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Webinar ABAG: União, rastreabilidade e combate à ilegalidade são chave para o agronegócio ampliar e diversificar sua exportação

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Especialistas do evento online da ABAG ressaltaram também a importância da boa comunicação sobre as atividades do setor para as pessoas que não fazem parte do mundo agro

O agronegócio brasileiro pode ampliar ainda mais sua exportação, diversificando os produtos comercializados e os países atendidos. Contudo, para alcançar todo seu potencial, os especialistas do Webinar ABAG: Agro de Ponta a Ponta, afirmaram que existem alguns fatores que precisam ser trabalhados pelo setor, entre eles: uma maior união entre toda a cadeia produtiva - antes, dentro e depois da porteira -, a ampliação da rastreabilidade dos produtos produzidos e o combate à ilegalidade, que prejudica sobremaneira a imagem e a credibilidade do segmento no mundo.

O evento online da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), promovido nesta segunda-feira, dia 13 de julho, foi conduzido pelo presidente do conselho diretor da ABAG, Marcello Brito, e debateu o tema O Agro “Depois da Porteira”: Os desafios do agronegócio no cenário da Covid-19.

Uma das barreiras para uma coalização de todo o setor é sua diversidade. De acordo com a engenheira agrônoma Liège Nogueira, diretora executiva da Abiec - Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, o agronegócio conta com diferentes produções, com necessidades e demandas distintas que, em alguns casos, podem ser até antagônicas. Somada a isso, ela exemplificou que há também a questão da identificação, uma vez que um pequeno produtor rural de cacau pode não perceber que pertence ao mesmo grupo de um grande produtor de soja.

Roberta Paffaro, diretora de desenvolvimento de mercado da CME Group, lembrou que a falta de união faz com que o setor não seja tão efetivo em sua comunicação. Isso significa que assuntos pontuais acabam gerando um grande desgaste na imagem de todo o agro brasileiro. Desse modo, ela enfatizou a importância de ter um pensamento para a comunicação, a fim de mitigar esse tipo de situação. “Precisamos humanizar o agro, que é feito por pessoas. É preciso mostrar, conhecer e saber quem são essas pessoas. E isso passa pela educação, esse desafio de educar quem não está em nosso mercado””, disse.

Para corroborar com a avaliação de Roberta, Liège acrescentou ainda que é preciso dar voz para o produtor rural. “Mostrar as famílias e as pessoas que dependem do agro, esse setor tão produtivo, para viver. É necessário contar essas histórias de forma integrada”.

Para Arthur Neto, sócio diretor da Alphamar, os profissionais que trabalham com o agronegócio têm uma visão esclarecida, ou seja, bem clara de como funciona o setor. “Por outro lado, infelizmente, existem muitas pessoas que estão lucrando com essa imagem de vilão do agro brasileiro”, lamentou.

Nesse sentido, as atividades ilegais têm impacto fortemente na credibilidade do agronegócio tanto nos mercados externos, mas também perante à sociedade. “A ilegalidade atrapalha a comercialização das empresas sérias, que passam por fiscalização contínua, adotam tecnologias de rastreabilidade, pagam seus impostos e seus funcionários” enfatizou Liège. A seu ver, é preciso combater a ilegalidade de todas as formas, por isso a indústria dos frigoríficos tem feito a sua parte para mitigar o problema. Entretanto, ainda há muito a ser feito na Amazônia, por exemplo, onde existe muita grilagem ilegal de terras, inclusive públicas.

Além disso, o combate à ilegalidade também pode contribuir para ampliar a rastreabilidade do rebanho bovino, segundo Liège, porque seria um passo para integrar os produtores rurais que, hoje, não conseguem fornecer para grandes empresas, assim como as empresas não fiscalizadas serem trazidas para a legalidade. “Isso também é uma questão de saúde pública”, afirmou.

A rastreabilidade também é importante para que o Brasil possa exportar produtos de maior valor agregado, como por exemplo o farelo de soja. Arthur recordou que o mercado de soja cresce exponencialmente enquanto que o de farelo de soja é linear. Isso porque esse último mercado exige rastreabilidade em toda a cadeia da soja. E, conforme explicou Arthur, durante o pico da safra, às vezes, não é possível ser feito esse gerenciamento. “Rastreabilidade no Brasil tem muito a ver com déficit de armazenagem no interior, que possibilitaria implantar certas estratégias comerciais que não são possíveis atualmente. Ou seja, é preciso ter uma maior capacidade de manter a segregação mais constante, a fim de possibilitar a rastreabilidade no processo inteiro. Com isso, daria para atingir certas solicitações dos compradores”.

Planejamento, logística e oferta-demanda

O Webinar ABAG - O Agro de Ponta a Ponta trouxe outros temas relacionados ao “Depois da Porteira”, como a logística. Marcello Brito, da ABAG, questionou Arthur sobre as questões dos portos e ferrovias no Brasil. Ele ponderou que o problema logístico do agro não está nos portos. Assim, trouxe um resumo da capacidade e das atividades dos principais portos do país e mostrou que todos eles são capazes de atender as demandas atuais e futuras de crescimento do setor. “De verdade, o que falta é ferrovia”, acrescentou.

Já Roberta trouxe outras duas questões importantes para a sustentabilidade do agronegócio nacional. A primeira é o planejamento. “Em momentos incertos, como os atuais, é preciso utilizar o mercado, olhar as ferramentas disponíveis e fazer um planejamento financeiro para sobreviver nesse período. É preciso ter uma gestão de risco”, destacou. O segundo ponto abordado por ela foi a questão da oferta e demanda. “Durante a pandemia, com a desvalorização do real, o produtor conseguiu ter boa rentabilidade. Com isso, cerca de 40% da soja da próxima safra já foi negociada, inclusive”, comentou.

Conforme explicou Roberta, em termos de comercialização, o preço torna-se vital. Se, por exemplo, a demanda estiver maior para grão de soja, que é o que a China está procurando atualmente, a indústria vai esmagar menos soja e vender o grão.

Ao final do evento online da ABAG, Marcello Brito disse que o agronegócio pode expandir ainda mais seus negócios, adotando uma pauta que atenda todos os mercados, países e cidadãos. “Podemos nos tornar o melhor fornecedor de alimento e de carbono do mundo”, finalizou o presidente da ABAG, que convidou todos os participantes para o próximo evento da entidade: o Congresso Brasileiro do Agronegócio, a ser promovido no dia 3 de agosto, de forma totalmente virtual, e em parceria com a B3 – Brasil, Bolsa, Balcão.


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