Fórum Brasil Bioeconomia 2021 debate caminhos para transformar as vocações brasileiras no âmbito da Bioinovação em realidade
Com o tema “Bioeconomia: Da Vocação à Realidade”, a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) promoveu no último dia 9 de dezembro, de forma on-line, o Fórum Brasil Bioeconomia 2021.
Com patrocínio das empresas Amyris, BASF, Braskem, DSM, GFI Brasil, Novozymes e Raízen, o Fórum Brasil Bioeconomia teve a moderação de Luís Artur Nogueira, comentarista econômico e apresentador na TV Jovem Pan News e debateu, de forma dinâmica e interativa, como converter as vocações do Brasil para a bioeconomia em realidade.
O Fórum, que atraiu a atenção de mais de 450 pessoas assistindo de forma simultânea, contou com a abertura de Marcelo Morales, Secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), do deputado federal Paulo Ganime (NOVO-RJ), Presidente da Frente Parlamentar da Bioeconomia e Thiago Falda, Presidente Executivo da ABBI. Os participantes reforçaram o papel importante que a bioeconomia tem e deve ter no debate público, ressaltando o pioneirismo do Brasil quando o assunto é biocombustível e como a biodiversidade, presente de forma abundante no país, é essencial para abordar o tema.
Ismael Nobre, Diretor Executivo do Instituto Amazônia 4.0, abriu o evento com o tema “Amazônia 4.0. e o Brasil do futuro: colocando em prática os potenciais da bioeconomia”. Durante sua apresentação, ele descreveu um pouco sobre como é e quais são as motivações do Instituto Amazônia 4.0. O keynote speaker comentou que uma das evidências sobre a falta de cuidado com as questões climáticas é o aquecimento de 0,8oC do planeta e 1,5oC no Brasil, além do agravante de que 30% a 60% da Amazônia pode virar cerrado, o chamado ponto de não retorno. Pensando na questão econômica, Ismael comentou que a principal questão do modelo de desenvolvimento econômico com a conservação da Amazônia é a falta de valor agregado aos produtos da floresta. Sendo assim, o Laboratório Criativo da Amazônia surge para buscar, em forma de uma biofábrica demonstrativa, recursos da Industria 4.0 para agregar valor aos produtos vindos da floresta.
“Onde o Brasil e outros países amazônicos podem liderar mundialmente? Na implementação de uma bioeconomia a partir da incomparável sociobiodiversidade. Transformando a riqueza biológica e cultural em riqueza econômica.” destaca Ismael.
O painel ‘Bioeconomia e a Descarbonização” contou com a participação de André Valente, Gerente de Sustentabilidade da Raízen; Julio Natalense, Gerente Executivo de Iniciativas de Carbono da Suzano; Maurício Adade, CEO América Latina da DSM e Presidente do Conselho Diretor da ABBI e Viviane Pereira de Souza, Diretora de Consumer Biosolutions da Novozymes para a América Latina.
O debate foi iniciado com o ponto de vista de cada participante sobre como foi a COP26 e quais foram as principais lições extraídas na conferência. Em linhas gerais, os debatedores reforçaram a importância das iniciativas privadas na COP26, bem como o espaço colaborativo que se instaurou no ambiente.
“Foi importante, também, a participação das comunidades tradicionais, indígenas que tiveram suas necessidades ouvidas e as comunidades que dependem da floresta. A presença refletiu nos acordos que foram firmados para reduzir, com qualidade, as emissões, gerando oportunidades para as pessoas, além da renovação da biodiversidade,” pontuou Julio Natalense, Gerente Executivo de Iniciativas de Carbono da Suzano.
Maurício Adade, CEO América Latina da DSM e Presidente do Conselho Diretor da ABBI, destacou a participação intensa da iniciativa privada que resultou em avanços nas negociações e a importância da participação brasileira, que assinou acordos importantes como: o fim do desmatamento - reduzindo o fim do desmatamento ilegal e com novas metas importantes; a Declaração das Florestas, que promete reverter a perda florestal de degradação do solo até 2030; e o pacto global, junto a 102 países, de reduzir as emissões de gás metano em 30% em relação ao ano de 2020.
Sobre o assunto Mercado de Carbono, André Valente, Gerente de Sustentabilidade da Raízen, comentou que a empresa é muito ativa na exportação de biocombustível, sendo um grande emissor de crédito de carbono. Bem como possui um portfólio amplo quando o assunto é cana-de-açúcar que gera etanol de 1ª e 2ª geração, bioeletricidade com o bagaço da cana, biogás, biometano, e o pallet de biomassa que pode substituir o carvão. “Há muito espaço ainda para influenciar as políticas públicas, já que esses outros mercados não têm a mesma política do mercado de carbono que nem o etanol,” explicou.
Durante o Fórum foram disponibilizadas enquetes para o público votar. No primeiro painel a questão trabalhada foi “Quem vai ser o maior protagonista na descarbonização global?” tendo como opções Governos, Empresas, Consumidores, Organismos Globais e Ativistas. A opinião dos espectadores é que as empresas serão as protagonistas da descarbonização global com 46% dos votos. Os participantes acrescentaram também a participação intensa dos consumidores nesse processo.
“O consumidor exigindo melhores tecnologias faz com que todo o setor se movimente, investindo em inovações e tecnologias que realmente impactem nessa transformação” reforçou Viviane Pereira de Souza, Diretora de Consumer Biosolutions da Novozymes para a América Latina.
O segundo painel “A Bioeconomia e a Atração de Investimentos no Brasil” teve como painelistas: Gustavo Guadagnini, Managing Director do The Good Food Institute Brasil; Gustavo Sergi, Diretor de Químicos Renováveis e Especialidades da Braskem; Kelly Seligman, Gerente de Assuntos Científicos e Regulatórios da Amyris para a América Latina e Brasil e Raphael Leibel, Gerente de Inovação da BRF.
A enquete interativa que serviu de base para o debate deste painel foi “Qual o maior entrave para atração de investimentos no Brasil?” com as opções: Burocracia excessiva, Insegurança jurídica, Sistema tributário complexo, Falta de financiamento e Mão de obra sem qualificação.
Para Gustavo Guadagnini, Managing Director do The Good Food Institute Brasil, que trabalha prioritariamente com proteínas alternativas, o principal entrave é a falta de investimento em desenvolvimento de ciência e tecnologia, com muitos ingredientes a serem trabalhados ainda.
Gustavo Sergi, Diretor de Químicos Renováveis e Especialidades da Braskem, pontuou como um dificultador a burocracia excessiva no Brasil, que atrapalha a escolha de um desenvolvimento para o país.
Kelly Seligman, Gerente de Assuntos Científicos e Regulatórios da Amyris, afirmou que poderia votar em todas as opções, menos na falta de mão-de-obra qualificada, já que para ela, temos excelentes Universidades e Centros de Pesquisa.
Raphael Leibel, Gerente de Inovação da BRF, destacou a questão da infraestrutura e o ambiente burocrático como desafiador e que se tivesse uma melhora poderíamos não ter mais a polarização de centros de negócios localizados apenas no eixo Sul – Sudeste do Brasil.
Todos os painelistas concordaram que é preciso então adotar uma estratégia de longo prazo considerando nossos diferenciais como agricultura sustentável, biomassa abundante e barata, alta experiência em biotecnologia na produção de etanol e a maior biodiversidade do planeta, com o desafio do setor de inovação de compartilhamento de riscos e estruturação de garantias, já que os negócios estão muito voltados ainda à indústria tradicional.
Prêmio Brasil Bioeconomia 2021
Durante o Fórum Brasil Bioeconomia aconteceu a entrega do Prêmio Brasil Bioeconomia 2021, que reconhece pesquisadores, empreendedores e organizações cujas soluções para as mais importantes questões do Brasil e do mundo envolvem a inovação como meio para reforçar um pacto saudável entre a natureza e a sociedade.
Os vencedores das três categorias foram:
Ideia: Bioprocess Improvement
Start-Ups & Scale-Ups: Solubio Tecnologias Agrícolas Ltda
Empresas Âncora: Raízen Geo Biogás
Além dos premiados, houve uma menção honrosa na categoria Ideia: Os alunos da Escola Estadual Professor Sebastião de Oliveira, de São Carlos, interior de São Paulo, identificaram um grande desperdício de alimentos e, criaram um projeto que avalia a quantidade jogada fora. Utilizando as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (os ODS), os estudantes desenvolveram uma metodologia de aprimoramento com informática e aplicativos, criando um biodigestor, que produz biogás com as sobras alimentares a ser utilizado na cozinha da própria escola. A representante da escola foi a Professora Bárbara Daniela Rodrigues.
“O Fórum e Prêmio Brasil Bioeconomia com o tema “Bioeconomia: Da Vocação à Realidade” buscou responder todas as questões quando o assunto é como transformar as vocações brasileiras no âmbito da Bioinovação em realidade. Pensando assim, em inspirar o aumento na participação nessa revolução, conectando pessoas e celebrando ideias que impulsionem mudanças positivas no Brasil e no mundo. Além de premiar e reconhecer empresas e ideias que auxiliam no processo de transição de um modelo econômico insustentável para um modelo inovador, sustentável e equitativo”, comenta Thiago Falda, presidente executivo da ABBI.
Sobre a ABBI
A Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) é uma organização civil, sem fins lucrativos, apartidária, e de abrangência nacional que acredita no Brasil como potencial líder da bioeconomia avançada global. Representamos empresas e instituições de diversos setores da economia que investem em tecnologias inovadoras, baseadas em recursos biológicos e renováveis para criar produtos, processos ou modelos de negócios gerando benefícios sociais e ambientais coletivos. Trabalhamos para promover um ambiente institucional favorável à bioinovação, que permita converter nossas vantagens comparativas em vantagens competitivas, impulsionando o desenvolvimento econômico sustentável da bioeconomia avançada no Brasil.
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