Cia. Pessoal do Faroeste retoma agenda cultural priorizando a produção audiovisual
Programação 2021 tem início no dia 29 de fevereiro com a 5ª Live #FicaFaroeste que arrecada recursos financeiros para o pagamento do acordo que impediu o despejo do espaço
A Cia. Pessoal do Faroeste teve um 2020 bastante intenso com suas atividades totalmente voltadas para a luta contra a fome na região da Luz, reflexo da pandemia, e sua resistência contra uma tentativa de despejo do espaço. Agora, em 2021, a companhia se prepara para retomar sua produção artística e cultural, no entanto, sem abrir mão de também usá-la como uma ferramenta que joga luz sobre os problemas da região totalmente abandonada pelo poder público. Devido às recomendações de isolamento social, no primeiro semestre estão priorizados os produtos audiovisuais que seguem simultaneamente a campanha #FomeZeroLuz que continua ativa.
“Sabíamos que o ano passado seria desafiador, e este ainda continua, mas não poderíamos imaginar tudo o que vivemos. Reforçamos nossa responsabilidade com a região na maior iniciativa de solidariedade que a companhia já realizou em toda sua história. Desde o início da pandemia, garantimos o alimento na mesa de cerca de mil famílias que tiveram sua renda prejudicada. conta Paulo Faria, diretor da Cia. Pessoal do Faroeste e mobilizador da ação social #FomeZeroLuz.
Quando a campanha atingia o seu maior pico de atendimentos às famílias em situação de vulnerabilidade, Paulo foi surpreendido por um novo obstáculo. “Exatamente em um dia em que estávamos realizando a distribuição de cestas básicas, recebi a vista de um oficial de justiça com a notificação de uma ação de despejo do teatro. Desde então, com muita luta e o apoio de amigos e voluntários conseguimos nos manter aqui e, o mais importante, sem interromper nosso trabalho social”.
5ª Live #FicaFaroeste inaugura a programação 2021 no dia 28 de fevereiro
O aviso de despejo chegou às vésperas do espaço completar um ano sem patrocínio e com sua programação de espetáculos paralisada a dívida com os aluguéis se acumulou. “A Cia vive exclusivamente da Lei de Fomento ao Teatro, e há um ano está sem patrocínio. Nosso espaço é pequeno e todos os espetáculos têm como bilheteria o sistema ‘pague quanto puder’. Em março, reestreamos a peça ‘O Assassinato do Presidente’ que, devido a recomendação de isolamento social, teve que ser interrompida depois de apenas duas apresentações”, comenta Paulo Faria.
Amigos e voluntários se mobilizaram para manter a companhia em sua sede, no bairro da Luz, e entre as ações para arrecadação de recursos foi criada uma agenda de lives em caráter de urgência para se manter o teatro. “Os planos é que no segundo semestre o espaço seja municipalizado por uma emenda do deputado federal Paulo Teixeira. A arrecadação por meio das lives nos ajuda a manter ativo o acordo que interrompeu o processo de despejo que estava em curso. Um ato que teve o protagonismo do vereador Eduardo Suplicy mediando a negociação junto ao proprietário devido ao caráter público e social da companhia na região”, lembra Paulo.
Para a realização da quinta live, que acontece no dia 28, último domingo de fevereiro, a companhia aguarda a confirmação de renovação do apoio da Secretaria da Cultura e Economia Criativa de São Paulo, que deu o suporte para a realização das quatro edições anteriores.
Série mostra o processo de atendimento às famílias
A partir do dia 10 de março começam a filmagens da série “FOME”. Uma produção inspirada no processo de cadastro e atendimento às famílias do entorno da Cracolândia na campanha #FomeZeroLuz.
Fazem parte do elenco as atrizes Mel Lisboa, Neusa Velasco, Thais Dias, Thais Aguiar, entre outros nomes que fazem parte e já estiveram no palco da Cia. Pessoal do Faroeste.
Lançamento do longa-metragem “Luz Negra”
“Luz Negra” é um espetáculo escrito e dirigido por Paulo Faria que esteve em cartaz em duas temporadas, em 2015 e 2016. Um musical sobre a região da Luz e a Frente Negra Brasileira, em São Paulo, na década de 30, mais precisamente no dia 10 de novembro de 1937, dia do golpe do Estado Novo que caçou a Frente Negra, mesmo ano em que aconteceu o crime do castelinho da rua Apa, que também faz parte da história. Trata do negro e da formação da Boca do Lixo, encerrando a trilogia iniciada em 2011 com “Cine Camaleão” e, em 2013, com “Homem Não Entra”.
O projeto nasceu para ser um filme, para trazer de volta a produção cinematográfica para o local e criar junto à população um sentimento de pertencimento a cerca desse patrimônio cultural da cidade. Dessa forma, em 2014, a companhia já havia iniciado a produção do longa-metragem de “Luz Negra”, com um baixo orçamento e em três semanas de diárias, dialogando com a forma de produção da Boca.
Apenas agora, durante a pandemia, o filme está sendo finalizando com os últimos detalhes da trilha, coloração e sonorização e, finalmente, será lançado em abril. “Devido a problemas de orçamento, já que a cultura vive tentando recursos para cobrir ao menos o mínimo para sobreviver, somente agora e com o apoio de amigos o longa pode ser finalizado. No entanto, estamos vivendo um momento em que ‘Luz Negra’ vai ter muito a dialogar e propor sobre o abandono de nossa região e seus cidadãos”, conta Paulo.
Cia. Pessoal do Faroeste é tema de três documentários lançados
Entre o fim de 2020 e o início deste ano, foram lançados três filmes documentários em uma parceria da companhia com o Sesc Bom Retiro, que têm como tema o trabalho da Cia. Pessoal do Faroeste e de Paulo Faria durante a pandemia, além de todos os desafios pelos quais passaram.
No dia 26 de janeiro, foi disponibilizado “Fé e Amor de Bicho”, uma continuação ao vídeo anterior, “Templário”, e que traz ao conhecimento do público que o espaço também tem um trabalho de recolhimento de animais abandonados durante a pandemia ou que sofreram maus tratos. Durante a gravação, eram oito cachorros e quatro gatos. Hoje, estão sob o teto do teatro, 19 animais.
Também já está disponível no canal do Sesc Bom Retiro o vídeo “Templário”, que fala sobre a mudança de Paulo Faria para viver dentro do teatro e retoma um texto homônimo escrito por ele há 20 anos sobre a história de um guerreiro que no final do século 21 dirige sua nave para conquistar uma nova estrela, e relembra quando foi queimado em uma fogueira, em 1.200, durante a guerra aos templários e bruxas na idade média.
E o primeiro dessa trilogia, o “Cartografia da Fome”, documentou o início da campanha #FomeZeroLuz e faz parte de uma série de vídeos que apresentam uma cartografia poética e possível para a complexidade dos territórios em seu entorno.
Sobre a campanha #FomeZeroLuz
A campanha “#FomeZeroLuz” tem como missão erradicar a fome na região, que tem suas ruas, pensões e cortiços totalmente ocupados por famílias em total vulnerabilidade, principalmente em um momento como este. “Basta acompanhar a imprensa e as redes sociais que é possível perceber como a situação fez aflorar o egoísmo e a intolerância em uma grande parcela da população. Logo o Brasil que tem uma dívida enorme, escandalosa, com a pobreza e o racismo, segue, descaradamente, fazendo jus a essa história tão triste e revoltante”, diz Paulo, Inclusive umas da idealizações da companhia que já tem um histórico de trabalhos sociais na região, é propositalmente a localização onde fica a sede do grupo de teatro, jornada que mereceu a menção honrosa no XXXVI "Prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth".
“Estão distribuindo cestas básicas no teatro”, correu a notícia por todo o entorno e, em pouco tempo, chegaram a mil famílias cadastradas, cerca de quatro a cinco mil pessoas, que colocaram alimento em suas mesas graças a companhia. Para se ter algum controle de que as doações seguiriam realmente para o seu propósito, criou-se a regra de que apenas as mulheres poderiam retirar os mantimentos (com algumas exceções analisadas caso a caso). Moradoras de rua, prostitutas, travestis e viciadas que, antes de qualquer rótulo, são em sua grande maioria mães.
Sobre a Cia. Pessoal do Faroeste
Em janeiro de 2021, o Pessoal do Faroeste completou 23 anos. A companhia de teatro tem tido como fonte de pesquisa a vida social e política do povo brasileiro por meio de seu imaginário popular e de sua cultura, e com um olhar especial à cidade de São Paulo, especificamente o centro, onde fica sua sede.
Com o objetivo de realizar trabalhos artísticos que reflitam momentos históricos da sociedade brasileira, a proposta é produzir intervenções que valorizem a cidade, e a relação de pertencimento com a região. É nela que se desenvolvem os projetos e a contribuição para o espaço urbano. A Cia Pessoal do Faroeste ganhou o Prêmio Shell em 2014, na categoria Inovação pelo trabalho de ocupação e intervenção social e artística que contribui para transformação urbana da região da Luz. Em 2019, o diretor Paulo Faria recebeu da ALESP 23º Prêmio Santo Dias em Direitos Humanos e, em 2020, a campanha #FomeZeroLuz recebeu uma menção honrosa no XXXVI Prêmio de Direitos Humanos da OAB SP.
Cia. Pessoal do Faroeste
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