Inovação na Educação: Plataforma mensura o desenvolvimento socioemocional de alunos e professores
Criada por educadores do Programa Semente em parceria com pesquisadores da URFJ, a ferramenta ensina e avalia competências socioemocionais por meio de algoritmos e big data; resultados permitem que professores direcionem a aprendizagem dos alunos, elevando o nível da intencionalidade pedagógica.
A pandemia de Covid-19 tornou mais evidente a importância não apenas de cuidar da saúde mental, mas também de compreendê-la. As chamadas soft skills – que englobam a capacidade de modular medos, tristezas e raivas – já são valorizadas há muito no mercado de trabalho a partir e, para além disso, sabemos que entender como as emoções impactam nosso comportamento no dia a dia é vital para prevenir problemas vinculados, por exemplo, aos transtornos de ansiedade e depressão, ainda mais evidentes durante a pandemia.
Por isso, educadores do Programa Semente, programa de aprendizagem socioemocional utilizado por mais de 50 mil alunos no Brasil, uniram-se a pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para o desenvolvimento de uma ferramenta que permite a adolescentes e adultos conhecer e avaliar suas próprias competências socioemocionais. A Plataforma S promete educar e avaliar as competências socioemocionais, conforme métodos de pesquisa utilizados pela OCDE no Pisa, o Programa internacional de avaliação de estudantes.
“Em primeiro lugar, fizemos uma transposição didática de uma matriz bastante abrangente de competências socioemocionais que está consolidada na pesquisa científica internacional e, em seguida, com a utilização de algoritmos e análises de dados, desenvolvemos um instrumento capaz de dar uma noção balizada de como o usuário se percebe em relação ao grau de desenvolvimento de cada uma das competências socioemocionais presentes na matriz”, afirma Celso Lopes de Souza, psiquiatra e um dos fundadores do Programa Semente.
Entendendo a metodologia
O professor Bruno Damásio, ex-chefe do Departamento de Psicometria da UFRJ, explica que a matriz de competências socioemocionais utilizada na Plataforma S está alinhada aos principais consensos acadêmicos sobre o tema. A matriz é constituída por cinco famílias de competências socioemocionais, que se relacionam à autogestão, à criatividade, à regulação emocional, às relações interpessoais e à capacidade de cooperação.
Cada família é constituída por competências específicas, cuja estrutura imita a tabela periódica dos elementos químicos. O psiquiatra explica, que por exemplo, uma pessoa é considerada resiliente quando consegue superar e aprender com as diversidades. Logo, a resiliência, que é uma competência complexa, pressupõe a combinação de várias competências, como modulação da tristeza, persistência, curiosidade e imaginação criativa.
A partir dessa divisão, a plataforma foi estrutura em módulos, que apresentam cada uma dessas competências e medem como as pessoas veem seu grau de desenvolvimento socioemocional. Além disso, a Plataforma S também recorreu ao uso da Teoria de Resposta ao Item (TRI), a mesma utilizada na prova do Enem, para eliminar eventuais “vícios” nos resultados.
“Com a TRI é possível retirar quaisquer traços de vieses de sexo e idade que poderiam existir para diferentes grupos sociais que fossem utilizar a ferramenta. Dessa forma, conseguimos uniformizar os critérios de avaliação para não haver discrepância ou inconsistência nos resultados”, explica Bruno Damásio.
Plataforma S na prática
Cada um dos módulos da plataforma tem duração de cerca de 20 minutos e inclui breves explicações sobre cada competência socioemocional, bem como um questionário de avaliação psicométrica. Imediatamente, o usuário recebe seus resultados e pode assistir a vídeos de feedback, específicos para seu grau de desenvolvimento socioemocional, num percurso personalizado.
Atualmente, a plataforma possui versões voltadas para alunos do Ensino Fundamental e Médio, além de uma exclusiva para adultos. Celso conta que na versão para adultos, o algoritmo vai recomendando aulas de desenvolvimento socioemocional após cada módulo.
Essas aulas contêm vídeos explicativos, questões de verificação de aprendizado, textos teóricos e sugestões bibliográficas de aprofundamento. Cada usuário terá um percurso formativo que vai sendo construído à medida que a Plataforma vai conhecendo as fortalezas e os pontos que precisam ser desenvolvidos.
Aplicação nas escolas
A plataforma oferece detalhados relatórios de gestão para que as instituições de ensino possam planejar o desenvolvimento socioemocional dos alunos, de acordo com as diretrizes da BNCC. Neles, é possível visualizar informações referentes às competências e às famílias socioemocionais de maneira panorâmica, podendo analisar os resultados de diferentes grupos de alunos, com várias opções de filtros. A partir dos dados, as escolas conseguem ver que competências estão mais desenvolvidas ou menos, o que permite criar estratégias específicas de aprendizagem para cada turma.
Uma das primeiras escolas a utilizar a Plataforma S foi o Colégio Anglo de Ilha Solteira, localizado no estado de São Paulo. Simone Gomes, psicóloga e professora aplicadora do Programa Semente no colégio, comenta que a plataforma promoveu uma verdadeira revolução na comunidade escolar durante o ensino remoto emergencial na pandemia.
“No começo, muitos achavam ser um simples bate-papo, espécie de ‘terapia em grupo’. No entanto, à medida que a comunidade foi entendendo os conceitos e o percursos da plataforma, ela passou a ser uma ferramenta de autoconhecimento para todos”, relata. Ela conta que, em vários momentos, durante o isolamento social, a plataforma contribuiu para identificar problemas emocionais que estavam prejudicando o desempenho acadêmico dos estudantes. Em muitas situações, recorreu-se à família para ajudar a lidar com o problema, envolvendo-a em dinâmicas que pudessem ser benéficas para o desenvolvimento dos estudantes.
Em um mundo em que as transformações do mercado de trabalho e da sociedade mudam de maneira veloz, escolas e famílias precisam correr contra o tempo para garantir um preparo emocional adequado para os desafios que se impõem. Educar crianças, jovens e adultos para se tornarem emocionalmente inteligentes será fundamental para lidar com cenários ainda desconhecidos, típicos de um mundo que a única certeza são as mudanças.
Sobre o Programa Semente – Com uma abordagem moderna e inovadora, o Programa Semente é uma solução completa de formação socioemocional de alunos e educadores em diversas escolas brasileiras. A partir de um material escrito por educadores, médicos e psicólogos, sua metodologia possibilita que sejam trabalhadas questões como sociabilidade, autoconhecimento, autocontrole, empatia e decisões responsáveis, entre outras habilidades, cada vez mais presentes no mundo do trabalho e nas principais avaliações internacionais de educação. Desta forma, o Programa Semente contribui para a alfabetização emocional.
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