Por que as empresas estão migrando para a nuvem?
Segundo a IDC, o crescimento da área está ligado aos investimentos acelerados relacionados à IA, que impactaram os servidores e geram gastos com armazenamento corporativo.
A migração para a Nuvem (Cloud Computing) está se tornando uma prioridade estratégica para empresas dos mais diferentes setores. A tendência vem ganhando força nos últimos anos e deve se consolidar em um futuro bem próximo. A Gartner, líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas, prevê que até 2028 a Computação em Nuvem deixará de ser uma tecnologia disruptiva e se tornará fundamental para manter a competitividade empresarial.
A Gartner prevê que os gastos com serviços públicos de Nuvem em todo o mundo continuem aumentando sem restrições, ultrapassando a marca de US$ 1 trilhão até 2027. A expectativa é que até 2028 mais de 50% das empresas utilizem plataformas em Nuvem. Na América Latina, e especificamente no Brasil, essa tendência também é forte. A International Data Corporation (IDC) estima que os investimentos em nuvem na América Latina devem crescer a uma taxa anual composta de 30% ainda neste ano, com o Brasil sendo o principal mercado deste segmento.
“A nuvem permite que as companhias ampliem sua capacidade de armazenamento e processamento de dados, ao mesmo tempo em que garantem maior flexibilidade, eficiência e redução de custos operacionais. Esse movimento é impulsionado pela crescente digitalização dos negócios e pela necessidade de se adaptar a um cenário de rápidas mudanças tecnológicas e econômicas”, afirma Gerson Lopes, VP Of Business da Wevy, referência em soluções em nuvem na América Latina e especialista em cloud computing, cybersecurity e Managed Service Provider (MSP).
A IA tem puxado os investimentos
De acordo com o IDC, os gastos com produtos de infraestrutura de computação e armazenamento para implementações em Nuvem, incluindo ambientes de TI dedicados e compartilhados, aumentaram 61,5% ano a ano no segundo trimestre de 2024, equivalente a US$ 42,9 bilhões. O crescimento se deve principalmente aos investimentos acelerados relacionados à IA, que impactaram especialmente os servidores e aos gastos com armazenamento corporativo.
Para Elis Hernandes, CIO do braço brasileiro da Marlabs, gigante de soluções digitais, a IA impulsiona a computação em nuvem e vice-versa. “A computação em nuvem fornece a infraestrutura escalável e flexível, necessária para treinar e executar modelos de IA complexos, e também popularizá-los. Alguns casos de uso que podem ser citados é a área de MLOps ((Machine Learning Operations), que de forma resumida é a aplicação de IA para automatizar o ciclo de vida do desenvolvimento de modelos de machine learning. O uso de IA pode facilitar no gerenciamento de nuvens híbridas e multicloud, permitindo que as empresas aproveitem os benefícios de diferentes provedores de nuvem e, como não poderíamos deixar de mencionar, a computação em nuvem como ferramenta importante para treinar e hospedar modelos de IA generativa, que tanto têm sido utilizados pelos mais diversos profissionais”, explica.
Já a IA permite otimizar e automatizar muitos dos processos da computação em nuvem. Elis exemplifica que alguns casos são a utilização de IA para analisar padrões do uso dos recursos em nuvem e ajudar no ajuste, otimização e economia desses recursos; uso de IA para automatização de tarefas como o provisionamento de instâncias, a configuração de redes e a otimização de bancos de dados; personalização de serviços, melhorando a experiência no usuário no uso das plataforma em nuvem; melhoria da segurança, identificando ameaças e tomando ações rápidas; análise preditiva dos logs e todos os dados da computação em nuvem, ajudando na tomada de decisão e na ação proativa.
“Esses são alguns cenários de uso de IA na computação em nuvem que, assim como em outros, além de permitir melhor utilização dos recursos, permite que os profissionais de TI possam se concentrar em atividades de maior valor agregado”, completa Elis.
Mercado estratégico
Exemplos de empresas que têm adotado a computação em Nuvem como uma estratégia para impulsionar seus negócios não faltam, a JExperts, que há mais de 20 anos desenvolve softwares voltados à gestão de grandes corporações. A escolha pela Nuvem da Wevy permite à empresa focar na sua atividade-fim e ganhar velocidade de crescimento.
Segundo Tiago Fascin, responsável pela Governança Corporativa da JExperts, desde sua fundação, a empresa teve a certeza de que terceirizar a cloud seria a sua melhor opção, pois tiraria de dentro da companhia a complexidade de problemas relacionados, principalmente, à infraestrutura, telecomunicações e segurança. “Hoje eu tenho uma empresa especializada e focada em cuidar de problemas que eu não preciso mais cuidar, porque este não é o meu negócio”, enfatiza Tiago.
Ele explica que seria preciso ter um time muito grande dentro de casa para dar conta da infraestrutura em cloud de todos os clientes. “Isso iria onerar muito a JExperts, de tempo e de custo, então, é muito melhor terceirizar e colocar na mão de quem conhece a cloud muito mais do que a gente. Inclusive, isso te dá velocidade de crescimento”.
Por causa da parceria, além de ter à disposição uma gama mais ampla de fornecedores de cloud, a JExperts conseguiu implementar o conceito de Disaster Recovery nas operações da empresa. “Isso foi fundamental para nós. Hoje temos um cluster de servidores de produção em um data center da Wevy, mas temos tudo replicado em tempo real em um segundo data center, com todas as certificações internacionais necessárias”, conta Tiago. O Disaster Recovery permite voltar o ambiente, rapidamente, até uma semana atrás (de minuto em minuto) ou até 7 dias atrás (diariamente). A composição de soluções ajuda a manter a velocidade de resposta em caso de catástrofes.
Além do Disaster Recovery, a JExperts contratou o backup offsite em cloud pública. Dessa forma, a companhia pôde replicar o ambiente de um de seus produtos no data center da Azure. “Agora nós estamos trabalhando para ter os nossos outros produtos espelhados no data center da Google Cloud. A ideia é ter o meu pool de servidores de produção no data center da Wevy, com o Disaster Recovery nativo em um segundo data center, e tê-los ainda espelhados em infraestruturas públicas de fornecedores distintos”, resume Tiago.
Profissões voltadas para a nuvem: demanda e desafios
Para dar conta do crescimento das tecnologias em nuvem, novas oportunidades e profissões têm surgido no mercado de trabalho, especialmente no setor de tecnologia da informação (TI). Profissões voltadas para cloud computing, como arquitetos de nuvem, engenheiros de DevOps, especialistas em segurança na nuvem e administradores de sistemas em nuvem, estão entre as mais demandadas.
Um relatório da LinkedIn apontou que essas habilidades estão entre as mais buscadas globalmente, e no Brasil não é diferente. No entanto, a demanda está superando a oferta de profissionais qualificados. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o Brasil terá um déficit de 290 mil profissionais de TI até 2024, e muitos desses cargos estão diretamente relacionados à nuvem.
“Alguns anos atrás tínhamos os profissionais de operações, a ‘pessoa da infra’, que entendia muito da infra e pouco do software. Esse cenário mudou e, nos últimos anos, falamos muito da cultura DevOps, que exige que os profissionais de operações conheçam de desenvolvimento e vice-versa. Com a evolução das tecnologias em nuvem, esses profissionais precisam entender de infraestrutura, de desenvolvimento, de segurança, de IA, conhecer com detalhes as plataformas de computação em nuvem e seus serviços, além de entender como tudo isso pode ser utilizado para apoiar de forma estratégica ao negócio. Não é uma tarefa fácil e profissionais com essas competências estão em falta”, completa Elis Hernandes, da Marlabs.
Gustavo Santos, CTO da Callface, startup referência em soluções e transformação digital na América Latina, diz que a dificuldade em contratar especialistas na área se deve, em parte, à rápida evolução das tecnologias de cloud computing, que exige profissionais constantemente atualizados. “Além disso, a escassez de mão de obra qualificada, agravada pela falta de formação técnica e certificações específicas, cria uma forte competição entre empresas para atrair talentos. Muitas organizações estão investindo em programas de capacitação interna ou parcerias com instituições de ensino para formar esses profissionais para suprir essa demanda”, reforça.
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