Terminal rodoviário Amador Aguiar recebe a exposição “Ainda Estamos Aqui”, de Mabelle Collage, promovida pelo Sesc Osasco
Composta por painéis de lambe lambe, a intervenção urbana fica em cartaz até dia 12 de novembro e convida à reflexão sobre as transformações dos espaços urbanos e povos originários da sociedade brasileira
Na cidade de Osasco, a partir do dia 10 de outubro, quem passar pelo terminal rodoviário Amador Aguiar, na Vila Yara, caminha por entre oito painéis de lambe lambe que indagam sobre as transformações urbanas e socioculturais brasileira. A exposição “Ainda Estamos Aqui” (2022), de Mabelle Collage, realizada pelo Sesc Osasco, fica em cartaz até dia 12 de novembro.
O processo de criação das obras parte principalmente da pesquisa de imagens, recortes e colagens de figuras encontradas em livros e revistas que a artista coleciona e garimpa em sebos. As fotografias e figuras, previamente existentes, sugerem uma ideia e um contexto, mas são completamente transformadas e reconstruídas quando combinadas e misturadas. A utilização do material já impresso permite um tato direto com as obras, já que a artista não utiliza photoshop e transforma as imagens totalmente analogicamente, usando tesouras, colas, régua, sulfite etc.
Em sua nova criação, “Ainda Estamos Aqui”, a artista Mabelle sobrepõe pela arte do lambe, as fotografias que recortam os espaços urbanos e as imagens que destacam a população indígena; despertando o olhar sobre as transformações territoriais, do esquecimento das origens as relações socioculturais e finalmente o cenário resultante do processo civilizatório.
“Para mantermos viva a reflexão sobre cidade, território e ambiente no Brasil, jamais devemos nos esquecer daqueles que sempre estiveram aqui”, Mabelle.
A coletividade específica dos povos originários brasileiros compõe mais de 256 comunidades indígenas, recortando de norte a sul o território por uma diversidade desconhecida na história do país. Os fatores que generalizam todas essas comunidades sob o aspecto único de povos selvagens, e índios, que pertencem às zonas exclusivamente de mata, delimitam o senso comum a pensar que estas pessoas não estejam ou não vivem nos espaços urbanos. Assim como passam a retratar estas populações como ultrapassadas, desconhecendo a complexidade cultural, linguística, de crenças e de identidades étnicas.
O olhar enviesado do colonizador ainda permeia nosso imaginário, nos levando a uma percepção superficial da complexidade que envolve a cultura dos povos originários. Um verdadeiro apagar da história e dos mapas dos diferentes povos ainda pouco conhecidos. É sobre este conflito atemporal que a artista revela e provoca, questionando sobre o lugar de pertencimento, de origem, da condição humana e de reconhecimento dos povos originários face ao território construído e modificado de tempos em tempos.
Sobre a artista:
Ingrid Mabelle é artista autodidata. Graduada em Comunicação Social em 2015, traz em suas abordagens a temática da ocupação do espaço público e a relação das pessoas com a cidade. Seu trabalho expressa e expõe a importância do convívio e o pensar sobre a cidade. O direito à cidade, o espaço público como lugar de todos. Desde então, tem aprimorado seu trabalho sempre trazendo a fotografia e a relação temporal em sua arte. Tem experimentado as possibilidades de criação com especial interesse pela fotografia e pela imagem em movimento, utilizando-se da colagem como principal procedimento para as composições, criando uma narrativa através da sobreposição de espaços e tempos, do ontem, da nossa história coletiva e do agora.
Participou de mostras coletivas no Brasil, como a 1ª Bienal Arte Print Brasil (2017), Rizoma - Mostra Nômada Multimídia Internacional de Arte Contemporânea (2017-2018), 3° Edital CCC - Mostra de Vídeo-Colagens do Clube da Colagem de Curitiba (2017), Trash Art em Atibaia (2018), além de ter seus trabalhos publicados nas Revista Zupi Edição 54 (2017), Average Art April em UK (2018), entre outros. É a única colagista brasileira entre 50 mulheres do mundo presente no livro “Collage Firmado por Mujeres. 50 artistas Contemporáneas Esenciales” sob a curadoria de Rebeka Elizegi, editora Promopress, na Espanha. Já teve duas exposições individuais: São Paulo Let Me Love You no Centro Cultural Chico Science (2019) e Tinha Que Ser no Centro Cultural Vergueiro em 2021.
SERVIÇO
AINDA ESTAMOS AQUI, de Mabelle Collage
Quando: De 10 de outubro a 12 de novembro de 2022. Segunda a domingo, das 8h às 18h.
Local: Terminal rodoviário Amador Aguiar - Av. dos Autonomistas, 500 - Vila Yara, Osasco.
Classificação: Livre.
Ingressos: Gratuito.
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