Acessibilidade Digital: por que o futuro tem tudo a ver com inclusão?
Por Marcelo Pires
Imagine que você é uma mãe com uma criança de colo e precisa pagar uma fatura do banco. Assim que abre o aplicativo pelo celular, a ferramenta exige que você vire o aparelho na diagonal. Difícil, não? Agora, pense que seu smartphone está com a tela rachada e você precisa clicar em um botão bem onde está a falha. Podemos ir além: e se você perdesse a visão de um dia para o outro e precisasse de um leitor de telas para utilizar o computador?
Falar em acessibilidade significa ter empatia, colocar-se no lugar do outro - não como um gesto de bondade, mas reconhecendo no outro alguém como você, que precisa se comunicar, estar conectado com o mundo e ter as mesmas oportunidades. E mesmo sabendo que, uma em cada sete pessoas no mundo possui algum grau de deficiência, acessibilidade digital não é só para esse grupo de pessoas, como você já deve ter percebido.
O artigo 63 da Lei Brasileira de Inclusão, instituída em julho de 2015, diz que os sites devem ser acessíveis para todos. Entretanto, um levantamento realizado pela BigData Corp, empresa especializada em Big Data, e o Movimento Web Para Todos (MWPT), apenas 1% dos domínios que estão ativos no Brasil são compreensíveis para grupos com deficiência.
Mesmo com essa obrigatoriedade, boa parte das empresas ainda é resistente à implementação de projetos de acessibilidade. Os motivos são variados, mas, de modo geral, existe um consenso de que essa tarefa é mais difícil (e cara!) do que é realmente. Na verdade, se apenas seguirmos os princípios básicos da programação, já estaremos bem adiantados, mas há algumas diretrizes em que podemos nos basear, como é o caso das WCAG (Web Content Accessibility Guidelines).
Quer um bom exemplo de tecnologia inclusiva e que pode inspirar muitos projetos? O YouTube Kids. Com interfaces conversacionais, imagens de fácil identificação e mecanismos de busca intuitivos, até uma criança que ainda não aprendeu a ler sabe procurar e encontrar o que quer na plataforma.
É importante lembrar que o conceito de acessibilidade deve fazer parte de todo o planejamento de conteúdo e programação em todos os canais de comunicação que a companhia irá disponibilizar. Não adianta pensar no assunto somente na fase final, exigindo uma reformulação de diversos setores.
Outra medida simples é elaboração das heading titles, que hierarquizam as informações. Mesmo para quem não possui nenhuma deficiência, a hierarquização da informação permite compreender o conteúdo de uma maneira mais fácil. Para deficientes visuais, por outro lado, isso ajuda os leitores de tela. Com uma simples alteração na programação, é possível incluir a descrição do link no próprio link, como por exemplo “clique aqui para fazer o download do e-book”. Pense no quanto você estará facilitando a vida de quem navega pelo seu site. Além de, claro, isso ser ótimo para dar mais relevância para o seu site nas ferramentas de busca.
Não se esqueça de que há potenciais consumidores atrás das telas que esperam ter a melhor experiência no seu site. Torná-lo mais acessível é fundamental para transmitir segurança, confiança e estabelecer uma relação mais próxima com o cliente. Assim, acessibilidade digital tem tudo a ver com um futuro mais próspero e inclusivo!
Marcelo Pires é sócio-diretor da Neotix Transformação Digital. Designer de formação, escultor nas horas vagas, trabalha com Design aliado à Tecnologia há mais de 20 anos. Especialista em usabilidade, é o responsável pela direção de criação de projetos interativos na Neotix, caminhando pelas áreas de tecnologia, inovação, design, UX e transformação digital.
Sobre a Neotix Transformação Digital:
http://www.neotix.com.br/
A Neotix Transformação Digital é uma consultoria focada em UX (User Experience) que cria projetos digitais de ponta a ponta. Com 20 anos de experiência, equipe multidisciplinar e metodologia própria, propõe soluções tecnológicas personalizadas para empresas de diversos setores.
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