O "AutoconheCINEMA" online como escapatória para o confinamento durante a pandemia
Rafael Monteiro de Castro*
A quarentena imposta pela pandemia forçou diferentes grupos sociais a reinventarem suas atividades de lazer. Da mesma forma, empresários buscaram adaptar seus serviços, que já existiam previamente, assim como as pessoas de modo geral tiveram que encontrar novos métodos de interagir e se sentirem menos solitárias por conta do isolamento social. A “boia salva-vidas” veio por meio da internet e atividades virtuais.
A partir dessa necessidade, as ações online, de diversos tipos, tornam-se mais frequentes, especialmente as famosas ‘lives’. Mas alguns serviços, bastante inovadores em sua forma e propósito, mostram-se mais inclusivos, abrangentes e proveitosos durante o confinamento.
É o caso do “Autoconhecinema”, serviço que visa promover reflexão e troca de experiências por meio de uma discussão sobre filmes. Idealizado pelo roteirista e palestrante Luciano Luna, a ideia foi concebida para ser presencial e consiste em uma discussão de grupos a respeito dos conflitos e personagens de determinada produção cinematográfica, sempre visando instigar os participantes a trazer suas próprias experiências e pontos de vista para a discussão.
Ainda é comum que o “Autoconhecinema” seja pouco conhecido. Contudo, é possível explicá-lo a partir da definição de autoconhecimento que, de modo breve, explica o que determinado indivíduo sabe sobre si, como ele se enxerga e como se desenvolve nas áreas de sua vida. Dessa forma, o conceito foi aplicado com o objetivo de incentivar o olhar para dentro de si, levando em consideração a análise de histórias fictícias, assim como ocorre no cinema.
Com a pandemia, o serviço teve que ser adaptado para o formato online, e isso foi extremamente benéfico para sua disseminação, pois, além de tornar mais prática a participação e mais abrangente o público, os encontros puderam ocorrer em maior amplitude e não sofrer restrição geográfica. Dessa forma, foi possível conectar pessoas de inúmeras regiões, promover o contato em um momento tão solitário e discutir a respeito de cinema.
O “Autoconhecinema” é bastante usado em empresas que precisam resolver algum conflito ou promover a discussão de algum tema entre equipes e por isso, a atividade era regularmente aplicada pessoalmente, até por conta da proximidade que agrega valor à prática. Porém, assim como a maioria das ações, foi obrigatória e imediata uma mudança dos hábitos nesse período em que as pessoas não estão saindo de casa. Tornou-se mais popular o entretenimento com conteúdo relevante, na maior parte em conjunto da informação.
É importante ressaltar que cada módulo do “Autoconhecinema” traz um filme diferente, e isso faz com que as discussões também sejam diversas, abordando temas como liderança, competitividade e ética, obviamente relacionando à história assistida, com a perspectiva da vida real.
Com isso, é possível trocar experiências e compreender o universo de outras pessoas, por meio de perguntas embasadas por psicólogos. Contudo, é muito importante enfatizar que o “Autoconhecinema” resulta em algo bastante interessante, que é a criação de narrativa. Muitos homens e mulheres ainda têm dificuldade de se expressar, de expor seus sentimentos da forma correta, justamente por essa falta de familiaridade com o universo de “storytelling” e, a partir da análise dos filmes e conversão para o mundo palpável, é possível imergir nas estruturas de roteiro e sair dos encontros online muito mais críticos e criativos.
* Rafael Monteiro de Castro, publicitário e redator, roteirista especializado em storytelling na Autoconhecinema
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