fundo Amazônia. A Ecoarts também fará aporte financeiro e apoio de mão-de-obra para condução do experimento.
Floresta de Alimentos
A parceria da Embrapa Agrossilvipastoril com a Ecoarts é parte do projeto conduzido pela entidade chamado Floresta de Alimentos. A iniciativa prevê o plantio de mais de mil matrizes frutíferas em vias públicas, parques e escolas públicas de Sinop. O objetivo é o de criar unidades de restauro florestal em cidades, áreas rurais e comunidades tradicionais e indígenas dentro da Amazônia brasileira. Espera-se assim evitar a erosão genética, promovendo a propagação das espécies, a biodiversidade e a recuperação ambiental.
Nesta sexta-feira, dia 24, 200 mudas das mesmas espécies da pesquisa serão plantadas em uma avenida da cidade, próxima ao Parque Florestal. Assim, as frutas poderão servir de alimento para aves e primatas que circulam na região.
De acordo com a Ecoarts, as árvores plantadas nas áreas urbanas serão monitoradas por meio de tecnologia QR code, que permite o acompanhamento do desenvolvimento da muda, o georeferenciamento e o cálculo de crédito de carbono. Utilizando o celular, todo cidadão poderá se informar sobre a planta, compartilhar dados ajudando na sua conversação.
“O estado do Mato Grosso é o nosso lar, e dali atuamos para implantar e multiplicar ações de preservação, recuperação e educação ambiental em cidades, áreas rurais e comunidades tradicionais e indígenas dentro do perímetro da Amazônia Legal. Nossa visão de preservação é sistêmica e integrada e nossa rede de parceiros inclui governos, produtores rurais, ONGs, instituições públicas e privadas e a população local”, diz Marcia Martins, co-fundadora da Ecoarts Amazônia.
Porcelana de luxo financia a pesquisa
A Ecoarts é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) com sede em Sinop e São Paulo que utiliza materiais da floresta para a produção de artigos de decoração. As peças são vendidas em mercados internacionais e em grandes centros, com alto valor. Parte do lucro retorna à floresta por meio de projetos de revegetação, treinamento de comunidades tradicionais e coletores e financiamento de pesquisa.
A Ecoarts fez uma parceria com a empresa portuguesa de porcelana de luxo Vista Alegre para a criação de uma coleção com motivos amazônicos. Os royalties da venda dessa coleção, lançada na Europa no início de 2019, são destinados ao projeto Floresta de Alimentos.
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