Recuperação da aprendizagem, um processo individual e coletivo
Débora Caldeira Camargos Dourado é coordenadora do ensino fundamental anos finais de 1º ao 5º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília
Já é sabido que as pessoas aprendem de forma e em tempo diferente umas das outras, ainda que o processo de ensino ocorra, em boa parte das escolas, de forma coletiva e linear. Ao longo do ano letivo, na medida em que os conteúdos são ensinados, observa-se que os estudantes não apresentam o mesmo domínio das habilidades requeridas. Ao identificar tal situação, cabe ao professor promover no decorrer das aulas subsequentes a retomada dos conteúdos de modo que o estudante que ainda não havia compreendido tenha condições de assimilar a aprendizagem.
A estratégia de retomada, na maior parte das vezes, requer estratégias e métodos diferenciados dos já aplicados. Considerando essa situação, diversas escolas acreditam que a recuperação processual ou a recuperação paralela podem ser aliadas do processo de aprendizagem, isto significa dizer que ou após a aplicação de um instrumento avaliativo ou de uma etapa avaliativa que compreenda a aplicação de mais de um instrumento, ela oferta o período de recuperação. Entretanto, há escolas que ofertam só a recuperação final que ocorre após o final do ano letivo.
Mais do que discutir a periodicidade da recuperação, as escolas devem ter clareza de que para além da obrigação legal de ofertá-la, o compromisso com a aprendizagem deve ser uma premissa, portanto, deve-se ensinar de modo que os estudantes possam, efetivamente aprender, evitando assim as lacunas de aprendizagem e/ou a ausência de pré-requisitos, e a reprovação.
Por outro lado, as famílias precisam compreender que o processo de aprendizagem perpassa a assimilação de hábitos importantes, tais como a frequência à escola, a pontualidade, a realização das tarefas de casa, a leitura contínua de gêneros diversos, a construção de capital sociocultural que contribua com a ampliação do vocabulário, da leitura de mundo, o respeito à diversidade cultural, e isto se faz quando incentivamos as visitas a museus, a teatros, atividades que permitam o contato com a natureza e que suscitam a curiosidade, a participação em atividades domiciliares que permitam a solução de problemas reais.
É fato que tanto as lacunas de aprendizagens quanto a reprovação impactam nas vidas dos estudantes, das famílias e no trabalho das escolas. Por isso, escolas e famílias devem acompanhar, dialogar e intervir sempre que necessário durante o processo de ensino, em busca da adequação de práticas que colaborem para a real aprendizagem. A boa interação e diálogo da família com a escola possibilita a identificação da(s) dificuldade(s), a tomada de decisão e de ações pontuais com vistas à correção da rota, evitando que o problema aumente.
Por mais absurdo que pareça, ainda há pessoas que só vão se preocupar com a aprendizagem no final do ano letivo, ocasião em que muitas das dificuldades podem ter cristalizado, avolumado e atingido inclusive a autoestima e desejo do estudante de reverter a situação. Portanto, é imprescindível que o acompanhamento da aprendizagem da criança e do adolescente ocorra de forma contínua e com o envolvimento de todos os sujeitos envolvidos: estudante, família e escola.
*O conteúdo do artigo assinado não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.
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