Debates e Encontros com os Filmes expandem a experiência cinematográfica na 23a Mostra Tiradentes
23a edição do Seminário do Cinema Brasileiro reúne dezenas de jornalistas, críticos, professores, pesquisadores e espectadores para discutirem a produção audiovisual brasileira, em bate-papos sobre longas e curtas, discussões temáticas e conceituais e conversa com os homenageados Antônio e Camila Pitanga
O crítico francês André Bazin (1918-58) moldou uma máxima até hoje referencial: “A função do crítico não é trazer numa bandeja de prata uma verdade que não existe, mas prolongar o máximo possível, na inteligência e na sensibilidade dos que o leem, o impacto da obra de arte”. Bazin falava da extensão da experiência cinematográfica para além da sala escura e daquelas horas de fruição do filme. É com esse objetivo que acontece anualmente na Mostra de Cinema de Tiradentes o Seminário do Cinema Brasileiro. Na 23a edição do evento, a ser realizada entre os dias 24 de janeiro e 1o de fevereiro, novamente uma série de atividades de reflexão toma espaço generoso e disputado na programação gratuita, sempre no Cine Teatro Sesi, no Centro Cultural Sesiminas Yves Alves.
O Seminário se estrutura em dois eixos: os Encontros com os Filmes e os debates. Nos Encontros com os Filmes, críticos e pesquisadores convidados discutem alguns dos longas-metragens em exibição no evento, com a presença dos realizadores e dos espectadores. Todos os oito filmes da mostra Aurora, os cinco da Olhos Livres e os dois da seção temática “A Imaginação como Potência” têm bate-papos, assim como o longa de abertura, “Os Escravos de Jó”, de Rosemberg Cariry, com o homenageado Antônio Pitanga no elenco, e o da Foco Minas, “O Lodo”, de Helvécio Ratton. Os curtas-metragens da Mostra Foco vão ser debatidos com a presença de seus diretores, em três encontros, cada um dedicado a uma sessão.
Já os debates vão abordar recortes variados. No dia 25 (sábado), às 10h15, a equipe curatorial da Mostra se reúne para apresentar os encaminhamentos das escolhas deste ano, em especial a temática, A imaginação como potência, e seus desdobramentos e perspectivas. Quais são os caminhos estéticos, políticos e poéticos que os filmes têm tomado e que configuram o que se pode chamar de “nova imaginação”? Como respondem ou indicam caminhos para a formulação das transformações necessárias no imaginário político e cinematográfico? Francis Vogner dos Reis, Lila Foster, Pedro Maciel Guimarães, Camila Vieira e Tatiana Carvalho Costa vão lançar proposições sobre o assunto.
No mesmo sábado, às 12h, o ator Antônio Pitanga e a atriz Camila Pitanga estarão no debate sobre suas carreiras, com mediação de Pedro Maciel Guimarães. Referências de um país grande, preto, deslumbrante e imaginativo, portadores de rebeldia combativa e alegre que consolida uma certa imagem de Brasil, pai e filha possuem carreiras nas quais são reconhecidas a potência artística e a diferença – criativa, simbólica e política – que ambos fizeram e fazem na cultura brasileira.
No dia 26 (domingo), às 15h30, a temática da Mostra em 2020 se torna novamente o centro do debate, desta vez com a presença de convidados. O encontro entre Bernardo Oliveira (professor, pesquisador, crítico de música e de cinema e produtor, RJ), Helena Vieira (escritora e pesquisadora, CE) e Ivana Bentes (professora e pesquisadora, RJ) pretende investigar as questões acerca da função política da imaginação e o lugar do cinema nesse campo de disputa ao elaborar novas formas e proposições de experiências que possam transfigurar o mundo.
No dia 27 (segunda-feira), o debate “Viver de cinema: da macro à micropolítica” parte da atual e difícil conjuntura na qual se encontra o audiovisual brasileiro, diante de um governo federal que demonstra insistente resistência à importância estratégica (cultural, social e econômica) da produção de cinema. Vivencia-se mais um fim de ciclo em relação às políticas públicas voltadas para o audiovisual, que só encontra paralelo em 1990, como o fim da Embrafilme. A sensação de asfixia anuncia tempos de enormes dificuldades para aqueles que vivem de cinema. É possível imaginar outras formas de financiamento e circulação de filmes independente? O campo audiovisual atendeu às demandas políticas por relações de trabalho mais igualitárias? É tempo de negociar ou enfrentar de forma mais frontal o desmantelamento calculado de toda uma cadeia produtiva? Na conversa estarão Eduardo Valente (cineasta e curador, ex-assessor da Ancine, RJ), Jean-Claude Bernardet (ator, cineasta e crítico, SP) e Luana Melgaço (produtora, MG).
Sob viés mais estético, o debate “Cosmopoéticas contra-hegemônicas”, no dia 30 (quinta-feira), reúne Castiel Vitorino Brasileiro (artista, ES), Clarisse Alvarenga (cineasta e professora, MG) e Janaína Oliveira (pesquisadora e curadora RJ) para discutir o que pode o cinema num país que se assume cada vez mais diverso e conflituoso. A partir de obras, filmes e poéticas atravessados por valores, crenças, vivências e percepções de mundo que constituem o que podemos chamar de cosmovisões ameríndias e da diáspora afroatlântica, o cinema, neste debate, se apresenta como possibilidade de expressão e intervenção de forças disruptivas que desafiam o imaginário do poder que historicamente se constitui como oficial.
O Seminário é ainda espaço para que presenças internacionais dialoguem com o audiovisual do país, o que vai acontecer na mesa “O cinema brasileiro nas telas do mundo”. O grupo de convidados estrangeiros formado por Miguel Valverde (programador, IndieLisboa, Portugal), Nuria Cubas (diretora artística, FILMADRID Festival Internacional de Cinema, Espanha), Paola Buontempo (programadora Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, Argentina) e Roger Koza (crítico e programador Hamburg International Film Festival e Viennale, Argentina) marca presença na Mostra de Tiradentes para conhecer nossa produção contemporânea e relatar experiências, estratégias de seleção e programação de festivais internacionais, ações de cooperação e intercâmbio e o olhar estrangeiro sobre o cinema brasileiro.
A Mostra de Cinema de Tiradentes está consolidada não apenas como espaço de exibição do cinema brasileiro contemporâneo, mas também por ser um dos principais espaços de formação, discussão e reflexão da produção audiovisual no país.
SOBRE A MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
Maior evento dedicado ao cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias nacionais, de longas e curtas – uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.
Trata-se de um programa audiovisual que reúne todas as manifestações da arte numa programação cultural abrangente oferecida gratuitamente ao público que prevê a exibição de mais de 100 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais, mais de 40 sessões de cinema, homenagens, oficinas, debates, seminário, mostrinha de cinema, exposições, lançamento de livros, teatro de rua, shows musicais, performance audiovisual, encontros e diálogos audiovisuais e atrações artísticas.
TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITAMENTE AO PÚBLICO.
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Serviço
23ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES | 24 de janeiro a 1o de fevereiro de 2020
LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA
Patrocínio: ITAÚ, CBMM, PETRA, COPASA, CEMIG, CODEMGE|GOVERNO DE MINAS GERAIS
Parceria Cultural: SESC em Minas
Apoios: SESI FIEMG, CAFÉ 3 CORAÇÕES, MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, INSTITUTO UNIVERSO CULTURAL, OI, DOT, MISTIKA, CTAV, CIA/NAYMAR, CINECOLOR, THE END POST, CANAL BRASIL, REDE GLOBO MINAS, PREFEITURA DE TIRADENTES, POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS.
Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO
SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E TURISMO | GOVERNO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA ESPECIAL DE CULTURA, MINISTÉRIO DA CIDADANIA - GOVERNO FEDERAL|ORDEM E PROGRESSO
LOCAIS DE REALIZAÇÃO DO EVENTO
Centro Cultural Sesiminas Yves Alves
Largo das Fôrras
Largo da Rodoviária
Escola Estadual Basílico da Gama
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