Rio De Janeiro Sedia Projeto Internacional Para Debater Combate Ao Trabalho Escravo Contemporâneo
Programação será fechada ao público, mas terá inscrições gratuitas para a exibição de documentário sobre mão de obra escrava na pecuária brasileira
Um grupo de especialistas e instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior se reúne no Rio de Janeiro no fim deste mês para debater e fortalecer iniciativas locais de combate ao trabalho escravo contemporâneo. Entre os dias 29/01 e 31/01, eles estarão ao lado de membros da sociedade civil e do setor público para a realização do workshop “Rede Global de Cidades livres de Trabalho Escravo”, no BRICS Policy Center/ Centro de Estudos e Pesquisas BRICS da PUC-Rio. (R. Dona Mariana, 63 – Botafogo). O evento, que não é aberto ao público, é parte do projeto denominado “Global Cities Free of Slavery”, uma parceria do BRICS Policy Center e do Rights Lab da Universidade de Nottingham (Inglaterra), realizado com apoio do Global Challenges Research Fund do Reino Unido. Participam também desta iniciativa a Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo (Moçambique), e a Universidade de Chulalongkorn, em Bangkok (Tailândia), cidades que sediarão os eventos nos próximos dois anos.
Responsável pelo projeto no Brasil, a advogada Silvia Pinheiro, professora na PUC-Rio, onde leciona disciplinas sobre cadeias de produção e sustentabilidade, e trabalho escravo contemporâneo, ressalta que a escravidão contemporânea afeta mais de 24 milhões de pessoas no mundo inteiro. De acordo com o Global Slavery Index (2019), cerca de 369 mil pessoas são vítimas do trabalho escravo no Brasil. “Esse encontro é uma grande oportunidade de buscarmos o debate e a troca permanente de informações sobre mecanismos e abordagens de sucesso e fracasso no combate ao crime, desde políticas públicas e iniciativas com foco nas cidades. Contaremos também com a colaboração de outras duas instituições internacionais na disseminação dos resultados do projeto globalmente: a United Nations University (UNU – Universidade das Nações Unidas) e a organização global contra escravidão contemporânea Freedom United”, destaca. “Além da criação da rede permanente de contato, é objetivo do projeto o desenvolvimento de uma plataforma online sobre escravidão contemporânea no BRICS Policy Center para abrigar casos, informações e fortalecer a rede que está em formação. Também será produzido um filme documentário, dirigido por Luiz Eduardo Lerina, como produto dos quatro Workshops que acontecerão nas quatro cidades envolvidas no projeto”, completa.
Segundo as convenções internacionais, trabalho escravo é toda situação onde pessoas são coagidas a trabalhar através do uso da violência ou intimidação, por servidão por dívida, retenção de documentos, ameaças, intimidação e demais atos que inviabilizam, ainda que de forma subjetiva, a sensação de liberdade individual.
Workshop
Durante três dias, o workshop “Rede Global de Cidades livres de Trabalho Escravo”, que reunirá representantes de instituições locais e sete convidados internacionais, vai promover debates e visitas locais. Através do programa, o grupo também conhecerá o projeto Costurando meus direitos, iniciativa da professora Silvia Pinheiro, viabilizada a partir de edital do Fundo Brasil de Direitos Humanos, que tem como principal objetivo a conscientização acerca da escravidão infantil na indústria têxtil. O projeto envolve oficinas de costura sustentável e educação cidadã para mulheres e atividades lúdicas que promovam conhecimento sobre direitos humanos às crianças e jovens.
Documentário Mãos à Carne
Única parte da programação aberta ao público, a exibição do documentário “Mãos à Carne - Como a escravidão contemporânea contamina a pecuária brasileira’ acontece no dia 29/01, às 11h30, no BRICS Policy Center. A entrada é gratuita, mas é preciso confirmar presença antecipadamente pelo email . O filme é um desdobramento de uma pesquisa feita pela PUC-Rio e a Universidade de Nottingham, que analisou as cadeias de produção da carne e da madeira e o uso de mão de obra escrava nesses setores no Brasil. O documentário é uma realização do coletivo Studio Plano com pesquisa de Heloisa Gama e Silvia Pinheiro. Foi financiado pela British Academy e contou com as parcerias do Brics Policy Center, Prefeitura Municipal de Duque de Caxias, PUC-Rio e Universidade de Nottingham.
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