Para reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, o caso George Floyd deixou um legado de consciência sobre o negro na sociedade
Numa avaliação macro, os anos 2020 e 2021 representam, para o professor José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, um período importante para a consolidação cultural e política em torno do tema ESG, traduzido do inglês como Governança Ambiental, Social e Corporativa. Em entrevista exclusiva ao programa “A Hora e a Vez da Pequena Empresa”, que pode ser visto no YouTube, o professor aponta o caso George Floyd, uma abordagem policial desastrosa que resultou na sua morte, como um marco de conscientização e mudanças importantes na sociedade. “O tema passou a ser tratado com seriedade. Antes disso não havia ações do governo nem da iniciativa privada. Hoje, na política e no ambiente corporativo há entendimento da importância e da necessidade em abrir espaço para esta agenda. Existe mobilização, ações e divulgação dos resultados. Atualmente, cerca de 200 empresas valorizam publicamente a diversidade e disponibilizam recursos para ações neste sentido”, conta.
Para Vicente, essa mudança de postura da sociedade pode ser positiva também para ampliar as possibilidades de formação de mão de obra e contribuir para mercado de trabalho como um todo, tão prejudicado nos últimos dois anos. “A pandemia tornou prioridade o isolamento para garantir a sobrevivência. Assim, empregos se perderam e, além disso, as pessoas foram obrigadas a migrar do analógico para o digital num espaço de tempo muito curto. No entanto, a situação mostrou que o acesso à tecnologia no Brasil ainda é bastante limitado, o que refletiu negativamente na educação e qualificação das pessoas”, lamenta. O resultado, segundo ele, foi uma grande exclusão. Muitas pessoas abandonaram o ambiente do ensino superior e quem ficou teve um aprendizado de pouca qualidade. Vicente acredita que levará muito tempo e trabalho intenso para recuperar a defasagem gerada em 2021.
Na política, o professor destaca o desequilíbrio no regime de representação da sociedade. “Somos um país de miscigenados, mas os negros correspondem a 56% dos brasileiros e não há cota semelhante no governo federal, no Congresso ou nos governos estaduais e municipais. Temos apenas um senador negro e 37 deputados federais negros. Nossa democracia está desequilibrada e distorcida, mas esse é um desafio que também entrou na agenda mundial”, conclui.
O que podemos esperar para 2002 na economia?
Indicadores projetados pelo mercado financeiro apontam para um crescimento de 5,03% na inflação, três centésimos acima do limite máximo previsto na meta inflacionária. O economista Otto Nogami explica que o governo não consegue manter a meta inflacionária porque há um desarranjo na relação de demanda e oferta, ou seja, o desejo de consumir é maior do que a capacidade para produzir. Ele ressalta os custos de produção também como uma condicionante importante. “Enquanto a produção de bens intermediários não se normalizar, a economia continuará afetada por meio dos preços”, alerta.
Nogami afirma que a projeção da taxa de juros Selic em 11,5% sinaliza a dificuldade do governo na implementação da sua política monetária para controlar preços na economia. “Isso repercute no PIB, cujas projeções internas indicam retração da atividade econômica entre 0,5% a 1%. O setor agroexportador talvez seja o grande alento não permitindo uma queda mais brusca”, explica.
Em relação à política fiscal, Nogami destaca que a aprovação do orçamento para 2022 e os rearranjos para subsidiar o Auxílio Brasil comprometem os dispêndios a serem realizados pelo governo. Além disso, por ser este um ano eleitoral, teremos um ambiente comprometido e a incerteza dos investidores internacionais no cenário político brasileiro fará com que a taxa de câmbio permaneça em patamar extremamente elevado, afirma o economista.
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